sexta-feira, 28 de julho de 2017

Dunkirk

 O cinema já havia abordado a Retirada de Dunquerque , especialmente no filme de 1958 dirigido por Leslie Norman com Richard Attenborough, John Mills e Bernard Lee.Mas a lembrança que eu tenho desse filme foge diante da maestria de Christopher Nolan no seu “Dunkirk” que felizmente chegou aos nossos cinemas.
                Nolan gastou milhões na recriação do episódio da 2ª.Guerra quando militares ingleses e franceses (principalmente ingleses) saíram de Dunquerque rumo à Inglaterra quando os alemães estavam às portas. Esta operação pedida por Churchill indicou para alguns, na época(1940) uma derrota. Mas foi o modo de evitar que Hitler invadisse Londres(como acabou fazendo com Paris).
                O filme é detalhado na reconstituição dos fatos. Multidão de figurantes fazem os soldados que tentavam desesperadamente fugir do fogo alemão, já evidente, apegando-se a barcos particulares que muito ajudaram na escapada. Em detalhes poucos personagens, e no caso a ficção auxilia a composição de um quadro histórico.
                Poucos filmes de guerra são tão minuciosos. Nolan dilui a “patriotada” comum no gênero quando feito na velha Hollywood(e mesmo por Pinewood) e chega a dar suspense no modo como enquadra a resistência dos rapazes que tentavam de todas as maneiras escapar dos panzer germânicos que já se faziam ouvir. Também se observa o papel da RAF, com os poucos pilotos ingleses combatendo os aviões nazistas que bombardeavam os fugitivos. Nesse quadro há até uma sequencia emocionante: a do piloto que vê seu aparelho ficar sem combustível e mesmo planando conseguir salvar soldados fugitivos e pousar na praia. Tambem o aeronauta que ao cair no mar não consegue abrir sua cabine e é salvo por um barco pesqueiro.

                O filme foi aplaudido na sessão em que eu estive. E a sala estava lotada, com poltronas tomadas até na primeira fila. Raridade em estado de graça. “Dunkirk”é a obra-prima do diretor de “Interestelar” e há quem o veja como candidato ao próximo Oscar. Nada mais aplaudível.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Franceses

“Outsider” de Christophe Barratier é mais um filme sobre golpes econômicos. O foco é a bolsa francesa onde um jovem funcionário consegue captar 1 bi e meio de euros e estremece o mercado quando há uma queda nas vendas.
É o tipo do filme para economistas. Quem desconhece as manhas da profissão vai sair sobrando do cinema. Mas a narrativa é dinâmica e o desempenho dos atores muito bom, especialmente de Arthur Dupont que faz Jerome, o novato esperto. O filme está no Olympia em distribuição da Cinemateca Francesa e vai ser sucedido por “Boybuilder”, da mesma fonte distribuidora, este dirigido por Roschid Zem e focalizando halterofilistas que se preparam para um concurso de preparo físico, no caso especial atenção pelo idoso(mais de 50 anos) que se vê às voltas com dois filhos, especialmente o mais novo que já tem entrada na policia.
                Nada de memorável mas esmero artesanal que gera a impressão de documentário. No caso de “Boybuilder” que se pode traduzir como “Físico construído” está um prologo com Arnold Schwarzenegger o ícone do gênero.
               


terça-feira, 25 de julho de 2017

Mulher Maravilha

Filhas de Hipólita com Zeus ou criada a partir de uma estatua Diana, desde criança, sabia lutar e defender as mulheres da ilha Paraiso onde sempre morou. Essa trama surgiu em quadrinhos por volta de 1941. Chegou à DC Comics e hoje faz parte do elenco de super-heróis da empresa ao lado de Superman e Batman. Claro que viraria filme. E deu este que passou mais de mês em cartaz na nossa Belém e mundo afora já faturou US$1 bi, ganhando alguns de seus colegas de tela grande. A direção soube a californiana Patty Jenkins e o roteiro apoiado em Zack Snider.               
                O filme é mais um espetáculo de ação feito pelos atuais estúdios de cinema americano visando a plateia juvenil. No caso é uma licença feminina aos espetáculos dos colegas machões. E se é bem administrado não deixa nenhum subsidio além do que se viu nos gibis. Quem pensava que amazona era raça brasileira vai aprendendo grego. Mas em termos de cinema recebe licenças como um flerte da deusa lutadora com um piloto de avião perdido durante a guerra(a 2ª. mundial). Nada que implique num romance entre cenas de lutas. É mesmo um parêntesis para dar mais chance comercial ao produto (e as femeas, no caso, não são apenas as que vivem bem obrigado na ilha onde nasceu e vive a heroína).

                Cinema comercial de hoje é isso mesmo. Quando eu era garotinho esperava filme dos heróis da HQ com certa ansiedade. Vinham em seriados modestos. Hoje, os afortunados netos recebem essa gente em telas grandes, 3D e CGI à vontade. É o cinema de  feira, de nada mais que diversão inconsequente. Pensando desse jeito vale olhar a Mulher Maravilha. E já vem uma sequencia da mesma diretora.... 

sábado, 22 de julho de 2017

De Canção em Cansaço

              Há filmes em que o diretor-roteirista deve apresentar pessoalmente ao publico para explicar o que ele quis dizer. Ou mostrar. O caso deste “De Canção em Canção”(Song to Song) de Terrence Malick. O que eu vi foram planos desconexos de Rooney Mara se esfregando em Michael Fassbender e Ryan Gosling alternados por paisagens de Austin(Texas), o local das filmagens. Rooney controlaria os dois mas ainda há espaço, da parte de um deles, para um esfregaço com Natalie Portman e até Cate Blanchett. Não sei quem deseja quem ou mantenha um romance com quem ao som de um repertorio musical que eu só penso ser musica pelo cuidado da legenda em especificar que é isso.
                O filme cobra duas horas de folia formal sem dizer a que veio porque não possui uma historia. É uma pretensa folia amorosa que nem se dá ao luxo de dizer o que fazem as personagens na vida boa que levam.
                Não gosto desse tipo de cinema experimental. Detesto Godard e seus acólitos. Terrence Malick que já fez excelentes filmes, cai nesse tom. Faz cinema de festival e isso quer dizer filme para publico que  adora decifrar charadas cinematográficas elogiando detalhes que escapam a sensibilidade dos pobres mortais da plateia (eu no grupo).

                “Song to Song” pode até chamar a atenção dos que aplaudiram musicais modernos como “La La Land”. Mas eles tinham um fio de meada sustentando acordes. Aqui, na farra de Malick, nada se sustenta. São planos manuais independentes  montados de forma acronologica  . Eu sinceramente não entendi o que vi. Nem senti, exceto que estava perdendo tempo. Saco!

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Ficção e Realidade

                Quem gosta de ficção cientifica deve comprar a coleção de dvd com a série “Cosmos” de Carl Sagan. Esta série chegou até nós no fim do século passado e quem viu alguns episódios na TV, como eu, admirou a facilidade com que o apresentador (e autor do argumento) via a astronomia e a física de um modo geral, mostrando como a gente é pequena no universo, como se substancia o pensamento dele (“eu não quero crer, eu quero entender”).
                Se a ciência ganha espaço popular em “Cosmos” alguns filmes de sci-fi aborrecem como este “Paralisia” que anda por aí em dvd copiado da faixa Netflix. Ali uma viagem no tempo leva pessoas do futuro ao nosso ano para tentar abortar uma guerra nuclear que diminuirá sobremodo a população da Terra. Este assunto já foi muitas vezes abordado mas desta vez, com os viajantes no tempo tomando corpos de pessoas atuais, perde-se na absoluta falta de senso do argumento, abrindo furos por todos os lados no contraste de épocas (ou o quanto se pode influir no futuro alterando o passado.
                Nem vale a pena decorar nomes de autores (e atores). Tudo é ruim.
                Melhor em DVD é “Ninguém Deseja a Noite”(Nadie Quiere la Noche), biografia fantasiada da mulher do explorador do polo norte, Robert Peary, chamada Josephine, dama da classe média alta americana que se mete no gelo em busca do marido que pretende fincar a bandeira do país no teto do mundo. O filme escrito pelo espanhol  Miguel Barros e dirigido pela catalã Isabel Coixet tem em Juliette Binoche e na fotografia de Jean Claude Larrieux o seu amparo. Também se salienta a jovem japonesa Rinko Kikushi que faz a esquimó Allaka, amiga de Josephine a mãe de um filho possivelmente deixado em seu ventre pelo explorador Robert.
A “cor local” está presente e a narrativa consegue driblar a monotonia de uma unidade de lugar. O filme não chegou aos cinemas locais, o que não é de espantar.           

                                

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Z, A Cidade Perdida

                O filme “Z, A Cidade Perdida”(The Lost City of Z/ Ingl.2016) passou correndo pelos circuitos de shopping existentes em Belém. E o curioso é que não agradou ao grande publico (quem viu afirmou que não gostou);. Na verdade poucos sabiam da historia do coronel inglês Percy Harrison Fawett que em 1925 sumiu na selva amazônica com seu filho Jack e um amigo. Eles procuravam uma suposta cidade perdida na mata e no livro de Davida Grann que deu margem ao roteiro do diretor James Gray eles acabaram capturados por índios e levados a um sacrifício que a narrativa cinematográfica não explicita(fica uma reticencia poética).
                O mistério em torno dos Fawcett não terminou  quando a ossada encontrada pelo sertanista Villas Boas que recebeu de índios Kalapalo ossos de “estrangeiros” não recebeu exame de DNA pela recusa de parentes do inglês desaparecido (a mulher dele é vista no ultimo plano do filme divagando pela possível vivencia do marido em uma terra estranha). O filme também se despede dos Fawcett(pai e filho) quando eles seguem em padiolas, guiados pelos índios antropófagos para um lugar que não é explicito e está no meio da taba entre sinais luminosos dos habitantes em uma noite.
                Gray filmou em locais distantes da nossa Amazônia. Mas o espaço não trai a imagem que a gente conhece. E quem acompanhou a odisseia de Fawcett por jornais e revistas ao longo dos anos (foram muitas expedições atrás dele) não se sentem frustrados. Há um cuidado cenográfico muito bom auxiliado por uma fotografia que capricha na luminosidade parca da selva circundante.
                O filme pode cansar quando detalha a vida de Fawcett antes da aventura que lhe fez sair da vida (pelo menos da civilizada), mas tudo é necessário. Um trabalho de folego(mais de 2 horas de projeção) que situa entre os melhores de tema amazônico.
                Quem não chegou a ver o filme nos cinemas (horários compatíveis só em copias dubladas) ganha chance em dvd. Ressalto o trabalho do ator Charlie Hunnan (de “Filhos da Esperança”). Não é bem o Fawcett que se viu em fotos de jornais mas dá força ao personagem.

                Um bom filme de um tema sempre interessante.