segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Jackie

                Jackie Kennedy chegou a ser Onassis antes de morrer. O filme sobre ela detalhando seu papel no funeral do marido-presidente(John Fitzgerald Kennedy), não vai adiante na sua vida para alcançar a viúva que tentou manter status com um milionário grego de idade capaz de ser seu pai. Mas o roteiro do filme que ora concorre ao Oscar (principalmente na categoria de atriz),é pródigo na feição documental, mostrando como a jovem esposa enfrentou o assassinato do marido e a saída da Casa Branca que ela decorou com muito empenho.

                Impressionante o desempenho de Natalie Portman. Ela e Isabelle Huppert(por “Elle”) concorrem palmo a palmo ao premio máximo da categoria de atriz principal. Elas representam  o pouco que se leva a sério na nova corrida do senhor Oscar. A edição chega a mesclar planos reais com a fantasia. Outro prodígio que deve ser levado em conta. Pode-se dizer que o filme dirigido pelo chileno Pablo Larrain, é insuficiente na estruturação da personagem, mas o roteiro de Noah Oppenheim prefere ser documental(só o momento do enterro de JFK). E nesse ponto é intocável. E Natalie chega a ser até fisicamente parecida com Jacqueline, ou Jackie.  Oxalá o filme chegue ás telas comerciais de Belém, hoje, em plena época de Oscar,preferindo abrir espaço para vidas de cachorro...

domingo, 29 de janeiro de 2017

Lembrando Agostinho

Agostinho Barros, que eu conheci quando usava o sobrenome Barbosa da Silva, gostava de brincar com cinema. Começava com nomes de atores. James Cagney,por exemplo, ele chamava de "Jáme caguei". Mas eu às vezes entrava na piada. Um de seus "poemas" por exemplo, era: "-Eu dei um beijo no sovaco de uma velha, enchei a boca de pele deu vontade de eu vomitar.Por isso é que chamam gororoba já comi pirão de cobra com farofa de embuá". Eu "corrigi"para se declamar em roda elegante: "-Eu osculei a axila de uma idosa, enchei a boca de faneros deu-me impeto de regurgitar:por este motivo é que me chamam coquetel já ingeri soufflé de ofídio com farofa de miriápodes".
Sao muitas as piadas do Agostinho. Fazia rir os colegas do Colégio Moderno e meus familiares. Foi um verdadeiro padrinho de meu casamento. Ajudou muito o tímido estudante de medicina enfrentar obstáculos como visitar a namorada no interior do Estado viajando de avião. Ao meu medo respondia com uma anedota. Um exemplo de alegria que se foi agora certamente pedindo pata a gente não ficar triste, OK Agostinho, vou tentar não ficar.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Até o Último Homem

“Até o Ultimo Homem”(Haksaw Ridge) reabilita Mel Gibson no mundo capitalista que maneja o cinema americano. Com roteiro de Robert Schenkkan e Andrews Knight segue a trajetória real de Desmond T.Doss(interpretado por Andrew Garfield), membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, filho de pai veterano de guerra e mãe pacifica, que é incentivado a ser convocado para participar da Primeira Guerra Mundial como ajudante de médico. A condição é não usar rifle em nenhum momento, mesmo no campo de batalha.A meta é ajudar quem precisa.
         Gibson gosta de sequencias de violência (quem esqueceu “A Paixão de Cristo”?) e exibe muitas imagens de batalhas com todos os recursos que tem direito. Bons atores e boa montagem ajudam uma direção de arte que recria um conflito antigo. Mas há pouca substancia para enquadrar o jovem pacifista no seu programa de fé. Um jogo fatal de comportamento é escondido na amostragem de amigos de Desmond feridos e ele fazendo o possível para salvá-los. Parece não  haver tempo de se questionar o que ele faz e substancialmente por que faz.
         Certamente o roteiro não é destinado a liames introspectivos. O que interessa é um estranho religioso num ninho de violência. Com o cuidado de não fazer disso um sermão.
         Limitado, portanto, a um espetáculo bem conduzido, “Até o Ultimo Homem” dá o que a indústria pede de um cineasta (e ator)considerado capaz mas vulnerável a filmes ruins e coroando isso a cobertura da imprensa a assuntos particulares como um divorcio prolongado e caro(com a mãe de seus 7 filhos) e um flagrante de embriaguez na direção de um veiculo. Nascido nos EUA mas criado na Austrália, Gibson foi até o Mad Max preferido de George Miller. Com o novo trabalho para um grande estúdio e indicações ao Oscar, ganha alento. Não é o seu melhor trabalho como diretor, mas é filme acima da média que sai da fabrica de blockbuster.  


Desmond T. Doss (Andrew Garfield) é filho de um ex-combatente (Hugo Weaving), que o incentivava, assim como a seu unico irmão, a seguir seu caminho incentivar conflitos entre Doss e seu irmão e de violentar a sua esposa Bertha (Rachel Griffiths). A razão de sua bondade vem por corresponder aos preceitos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que, acima de tudo, sempre se negou ao incentivo do combate entre homens. Pois a provação de Doss vem justamente a de rejeitar o uso de armas ao se alistar para ser um socorrista na Segunda Guerra Mundial, função que somente poderá exercer armado

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

La la Land

“La la Land:Cantando Estações”(La la Land) está sendo cultuado por um publico jovem e depois de ganhar o Globo de Ouro da categoria musical deve seguir em busca do Oscar com a mesma fome. Minha opinião fatalmente leva a lembrar os musicais considerados clássicos e comparar negativamente o trabalho do diretor-roteirista Damien Chazelle hoje  com 32 anos e apenas 2 créditos anteriores no longa-metragem, especialmente “Whiplash, Em Busca da Perfeição”. Obvio que seria uma comparação injusta, mas logo na primeira sequencia de “La la land” vê-se um engarrafamento numa estrada e os passageiros e motoristas dos carros parados saindo de seus veículos para cantar e dançar. Um momento típico de musicais como “Fama”(os estudantes dançando na rua) . Dá para pensar que o roteiro vai ser exclusivo dos espetáculos off-Broadway e todo mundo falar cantando como nas operetas da Metro. Mas não. Há um romance, e este romance pede licença para a musica como fazia Fred Astaire e Gene Kelly sem, naturalmente, pesar o quanto o casal Ryan Goslin(Sebastian) e Emma Stone(Mia) podem seguir seus modelos (ela foi a Sophie do pior filme de Woody Allen, “Magia ao Luar”/Magic in the Moonlight).
                Há uma historia tênue e números musicais nem sempre inspirados e bem colocados nos espaços de enredo. Um desses números, até pelo “décor”, lembra Astaire e Leslie Caron em “Papai Pernilongo”(Daddy long legs/1955). O fundo azul e os dançarinos mostrando seus passos é típico. Alias, é impossível tratar musical americano sem lembrar um tesouro que se fez especialmente nas décadas de 1950/60. Foi pensando nessas joias que me deleitaram tanto que achei que devia sentir o mesmo com “La la Land”. Mas não há clima, não há interpretes geniais nem novas peças de musica & dança. Eu vi o filme numa 2ª,feira e na semana seguinte já havia esquecido um bocado. Não compreendo a fascinação atual, com pessoas que amaram os encontros do pianista com a dançarina e um desencontro como uma nota perdida numa sinfonia sem amor.
                O filme só tem uma vantagem: deixa que se corra na prateleira de vídeo, ou num site especifico e reveja os musicais da velha Hollywood. Saudades palpáveis de Gene Kelly, Astaire, Caron, e agora mais ainda de Debbie Reynolds que dançou na chuva de Kelly & Stanley Donen, ela que se foi atrás da filha no final de 2016 .

                Sim, “La la Land” é um estimulo para a volta dos musicais. Isso é vantagem. Hiato nas invasões alienígenas, nos super-heróis, nos terroristas, no cinema vazio que solta-se com milhões de dólares e apela para quem é viciado em videogame. Por esse trunfo arrisco uma segunda visão.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Assassins

No meu tempo de garoto os seriados que se projetavam entre dois filmes C, ganhavam fãs na medida em que exibiam pancadaria. Tudo bem que os chapéus dos contendores não caíssem das cabeças. Bolas para a realidade: valia a coreografia das lutas e a meninada costumava dizer: “É bom porque tem porrada”. Isto me voltou à memoria quando vi este incrível “Assassin’s Creed” que os exibidores lançaram nas suas salas de shopping pensando em faturar muito.O roteiro, baseado em videogame (que eu desconheço) trata de uma quadrilha que guardava a maçã do Eden, aquela que Eva comeu e deu para Adão. Segundo essa turma, chamada de “assassinos”(e vem a etimologia da palavra), tem pela frente os Templários, aqueles que o espectador de cinema comercial conhece das historias de Dan Brown(a partir de “Código DaVinci”). Segundo este enredo, a maçã traz a”mola” do livre arbítrio e sem ela o homem mostrou valentia, ou violência.
                O filme dirigido por Justin Kurzel (que eu desconhecia), é produzido com muita grana, tem no elenco astros como Jeremy Irons, Marion Cottilard, e Michael Fassbender,mas é tão ruim que mete pena. Os atores pensando no salario caricaturaram tipos que não poderiam ser mostrado de outra forma.

                Sim, tem porrada. Ridículas cenas de briga em espaços modernosos a lembrar os de vilões de Superman ou Batman quando ainda eram vistos por aqui como Super Homem e Homem Morcego. Pode ser que os novos  gostem. Ainda bem que não vi a coisa numa sala gelada de um dos apêndices de shopping....

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Belém 401

 Nasci em Belém. Por sinal que fui um ovulo concebido na ilha do Mosqueiro que até hoje é Belém. Cresci, estudei, casei,tudo na capital do Pará. Dois prédios onde estudei persistem com poucas mudanças: o Colégio Moderno e a Faculdade de Medicina. A minha rua é que passou de São Jeronimo a Governador José Malcher, homenagem que sempre me pareceu usurpadora. Minha diversão preferida, ou minha arte querida, sofreu mutações estéticas não só na sua constituição. Nas ruas deixou uma Cinelândia em Nazaré, cedeu as casas edificadas para projeções por espaços de shopping, ou detalhe de conjunto de lojas. Mas aumentou o “cinema em casa”, das películas de 16mm (ou 8mm) para os vídeos que de estojos(VHS) passaram a discos(além de TV por assinatura). Nesse compasso eu tenho vez na mordomia do “cinema em casa”. Muito para quem tentou a mesma coisa com artefatos pesados em uma garagem onde projetava películas.
Hoje vejo Belém somar 401 anos. Do tempo em que via o edifício Manoel Pinto da Silva como “arranha ceu”, conto,do apartamento onde moro, mais de 50 prédios no ângulo visual. A vida violenta botou grades nas casas e bandidos fora. E houve quem passasse a morar em “poleiros”, prezando tranquilidade. A cidade cresce para cima. Mas ainda a vejo como o meu berço, o lugar que se edificou dentro de fora de minha memoria.

Parabéns Belém.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Melhores filmes dos leitores dde Luzia

1° - Aquarius (Kléber Mendonça Filho) – 96 pts
2° - A Chegada (Dennis Villeneuve) – 67 pts
3° - Café Society (Woody Allen) – 44 pts.
4º. 45 anos(Andre Haigh) – 39 pts
5º  TRUMAN, de Cesc Gay – 35 pts
6º O CLUBE, de Pablo Larraín – 33 pts
7º - CAROL (Todd Haynes) – 32 pts
8º A BRUXA, de Robert Eggers – 30 pts.
9º Agnus Dei(Anne Fontaine) – 29 pts
10 º  O FILHO DE SAUL, de László Nemes – 28 pts.






O Que Está Por Vir

                São muitos os filmes que tentam mostrar a mulher madura em crise existencial, seja pela descoberta da infidelidade do marido, seja pelo emprego perdido, seja pelo cuidado nem sempre retribuído por filhos maduros. Mas este “O Que Está por Vir”(L’Avenir) de Mia Hansen Love com Isabelle Huppert, salta bem as barreiras melodramática tão caras, no passado, a cineastas como Douglas Sirk, conseguindo sem sair de uma narrativa linear, dar a dimensão exata da sua heroína, a professora de filosofia chamada Nathalie, sem precisar do hermetismo de autores adorados pelos críticos.
                O filme consegue emocionar quase todas as plateias (há esnobes que o rejeitarão). E é mais um triunfo de Huppert, feito um ano antes de “Elle”(de Paul Vehoven)por onde ela ganhou o Globo de Ouro deste ano. A atriz consegue dar a dimensão necessária a fixar o drama de sua personagem. E o filme, com roteiro sábio da diretora, não encerra com meios artificiosos de arranjar as coisas. Nem apela para o grand finale. Há prudentes reticencias a dimensionar o enredo. E nunca é demais focar Isabelle demonstrando tristeza, alegria ou fingimento. Não é toda atriz que consegue isso.

                Um belo filme a ser visto já pois deve figurar entre os melhores do ano que ora começa.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A Qualquer Preço

                “A Qualquer Preço”(Hell or High Water) é um western moderno. Os bandidos são os mocinhos e o mocinho tradiconal é um xerife rancoroso que persegue irmãos bandoleiros que lutam para manter a possa do rancho da família.  Vendo o filme o espectador fica torcendo pelos manos fora da lei embora saiba que o roteiro de Taylor Sheridan não vai poupar pelo menos um deles.
                O diretor David Mackenzie é um escocês com 21 prêmios internacionais e por aqui só conhecido por “Paixão sem Limites” (Asylum) e “ Sentidos do Amor”(Perfect Sense). Ele consegue excelentes desempenhos de Ben Foster e Chris Pine (os irmãos), mas dá uma das maiores chances ao veterano Jeff Bridges, este ano candidato  a Globo de Ouro e possivelmente ao Oscar de coadjuvante. Ele faz o xerife Marcus Hamilton, um aposentado que mesmo assim  persegue os irmãos criminosos como uma questão pessoal.
                No novo western carros substituem as diligencias mas as balas soltam-se da mesma forma que antes e o rancor preside a ação. No fundo é a luta pela propriedade, o amor à terra natal, a feição menos justificada de justiça (eu lembrei do apartamento que a idosa pernambucana luta para manter na sua herança em “Aquarius”).
                Um filme dinâmico, bem feito, com admirável cor local, que foi feito por produtores independentes e, segundo se diz, em poucos dias. Chegar por aqui deve ser um desses milagres que só cabem na faixa de prêmios de Hollywood. Se estrear, aproveitem.

                Em tempo: Martin Scorsese e Ridley Scott, dois veteranos respeitados, disseram este fim de ano que o cinema de vulto que se via no passado não existe mais. Partindo deles é um tiro nos heróis da Marvel. E eu penso que é por isso que tenho ido pouco a cinema comercial.