sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Revendo "O Conformista"

                Nada mais oportuno aqui e agora, nesse quadro politico brasileiro onde o povo é o prisioneiro de uma crise advinda de um movimento golpista,  lembrar o “Mito da Caverna” de Platão. No exíguo espaço onde pessoas viviam presas, alguém seguiu a luz exterior e viu como era o mundo. Ficou tão maravilhado que voltou à caverna para contar aos companheiros presos a beleza descoberta. Mas ninguém o acreditou e, tido como louco, foi assassinado.
                No filme “O Conformista” de Bernardo Bertolucci, ora reprisado em homenagem aos 50 anos do Cine Clube APCC(que o exibiu no Grêmio Português ocasionando um dos melhores debates no gênero capitaneado por Benedito Nunes), o fascismo seria esse mundo ideal onde os italianos viviam chamando Benito Mussolini de “Il Duce”. O tipo interpretado por Jean Louis Trintignant seria o fugitivo. Não se vê a luz no fim de um túnel enganoso. E nesse cenário são mortas pessoas como a personagem vivida muito bem por Dominique Sanda a bela atriz que fez “O Jardim dos Finzi Contini”para De Sica.
                O filme tem uma direção impecável, com movimentos de câmera corretos e uma iluminação que define a metáfora platoniana.

                “O Conformista” é desses raros filmes que venceram bem o tempo. Datado de 1970 não mostra as rugas de 47 anos. 

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A Morte Faz Rir

“A Morte te dá Parabéns”(Happy Death Day),roteiro de Scott Lodbel com direção de Christopher Landon (roteirista de “Paranoia”) brinca com “Feitiço do Tempo”(Groundhog Day) filme de 1993 de uma historia de Ganny Rubin e direção de Harold Ramis. No final, o mocinho  Israel Broussard (Carter Davis), colega de universidade de Tree (Jessica Rothe), brinca com o filme referido travando o seguinte dialogo com a amiga:
“-A sua historia está parecendo com a de “Feitiço do Tempo”, você viu o filme ?”
“-Não
“-Foi interpretado por Don Murray...”
“- ???”
“Don Muray de “Caça Fantasmas”...
E é. Tree, no dia de seu aniversário, seria assassinada por um mascarado . Mas sempre acorda para recomeçar  o dia e gradativamente vai investigando quem a deseja matar.
O tom de comédia dilui o terror de rotina em filmes comerciais. A atriz é muito simpática e dá conta de um papel difícil. Tem que rir de sua própria desgraça e a direção procura usar detalhes cenográficos de cada sequência ampliando a investigação em torno do crime e desafiando os sherloques da plateia.
Nada de muito denso, nada de narrativa pesada. O filme é como uma anedota em longa metragem sempre bem contada. E anedota, sabe-se, só faz rir quando é bem contada.

Como diversão procede. 

sábado, 4 de novembro de 2017

Cinema e Monotonia

Hong Sang-soo, diretor sul-coreano usa a câmera sempre estática, entre planos abertos e médios (nunca o close), e com muito pouco movimento(mais zoom para abrir um quadro maior). Além disso, muita fala. Diálogos enormes e alguns comentários em primeira pessoa que surgem de forma esporádica. Os filmes desse cineasta podem ser contados. Não há o que se chamava por Chaplin & cia, a essência da arte “das imagens em movimento”, Afinal, não há movimento. Tudo bem que isso queira dizer alguma coisa. No caso de “Certo Agora, Errado Antes” o romance breve entre um diretor de filmes e uma jovem pintora. Ele é casado, ela vive com a mãe, e os dois se separam num dia frio (encontraram-se num dia quente) Claro que tudo tem a ver, mas é duro para o espectador que entende cinema como cinemática, a parte da mecânica que trata de movimento, assistir de inicio ao fim.

A mim é penoso ver.