domingo, 31 de julho de 2011

Pegadinha Uruguaia

Quem se aventurar a entrar na casa (“A Casa”/La Casa Muda)uruguaia que está por um desses milagres de exibição num cinema de Belém, vai sair com a sensação de que foi logrado. São 70 minutos de imagens captadas por uma câmera digital com um mínimo de corte (pode ter dois, quando o quadro fica escuro). Tudo bem, é um desafio. Mas para isso conta-se uma história de terror que se diz amparada num caso real, onde pai e filha vigiam um prédio abandonado e começam a surgir ruídos depois assassinatos (o pai da garota é a primeira vitima).
No fato acontecido nos anos 40 que o filme diz se amparar, na manhã posterior ao primeiro dia de trabalho do vigilante, acha-se dois corpos (a legenda diz três). Explica-se o cadáver do pai e de um dos donos do prédio que chega depois. Uma legenda diz que a moça desapareceu. E ela é acompanhada pela câmera o tempo todo, assumindo uma postura de valente embora reclame.
Os furos do roteiro começam com a coragem da garota. Se ela grita quando vê o pai esfaqueado e ouve ruídos, o natural seria fugir da casa. Mas não: ela vai ver que diabo está acontecendo no sobrado de onde tinha vindo o pai, moribundo.
O fotografo Pedro Luque dá um banho técnico com enquadramentos elegantes sem parar o plano-sequencia. Mas o roteiro do diretor Gustavo Hernandez, associado a Oscar Esteves e Gustavo Rojos, é extremamente inverossímil.
Depois dos créditos, para quem não se encheu de 70 minutos sombrios e trêmulos, há uma seqüência que traduz a pegadinha.
Gol da câmera digital de meu xará. Pênalti da equipe brasileira na Copa América na trama focalizada.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Volta da Censura:Ria se Puder

Há uma piada sobre um genro consultado pelo agente funerário sobre como fazer o sepultamento de sua sogra: enterrada ou cremada. Respondeu o interessado:”-As duas coisas, a gente não pode facilitar..”
A resposta deste “ente querido” veio à causa da possível volta da censura aos filmes no Brasil. Antes de me deixar levar pela lembrança do tempo em que vivi a presença dessa bruxa,devo considerar que no governo Sarney (1985-1990) houve um caso de censura de filme. Pressionado pelas entidades religiosas (que nem viram a coisa), o presidente baixou uma medida provisória impedindo a exibição de “Je Vou Salue Marie”, o polêmico trabalho de Jean Luc Godard (por sinal indecifrável para os censores tradicionais).
Nos 70 eu mantinha um cineclube. Era obrigado a levar ao escritório da Policia Federal o certificado de censura, documento que chegava na primeira lata do filme (se 16mm dentro da maleta) , com um anexo datilografado especificando o lugar o dia e a hora da exibição. Era uma viagem semanal. Acabei conhecendo todos os censores. Muitos não entendiam nada do que eram obrigados a fazer. Um deles disse-me ter feito um curso de cinema em Brasília e no currículo esteve “todas as obras daquele cara que escreveu Shakespeare”(eu ainda remendei, “Hamlet”, e ele se entusiasmou: “Esse cara mesmo”).
Se alguma autoridade do grupo achava que os cortes dos filmes exigidos no documento não haviam sido feitos, pedia uma sessão especial e, se constatado o “agravante”, tratava de cancelar o lançamento na cidade. Dificilmente um censor local podia cortar película.
Era um movimento surrealista. Engraçado é que o cineclube tinha como um de seus espaços de exibições, um cinema de base militar (o “Guajará” na Base Naval). Para exibir ali não era preciso visto da censura. Mas o comandante da base pediu-me pessoalmente que “evitasse passar “O Encouraçado Potenkim”,filme que teria sido o incentivador de um levante de marinheiros, no Rio, ajudando a detonar o golpe de 1964.
Lembro do caso de um filme que foi barrado porque a cena do ator nu tinha sido mexida, ou melhor, ele, ator, se mexeu. Se estivesse nu como estatua tudo bem. Assim é que tinha ganhado liberação em Brasília.
A censura nos anos “de chumbo”,que foram mais cômicas do que as anteriores, do DIP em época do chamado “Estado Novo”(Era Vargas), murchou quando o filho de um dirigente do departamento federal especifico exibiu para amigos “O Império dos Sentidos”de Nagisa Oshima. A exibição caiu na mídia e o jeito foi deixar passar o filme japonês. Com ele morreu tudo o mais que abordaria sexo em tela grande. O que ainda demorou foi a trama política seguida da imoralidade consentida da violência . Para esses casos precisou a cremação.
Hoje, com o espasmo de uma neo-censura volto à piada do genro e vejo que algum liame, ou fio de cabelo, da megera, saiu incólume do forno e forneceu DNA mitocondrial para um clone . Tudo é possível quando se pensa em tornar os macacos aptos a pensar e falar. Aliás, a julgar pelas ameaças de volta de censura penso que já estamos no Planeta dos Macacos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Capitão América em seriado de 1944

A estréia do filme “Capitão América” levou-me a rever o seriado de John English feito em 1944 e exibido por aqui creio que por volta e 1948 ou 49.
Um fato curioso no seriado: os bandidos morrem. O próprio Capitão América atira para matar. Obedecendo ao Código Hays, a censura dos estúdios na época, os ferimentos não jorravam sangue. Nem manchavam roupa. Tudo era “asséptico” dentro da hipocrisia reinante. E também não se via o escudo mágico do herói dos quadrinhos. Ele podia brigar com a fantasia característica como usando terno e chapéu(e jamais cai da cabeça)como o promotor Grant Gardner (Dick Purcell). E mais: a trama parecia mais substanciosa do que o normal das séries, agarrando os 15 episódios com renovação de situações.
O herói foi moldado durante a 2ª,Guerra como arma de propaganda. A vestimenta era uma bandeira dos EUA recortada. Por aqui esteve nas páginas dos quadrinhos mensais, as revistas de histórias completas. Fez sucesso. Não havia o antiamericanismo surgido com a guerra fria. Mas a verdade é que a garotada não dava bola para política. Vibrava com as cenas de lutas. E tinha em todos os capítulos, algumas bem engendradas.
O velho filme que a Classiline cearense lançou agora em DVD é oportuno para se comparar com o que a Marvel bolou para as telas grandes. Claro que tudo é sem compromisso intelectual. Mas a critica americana viu mais. E eu vou constatar. Logo eu que não pretendia ir ao cinema ver este novo blockbuster...

terça-feira, 19 de julho de 2011

O Adeus do Bruxo

J.K. Rowlings foi abençoada com uma inspiração milionária ao rascunhar num bar de escala na viagem que fez para sua terra, Londres, a linha média do que seria a aventura (ou as aventuras) de Harry Potter. Saindo de um relacionamento frustrado, a escritora em potencial foi buscar subsidio para desabafar a sua sede de fantasia no que ouviu e viu(em cinema) na infância, como fez quase todo mundo que leu ou assistiu aos desenhos animados partidos dos contos de Grimm,Perrault, Andersen e outros que pescaram em seus folclores os entes mágicos.
Na literatura Harry Potter consumiu muitas páginas e no cinema sete filmes de longa metragem com o último dividido em dois como forma de ser mais próximo do original escrito. Penso que o herói está entre os mais cultuados do povo ocidental (e não meto a mão no fogo ao negar o oriental) nesta virada de século. E posso dizer que JK teve sorte no cinema. Os filmes de seus livros não voaram para muito longe de seus enredos e auferiram renda bastante para satisfazer os executivos da Warner e garantir uma aposentadoria milionária à autora.
“Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2”,ou como está num pôster “HP-7”, é um fecho bonito. Realizado com a pompa que os efeitos digitais patrocinam, exalta os poderes (quase mágicos certamente) da direção, da edição, da fotografia, do som, enfim do que se usou para se projetar.
E a história? Muita filigrana para chegar ao duelo final entre Potter(o Bem) e Lord Voldemort (o Mal).Claro que o Bem vai vencer. Mas a platéia suspira. Há um pré-climax com o herói feito morto. Mas o espaço no limbo, quando vê seu mestre Dumbledore, serve como uma experiência de morte em vida. Volta para enfrentar o inimigo cara a cara (ou mágica a mágica). Lembrei aquele desenho da Disney “A Espada era a Lei”. Não há como suspeitar que o lorde malvado possa sair ganhando. Ele chega até a arregimentar sua patota. Mas se desintegra como bom vilão de science-fiction (hoje os contos de fadas adentraram pelo estilo de tramas siderais). Suspiram aliviados os fãs. Mas os suspiros são, também, de saudades. Não é pior porque se abre uma brecha para replay. Potter e amigos deixam os filhos na rodoviária seguindo para a escola dos pais. Se duvidarem pode surgir em livro e filme a prole de Potter. E desse jeito salva a palavra de Radcliffe, o ator, que não quer ficar na história como interprete de uma figura única (o que pensava Sean Connery quando deixou de ser James Bond).
A estrutura narrativa rende-se aos encantos da magia. Trouxas são os que estão de fora. Uma edição prodigiosa dá o ritmo certo à dança de efeitos que pulveriza e reconstrói cenário (décor). Eu imagino como se faria um filme desses antes dos computadores. O orçamento estouraria mesmo com miniaturas expostas. Tudo o que se vê é produto de um trabalho industrial esmerado. Os que buscam substancia talvez achem que a bruxaria é a síntese da luta pela vida no mundo que muda. Os detalhes dos contos de fadas passam para os tempos modernos e só se faz esticar as malvadezas das bruxas, ou madrastas, e as habilidades dos gnomos ou das fadas. A cultura ocidental, com a sua bagagem de mitos, está ali representada. O que embalou o berço de Rowlings. E afinal o que deu alento a muitos meninos e meninas da era da internet que sentem necessidade de sonhar num mundo onde o sentimental é tido como careta e a violência como cool.
Gostei do filme, mesmo nunca lendo uma linha de JK e nem me colocando em fila para ver todos os títulos da série. A feição dark evidencia o dramático do entrecho. E fica bem os últimos planos não serem de festejos pela vitória de Henry. No lugar da folia o diretor David Yates, o mesmo de outros exemplares da série, prefere um plano da trinca amiga, como fazendo pose, seguindo-se um fade - out para 9 anos depois quando todos 3 já são pais e família (e de futuros bruxos).
“Henry Potter” conseguiu empatar com “O Senhor dos Anéis”no plano de cinema fantástico feito pela grande industria. Se Peter Jackson quer voltar a Terra Média com “Hobbitt”, espero que J.K. Rowlings, David Yates e a Warner deixem Hogwart na saudade de seus fãs . Nada de seguir a prole dos heróis. Ou de fazer “prévias”como agora se anuncia “O Planeta dos Macacos” de antes da macacada ser inteligente (com o físico de simio, pois tem muito humano com cabeça de macaco).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Última Hora

Anthony Quinn(1915-2001)foi ator em 167 filmes e dirigiu um. De seus desempenhos guardo excelentes lembranças do Zampanô de “La Strada”, de”Zorba, o Grego”(a dança final), do discreto papa em “As Sandálias do Pescador”, do “boxeur” que acaba na luta livre fantasiado de índio(“Réquiem por um Lutador”) e do sofrido romeno de “A 25ª Hora”. Isto da sua atuação como ator principal. Como coadjuvante tem mais, como em “Lawrence da Arábia”. Mas a lembrança de “A 25ª Hora” eras tênue.Não via o filme desde a exibição através do Cine Clube APCC no Cine Guajará da Base Naval (e creio que também no Grêmio Português). Revi agora em DVD. É um filme subestimado de um romance escrito em 1967 por C. Virgil Gheorghiu (meu pai tinha este livro em casa mas eu não cheguei a ler). Com direção de Henri Verneiul (1920-2002), o mesmo de “O Carneiro de 5 Patas” e “Gangster de Casaca”, exibe uma produção requintada de Carlo Ponti recriando o cenário do drama vivido pelo romeno humilde Johann Moritz, perseguido como judeu quando vai trabalhar com judeus, depois tido como arquétipo da raça ariana e por isso transformado em soldado nazista, depois confinado em campo de concentração norte-americano, tudo isso dos primeiros aos dois últimos anos da 2ª.Guerra Mundial. Nessa jornada entre inimigos que ele desconhecia por quê brigavam acaba por se separar da mulher, sabe depois que ela foi violentada por um russo e gerou um filho deste, enfim, quando ganha a liberdade é um tipo raro a ser alvo de mídia.O filme encerra com o que podia ser um happy end mas logo expõe a dor do personagem quando um repórter vai fotografá-lo pedindo que sorria. A expressão de Quinn fecha o filme. Fica com a gente.
Pode ser que a narrativa esquematize os fatos e pise no acelerador diluindo um pouco o drama em foco. Mas nunca esvazia o herói. Quinn exibe muito bem o tipo bruto e ingênuo, o homem que prefere comer na cozinha quando chega à casa de amigos judeus e lhe convidam para o jantar.
Pode ser que Virna Lisi seja bonita demais para o papel que lhe deram. Mas Serge Reggiani como o escritor amigo de Moritz que se cansa de esperar pelo resultado de suas petições em prol da liberdade quando a guerra já faz parte do passado, está excelente.
Talvez seja o melhor de Verneuil no drama. Um belo filme pouco comentado pelos críticos desde sua estréia em 1967. O DVD que saiu agora no Brasil traz o enquadramento original (franscope). Merece lugar na videoteca do cinéfilo.
Antes que me esqueça: o titulo (25a hora) é dado pelo escritor de Reggiani. Seria a última hora da vida de uma pessoa. Dependendo do que se entenda por vida. A do tipo interpretado por Quinn acaba várias vezes.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Recordações

Há um filme raro de Martin Gabel com este nome. O original é “The Lost Moment”. Mas o que interessa agora não é a história do sujeito que vai procurar as cartas de um poeta guardadas por uma centenária reclusa. Lembro de brincadeiras de minha infância quando a gente seguia Jararaca e Ratinho aportuguesando os nomes dos artistas. Eles, os cômicos que assinavam ponto nos teatrinhos de Felix Rocque na Festa de Nazaré, gravaram um disco chamado “Amor Cinematográfico”. Lá falavam de Ramon Não Varro(Ramon Novarro), Lon Chinelo (Lon Chaney), A Barca Está no Uisque (Barnara Stanwyck), e brincavam com Jan Kiepura dizendo que “tem artista que só gosta de caninha; quando chegaram aqui estava passando aquela fita do Jeff e eles gritavam queremos ver Mutt(a dupla Mutt e Jeff do gibi). Respondiam de longe: Ver Mutt(vermute) nada, o Gim que é Pura (Jan Kiepura).
Meus colegas de colégio iam adiante: Já me Caguei (James Cagney), James Estevarde (James Stewart), Marta Arraia (Martha Ryer), Spencer Traça (Spencer Tracy), Rita Revolta(Rita Hayworth), Pola Negra(Pola Negri), ou iam para as piadas como a história do marido brutamontes que esperava a mulher se pintar para sair. Em dado momento ela se vira para ele e pergunta: ”-Tu não me achas parecida com a Greta Garbo ?” E ele, na bucha: “-Da Greta Garbo só tu só tens a greta.”
Ainda lembro do Roberto Cuminho (Robert Cummings) da Susana Raivada (Susan Hayworth), e ainda seguindo Jararaca e Ratinho quando um falava da Carmen Miranda o outro respondia: “-Ela estava fazendo fita pra vir mas veio. Menino, dizem que o Bando da Lua só namorava as estrelas. A mãe dela não queria que ela viesse mas ela começou: “-Mamãe eu quero, mamãe eu quero”(a marcha,por sinal, era de autoria do Jararaca)”.
Em seguida: “Um dia desses eu sonhei com a Carmen. Se ela chegou daqui a pouco a Aurora (Aurora Miranda irmã da atriz) vai raiar por aí...”
Claro que maior parte dos nomes eram de norte-americanos ou ingleses. Dos europeus eu lembro o Vittorio te Pica (Vittorio De Sica), o Ama deu no Sarro(Amedeo Nazzari),da Michelle Morgana (Michelle Morgan), do João Gabola (Jean Gabin).
Nesse tempo a gente não perdia seriados de aventuras. Muitos heróis vinham do gibi nosso de cada dia. Agora muitos desses caras estão chegando ao cinema em produções caras. O Capitão America,por exemplo. Hoje é da Marvel. No tempo de guerra era fichinha que saía em séries da Republic. Por sinal que agorinha saiu no mercado brasileiro o DVD desta série. Coisa da cearense Classic Line. Comprei meu exemplar. Tenho coleção desses seriados. Homenagem ao meu foi.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Filmes Inpéditos nas Telas Grandes

Eu já tive um tempo de exibidor. Programei um cineclube atuante em várias frentes com cópias película de 16mm e 35mm e inaugurei o Cine Libero Luxardo (Centur).Por isso, e até porque fui sócio fundador dos cinemas 1 e 2 do amigo Alexandrino Moreira (além de ser marido da Luzia que chefiou a Embrafilme na região norte na virada dos 70 para 80), aprendi manhas da distribuição e exibição de filmes em salas comerciais. Bem verdade os tempos mudaram e hoje uma central de distribuição sabe da renda de uma sala em cima do lance. Antes a gente fazia relatórios (borderôs) e mandava para os donos dos filmes. Mas a mecânica de cópias prossegue. Com um adendo: hoje se tiram mais cópias. E ainda tem o recurso da projeção digital que se resume no envio das imagens pela internet com gravação no computador acoplado no projetor.
Os comerciantes do ramo sabem o que o público mais gosta. Ou paga para ver.Por isso a dieta de exibição é sempre de produções megalômanas de Hollywood onde o espetacular é moldado em informática. Raramente fazem experiências. O caso do filme de Woody Allen(“Meia Noite em Paris”) onde se testou a platéia intelectualizada e ela compareceu. Mas grosso modo os filmes mais densos são endereçados primordialmente ao DVD. E é por isso que o cinema caseiro, hoje em dia, é farto. O meu “Bandeirante 2”(o 1 era no porão de casa, com filmes em 16mm), funciona diariamente com títulos inéditos e rigorosamente bons.
Esta semana eu vi “A Última Estação”, filme inglês de Michael Hoffman que reporta,no pé de um livro, os últimos dias de Leon Tolstoy. Quem faz o escritor é Christopher Plummer.Nem de longe lembra o Barão Von Trapp de “A Noviça Rebelde”. Lembra mesmo a imagem que o autor de “Guerra e Paz” deixou em fotografias. A mulher dele, Sofia, é interpretada por Helen Mirren. Os dois repetiam a canção de Lupicinio Rodrigues:”...vivemos brigando....mas é melhor se brigar juntos do que chorar separados”. Quando o escritor está morrendo, o “muy amigo” Chercok (Paukl Giamatti) não deixa que o casal se veja. Cruel. Um filme que emociona.
Também emociona “Flores do Amanhã” de Zhang Yang. Aqui, através de uma família de classe operária vê-se as mudanças que se processam na China depois de Mao. O foco maior é um pai despótico. Mas amante incondicional da mulher e do único filho, um rebelde sem causa (ou por causa dos pais). No segundo plano surgem as avenidas, os prédios modernos, e o poder aquisitivo maior dos personagens. Menos do velho pai, que cisma em viver na mesma casa,prestes a ser destruída. Ele plantava girassóis e no final deixa a marca de sua presença através dessas flores. Nada de lacrimogêneo, mas tocante. Cinema não deve se envergonhar de ser sentimental nem a gente de corresponder a isso. Gostei muito.
Em compensação vi “Esposa de Mentirinha” e “Tambores Distantes”, novo e velho exemplares de um cinema de consumo. Ruim para cada tempo e perenes em sua ruindade.