sábado, 24 de dezembro de 2011

Melhores do Cinema em 2011

Meus melhores filmes do ano 2011:

1-A ÁRVORE DA VIDA

2-EM UM MUNDO MELHOR

3-A FITA BRANCA

4-O DISCURSO DO REI

5-INVERNO DA ALMA

6-CÓPIA FIEL

7-HOMENS E DEUSES

8-RANGO

9- MEIA NOITE EM PARIS

10-CONTRA O TEMPO



Ator-COLIN FIRTH (O Discurso do Rei)

Atriz- JENNIFER LAWRENCE (Inverno da Alma)

Ator coadjuvante- CHRISTIAN BALE (O Vencedor)

Atriz coadjuvante- CHARLOTTE GAISBOURG (Melancholia)

Diretor-TERRENCE MALICK (A Arvore da Vida)

Roteiro original- Bem Ripley (Contra o Tempo)

Roteiro adaptado- Debra Granik e Anne Roselini (Inverno da Alma)

Fotografia- Johanne Debas e Darius Kondji (Meia Noite em Paris)

Música (Trilha sonora)- Stephane Wrembel (Meia Noite em Paris)

Edição- Robert Duffy e Chris Lebenzon (Incontrolável)

Som- Mark Stoeckinger (Incontrolável)

Figurino-Jenny Beavan(O Discurso do Rei)

Efeitos Visuais- Equipe de “Além da Vida”





Melhores Filmes da ACCPA

1) "A Árvore da Vida" de Terrence Mallick

2) "Melancholia" de Lars Von Trier

3) Meia Noite em Paris" de Woody Allen

4) "A Fita Branca" de Michael Haneke

5)"Cópia Fiel" de Abbas Kiarostami

6) "Cisne Negro" de Darren Aronofsky

7) "Em Um Mundo Melhor" de Sussane Bier

8) "Filme Socialismo" de Jean-Luc Godard

9) Tio Boonmee que pode Recordar suas Vidas Passadas" de Apichatpong Weerasethakul

10) "A Pele que Habito" de Pedro Almodóvar

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Dermatologica

O personagem de Antonio Banderas em “A Pele que Habito” de Pedro Almodóvar já foi chamado de Frankenstein erótico. Procede. Quando ele tenta transar com uma “criatura” que ele moldou a partir de um macho é como se o dr. Victor Frankenstein de Mary Shelley tentasse de produzir ereção no pobre diabo que ele moldou como um mosaico. Aliás, mosaico é o tipo de narrativa do filme do espanhol mais conhecido na área de cineastas atualmente. Passa-se do presente (que é 2012) a 6 anos antes e volta-se para mais adiante no tempo com simples legendas pontuando a ação. Esse comodismo quebra o orgulho dos novos que brincam com o calendário narrativo. “A Pele....” é linear, é uma pele de bumbum de nenê. O filme conta o que quer do modo mais fácil possível, mas, mesmo assim, deixa furos. Não conto para não desmanchar prazer de quem vai ver.
Bem, com “A Pele...”os filmes importantes do ano realmente acabam. O novo “Missão Impossível”é coerente:impossível mesmo. E a noite de ano novo de Garry Marshall é presente boomerang, ou seja, para ele mesmo que vai ganhar dinheiro dos ingressos vendidos.
A todos os meus leitores um Natal realmente feliz.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ano Velho

“Vespera de Ano Novo”(New Year’s Eve) é mais um filme colado na meia-noite de 31 de dezembro. O veterano diretor Garry Marshall (77) gostou (em $$ é claro) de seu “Idas e Vindas do Amor”(St Valentine’s Day)e bisou a formula. Muitas personagens, interpretadas por estrelas de Hollywood, são focalizadas em esquetes clichês e se acham no fim. Nada nesse achado é supreendente. E no caso atual o que mais o público quer ver é uma bola gigante, bem iluminada e multicolorida, cair sobre a grande platéia do Times Square (NY). Para injetar suspense, a bola está com um fusível queimado, prende na subida, e a encarregada do show, interpretada por Hilary Swank deposita esperança e emprego num velho eletricista que ela própria tinha despedido.
No tempo do star-system o filme seria uma festa. Hoje é o que é: uma feérica banalidade. Tudo o que acontece nas vinhetas que se vê é o que muito já se viu em telas grandes e pequenas. E o final feliz em plano aberto é um voto de “bom ano novo”do cineasta de “Uma Linda Mulher”. Ele chegou a usar detalhes com o numero 2012 na festa de entrada de 2011. Ou gastou dólares da Warner que, enfim, estão se pagando posto que o filme encabeçou a lista da semana nas bilheterias norte-americanas, desbancando o incrível “Amanhecer”.
Abacaxi por abacaxi este réveillon mesmeiro é menos ruim do que vampiros galantes e tantas baboseiras de efeitos digitais acurados. Pelo menos dá para ver que fim levou Michelle Pfeiffer, ainda bonitona (foi uma das deusas das telas nos 70).
Ah sim: Robert de Niro faz cara de moribundo. Convence. Vai ver que viu o filme antes de adoecer.
Por curiosidade lembro de filmes que trataram da entrada de ano: “Tarde Demais Para Esquecer”, “O Último Encontro”, “Em Busca do Ouro”e”O Destino se Repete”. Claro que tem muito mais...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fossa Astronomica

O filme “Melancholia” de Lars Von Trier prega um fim de mundo. Não é simplesmente a destruição do planeta como viu George Pal & Rudolph Maté em “When Worlds Collide”(aqui “O Fim do Mundo”/1951) nem outro “filme catástrofe” como “Impacto Profundo”(Deep Impact/1998) de Mimi Leder. É mais o que viu Antonioni em “Eclipse”(L’Eclisse/1962). O mundo acaba primeiro no plano individual, ou seja,para as pessoas que vêem a vida desabar.
Mas o filme do dinamarquês não é só a fossa da personagem vivida por Kristen Dunst, chamada Justine. A sua noiva surge na tela já melancólica, e por se vidrar no astro que se aproxima da Terra, chamado Melancholia, afina uma similitude não apenas astronomica.
Não sei se coube ao cineasta mas Justine é uma das mais notáveis mulheres imaginadas por Sade, o marquês. Em “Justine ou les Malheurs de la Vertu” ele mostrou a mulher insatisfeita com o sexo – e por isso buscando-o por fora dos padrões sociais vigentes como forma de se realizar. Nesse quadro, e eu não arrisco chamar de patologia, cabe a mocinha que se casa com luxo, dança, admira sua veste branca, mas deixa o marido só, na alcova, e vai fazer sexo com um convidado em campo aberto. Além disso, Justine não mais compactua com a irmã em troca de segredos intimos. Esta irmã, Claire, é mais padrão burguês, mulher “bem casada”e com um filho menor, afinal quem deve sentir o desastre sideral que se aproxima.
Pode-se traduzir o filme como o casamento, mais real do que o mostrado no segundo dos 3 capitulos a que se entrega a narrativa,do micro com o macrocosmo na constatação de um vazio interior, de uma catástrofe emotiva antes da fisica.
Formalmente é mais comportado do que o padrão do diretor . Só ha ranço do seu estilo a que chamou de Dogma na preferencia pelas tomadas sempre manuais. Lembrei do esforço que a gente fazia no cinema amador de sustentar com a mão direita uma objetiva pequena, temendo o tremor natural do corpo. Trier quer que se veja o tremor. E neste caso ele compactua com o nervosismo do assunto.
Mas se o filme é lógico, explica-se com razões que a razão bem conhece, ele está longe de ser uma criação de esmero, um quadro que privilegia a exposição de reações do mundo moderno. Quem não sente no transito, por exemplo, um fim de mundo? E quantos casais não se afinam na cama ou na casa, na conversa ou na rua, na familia ou na solidão a dois ? Antonioni trabalhou anos nisso aí. E eu não morro de amores pelos filmes dele. Muito menos da fase de Von Trier pós-“Europa”(o seu bom trabalho inicial e acadêmico). Sentindo assim até que me surpreendi apreciando “Melancholia”. Foi um passo à frente. Em Cannes quase pifa com o discurso pró-nazismo que o irriquieto cineasta proferiu em tom de piada. Mesmo assim, o festival francês honrou o esforço de miss Dunst. Dentre as damas da fossa prefiro ela à Monica Vitti de “Deserto Vermelho”.


Justine ou les Malheurs de la vertu) é um clássico das histórias eróticas escrito pelo Marquês de Sade.