domingo, 30 de junho de 2013

As Vantagens do Cinema em Casa

Vejo a média de 2 filmes por dia em DVD. Cinema caseiro tem vantagens imensas que começam com o conforto. Para ir a uma das salas de projeção do shopping perto de onde moro tenho de caminhar pela rua surrealista que tem 2 postes em paralelo numa calçada. Depois os cinemas são excessivamente refrigerados. Creio que os zumbis de “Guerra Mundial Z” ficam conservados nesse gelo que emprega dois compressores por uma pequena área. Depois ainda há deficiência de lâmpada no projetor, enxurrada de trailers de blockbuster e propaganda ruim projetada em datashow. Isso e horários inconvenientes com a espera para se entrar numa sala depois de sessão anterior e limpeza do espaço. É sacal mesmo. Hoje com a facilidade de baixar filme pela internet, com os piratas vendendo barato imagens de boa qualidade, só se lamenta é o apelo pela dublagem, o mal maior de uma plateia preguiçosa que é alimentada, agora, por certos exibidores (um circuito local radicalizou: só exibe filme dublado). Eu me irrito. Não suporto ouvir vozes intrometidas em tipos diversos. E às vezes bendigo uma certa deficiência auditiva que me livra desses desrespeitos ao cinema. Se for comentar o que vi em DVD exagero o espaço do blog. É tanto que me esqueço de um pouco. Não dá para memorizar tudo. Mas há um processo de seleção. Retenho o melhor. E assim vou continuando minha cinemania.

Guerra Entre Vivos e Mortos

Há varias leituras para “Guerra Mundial Z”(World War Z) roteiro de Matthew Michael Canahan e Drew Goddard (e mais 2 colegas) de uma historia de Max Brooks filho do cineasta & comediante Mel Brooks e da atriz (já falecida) Anne Bancroft. Uma das leituras cai na questão ecológica, na destruição da camada de ozônio que envolve a Terra, no desmatamento, no lixo das grandes cidades. Outra pesa na pandemia que possa ocorrer quando surge uma doença bacteriana ou viral que não se pode evitar até porque faltam meios para a produção imediata de vacina. E finalmente um quadro político: com cenas em Jerusalém pinta os israelitas como alvos de zumbis palestinos que os atacam em fúria. Esses zumbis seriam mortos-vivos metafóricos, ou seja, criaturas descerebradas criadas por entidades internacionais. Superficialmente o filme é uma aventura típica de blockbuster (superprodução cinematográfica) com mocinho invulnerável e bandidos de feições deformadas. O mocinho é o agente da ONU interpretado por Brad Pitt que também assina como produtor. Não há um vilão especifico. Os zumbis que atacam os seres vivos, andam mundo afora depois de um certo tempo em que se multiplicam pela contaminação da saliva. Seriam os “bichos papões” se fosse um conto de fadas. Nesse olhar espanta o cuidado da produção com muitos efeitos de CGI (imagens inseridas de computação gráfica) e a edição (montagem estafante de sequencias em que se observam pessoas como formigas atacando o que estiver perto delas e desastres de todos os tipos). Quem vai a cinema como vai a um espetáculo de feira, contentando-se com o que é servido aos olhos sem deixar resíduos no cérebro, pode gostar do programa. Mas, felizmente, a coisa não é aleatória como parece. Não sei se eu vi demais ou se o jovem Brooks quis mesmo formar uma metáfora de um apocalipse fabricado pelo desleixo dos homens. Não quero crer na leitura que simplifica o conflito na Palestina entre judeus e árabes como uma nação moderna subjugando “quem morreu e não sabe”. É terrível pensar desse jeito, mas, infelizmente, há brechas para isso. Pitt disse que fez o filme, dirigido pelo amigo dele Marc Forster, para as suas crianças. Ele cria muitas com a sua mulher, Angelina Jolie. Por sinal o herói da historia tem duas filhas, toma conta de um menino latino, devota grande afeição pela esposa, e sempre está pensando na família. Esse modo de pintar o personagem o torna simpático ao publico. Não seria de outra forma um tipo criado para Brad Pitt, galã do cinema industrial moderno. Mas se ele chega a se contaminar com uma doença curável para afugentar os mortos que andam (e no caso sugere que os incuráveis respeitam quem está doente e repelem quem é são) o esforço do modo como é mostrado é mais um motivo de se estruturar um super-homem americano. Claro que ele vai terminar a aventura abraçando os seus. Mas quem morreu morre de novo. Lembrei de uma frase de Rachel de Queiroz em “O Cangaceiro”(1953) filme de Lima Barreto: “-Tu vai matar o defunto cabra da peste?”. Neste “Guerra Mundial Z”é isso aí.

sábado, 8 de junho de 2013

Shyamalan Depois da Estréia

M. Night Shyamalan começou bem a sua carreira de diretor. “De Olhos Abertos”(Wide Awake/1982), “O Sexto Sentido”(The Sixty Sense/1999) e “De Corpo Fechado”(Unbreakable/2000) davam ao jovem indiano (hoje ele conta 43 anos) a promessa de um autor(escreveu todos os roteiros). Mas a partir de “Sinais”(2001) começou a fazer besteira. E se teve uma boa ideia em “A Vila”(The Village 2004) afundou feio nos seguintes “A Dama na Água”, “Fim dos Tempos” e “O Mestre do Ar”. Agora, com “Depois da Terra”(After Earth) não dá sinais de melhora Bom artesanato não sustenta uma historia boba que enaltece a amizade entre pai e filho- não à toa Will Smith e seu primogênito Jaden. Se a ideia foi realçar justamente isso, o amor paterno, faltou o poético de “De Olhos Abertos” onde um menino, depois da morte de seu pai, procura (e acha) Deus. Aqui, na aventura interplanetária, a Terra é um inferno por onde anda o astronauta Jaden em busca de uma peça que salva a nave do pai. O adolescente vira uma espécie de Bomba, o filho de Tarzan, e os perigos que ele enfrenta esticam a metragem subtraindo o valor da missão que é não só salvar o genitor como demonstrar que ele é corajoso “e digno de ser um oficial da armada doutro planeta”. “Depois da Terra”, ou depois do melhor de Shyamalan, seria divertido simplesmente se fosse um filme B de um cineasta C. Não é nada disso. Salvam-se a direção de arte e a edição.