Quando eu exibi em casa,no meu Cine
Bandeirante, a copia 16mm de “Não Matarás!” filme de Ernst Lubitsch, fiquei
comovido com o que vi. O drama de um soldado francês que depois da I Guerra
Mundial resolve ia à Berlim pedir desculpas aos pais de um soldado alemão que
ele matou durante o conflito. O interprete do pai do soldado morto era Lionel
Barrymore. O filme vinha de um texto de Reginald Berkeley e a produção era de
1932. Hoje eu vejo a nova versão, “Frantz” do cineasta francês François Ozon.
Quase o mesmo argumento, recebendo tratamento no roteiro do diretor e de
Philippe Piazzo. Só que Ozon estica a historia e se vê o soldado francês como
um homem noivo em sua terra, longe de corresponder ao amor que lhe passa a
dedicar a namorada do alemão que matou. Em “Frantz” há sequencias da jovem que
chorara a morte do amado e já estava
aceitando o francês como novo amor, procurando o rapaz em Paris e deparando-se
com uma realidade que preferira esquecer.
Também
o nome do soldado morto que dá titulo ao novo filme é outro na versão de
Libitsch:chama-se Walter. E o ultimo plano é dos velhos pais dele abraçados e
emocionados com um numero de violino e piano executado pelo visitante que
jamais diz a eles ser o assassino de seu filho, e da filha que perdoa o crime
de guerra.
Os
dois filmes possuem qualidades estéticas distintas. Em Libitsch a iluminação expressionista
ajuda na ênfase do drama relatado. Mas Ozon usa a cor nos momentos em que se
evoca Frantz, especialmente quando é personagem de um falso relato de seu
assassino(se é que se chamava assim o atuante em guerra).
A
historia visa a dimensão maravilhosa do perdão. Foi difícil os alemães
aceitarem os antagonistas no conflito de 1914-18. Até porque a Alemanha perdeu territórios,
ganhou uma hiperinflação, acabou ladeando para um governo tirânico que levaria
o país a um conflito maior.
Os
dois filmes são marcantes. E o de Ozon ganha a difícil tarefa de voltar a um
assunto que deu margem a um clássico do inicio do cinema falado.