terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Os Melhores do Cinema em 2016

Melhores do cinema em 2016

1-      A CHEGADA (Arrival) de Denis Villeneuve
2-      SNOWDEN, HEROI OU TRAIDOR (Snowden) de Oliver Stone
3-      O FILHO DE SAUL (Saul Fla) de Laszlo Nemes
4-      AGNUS DEI de Anne Fontaine
5-      O REGRESSO (The Revenant) de Gonzalez Iñaurritu
6-      TRUMBO, A LISTA NEGRA (Trumbo) de Jay Roach
7-      AQUARIUS de Kleber Mendonça Filho
8-      SPOTLIGHT ,SEGREDOS REVELADOS de Tom McCarthy
9-      OS 8 ODIADOS (The Hateful Eight) de Quentin Tarantino
10-   45 ANOS (45 Years) de Andrew Haigh
Diretor
                Oliver Stone (Snowden)
Ator
                Leonardo di Caprio (O Regresso)
Atriz
                Sonia Braga (Aquarius)
Ator coadjuvante
                Hugh Grant (Florence)
1.       Atriz Coadjuvante
                Jennifer Jason Leigh (os 8 Odiados)
2.       Roteiro Original
                Quentin Tarantino (Os 8 Odiados)
3.       Roteiro adaptado
                Alejandro G. Iñarritu e Mark Smih (O Regresso)- de parte do texto de Michael Punk.
4.       Fotografia
                Vittorio Storaro(Café Society)
5.       Musica
                Stewart Lerman (Café Society)
Animação
                Zootopia- de Byron Howard, Rich Moore e Jared Bush
6.       Documentariao
                Francofonia- de A. Sokurov
7.       Edição
                Mark Day- Animais Fantasticos e Onde Habitam (Fantastics Beasts and Where to Find Them(,
8.       Direção de arte
                Michael Goldman e Dough Huszti(Café Society)
9.       Efeitos Visuais
                Equipe de Animais Fantasticos….
10.   Figurino
                Suzy Bensinger- Café Society
11.   Reprise               
                A Doce Vida
12.   Homenagem
                Acyr Castro (1934-2016)– fundador da APCC     
Esta foi a minha relação apresentada aos colegas da ACCPA no dia 26/12. 





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sábado, 24 de dezembro de 2016

Cinema Novo

O documentário “Cinema Novo” é um programa nostálgico e romântico, lembrando filmes de uma certa juventude dos anos 60 com uma inteligente rima entre sequencias (como as corridas que abrem a narrativa). Mas está endossando algumas posições criticáveis do movimento em foco como a ausência de “O Pagador de Promessas” de Anselmo Duarte, até agora o único filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro do Festival de Cannes (e Glauber Rocha assistiu as filmagens na Bahia).  Aliás, Duarte foi execrado pelo cinema novistas.
                O filme tem um plano da paraense Edna de Cassia, a atriz de “Iracema” de Jorge Bodanzky sem que se diga quem é quem e a que filme se refere. Se não se fala em Anselmo se fala de Walter Hugo Khoury, do cinema paulista numa linha introspectiva , de Luís Sergio Person, da mesma índole, e pouco se diz de Roberto Santos.
                Claro que ninguém cita “O Cangaceiro” de Lima Barreto, coisa da Vera Cruz que traduzia cinema tradicional. Mas não  esquece, felizmente, de Humberto Mauro, o pioneiro, como de Mario Peixoto que fez cinema quando os neo-novos ainda não haviam nascido.

                “Cinema Novo” está longe de uma linha didática que sirva aos novos estudantes de cinema. Quem nunca viu ou ouviu falar dos filmes mencionados continua no zero. É um documentário para quem sabe do que se trata. E para esta gente pode ser uma curtição. Eryk Rocha, filho de Glauber, acabou homenageando o pai dele. Tudo bem, mas faltou dizer a linha sócio-politica-ideológica seguida pelos cineastas abordados. Era um cinema de protesto. Contra a opressão do governo militar vigente e também contra o cinema anestesiante vindo de Hollywood. Valia a pena um “frame” dizendo isso.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Sully, O Heroi do Rio Hudson

 Chesley Sullenberger, ou simplesmente Sully, ganhou fama quando, como piloto veterano, pousou o avião bimotor Airbus no rio Hudson com 155 passageiros a bordo. Segundo ele, não havia alternativa quando pássaros invadiram as duas turbinas danificando-as . A alternativa do vôo era o aeroporto vizinho, mas o aparelho perdera força e não havia como tentar voar por mais quilômetros. Amerrissar era perigoso mas o pior era o que ele, Sully viu em sonho, o aparelho caindo no centro da cidade, derrubando edifícios.
         O vôo entrou para a historia mas o comandante chegou a responder processo diante de uma comissão que atendia a fabrica do aparelho alegando que um dos motores tinha capacidade de funcionar por mais tempo.
         O filme “Sully, O Heroi do Rio Hudson”, ganha pontos em muitos fatores. Primeiro pela atuação de Tom Hanks, plenamente crível como o comandante que desafiou probabilidades e acabou salvando a si e os que viajavam com ele. Depois a direção do veterano(86 anos) Clint Eastwood, de uma habilidade inconteste a fazer o filme se parecer com um documentário do acontecimento ocorrido em 2009. E uma fotografia impecável com uma direção de arte que chegou a colocar uma carcaça de avião no rio, desprezando o cgi. O que se criticou foi o modo como é mostrado o principal protagonista, sem ir fundo na sua pessoa, no pai de família  que deixa ver quando telefona diversas vezes para a esposa. Mas este não é o proposito do roteiro baseado no livro autobiográfico de Sully.  Interessa um fato e Eastwood consegue dar a este fato uma reprodução por 90 minutos, mais do que se poderia esperar com base num acontecimento que desafiou o relógio.

         Bom trabalho de parcerias, ganhando campo entre os bons filmes de aviação.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Intolerancia

O sucesso de “Nascimento de uma Nação”(Birth of a Nation), especialmente no sul dos EUA, acabou magoando David Wark Griffith o cineasta que muitos consideram “o pai do cinema”por sua  participação na gramatica de um filme. Racista ao extremo, “Nascimento...” elogiava a Ku Klux Kan. E Griffith pegou desaforos. Tantos que resolveu pagara superprodução “Intolerância”(Intolerance),um painel sobre a intolerância no mundo, com episódios que vão da Vida de Cristo a um caso criminal moderno(anos 1920).
                O filme que pode ser (re)visto hoje no cinema Olympia, foi um fracasso financeiro para o autor mas considerado logo um clássico. Os episódios são intercalados com plano de uma senhora embalando seu filho. Seria a “Mãe Humanidade”. Nas vinhetas se expõe os erros do ser humano ao longo da historia, pregando a necessidade do amor.

                Esta obra marcante é indispensável a quem estuda cinema. Vai hoje ser apresentada com musica ao vivo dentro do programa Cinema com Musica de atuação mensal. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Animais Fantásticos Onde Habitam

“Animais Fantasticos...” é uma espécie de prequels de Harry Potter. Como a historia se passa em New York os bruxos afirmam que a escola inglesa Hogwartz é inferior à norte-americana. Bilionária graças aos EUA J.K. Rowling puxa a sardinha para a terra do Tio Sam e no seu livro-roteiro de cinema “Fantastics Beasts and Where to Find Them”ela trata de simpáticos bruxinhos que deixam a Big Apple em ruinas mas não demora a refazerem o estrago na linha daquele método de filmar em que se joga de um trampolim numa piscina e se volta a ele graças à inversão da câmera.
                O  argumento tem por base a troca de maletas de um “avô” de Harry Potter, chegado à América dos anos 1920 com uma pronuncia que diz “gail” ao falar “girl”, com um gordinho bonachão que tenta emprego numa agencia comercial. A troca gera a liberdade dos “fantásticos animais” e a consequente atenção de bruxos maiores que não são tão simpáticos e arremedam que no novo mundo há parentes dos vilões de Hogwartz.
                Claro que surge no bojo da historia a mocinha que no final flerta com o inglês quando este embarca de volta à sua terra natal. Só que o súdito de S.Majestade é interpretado por Eddie Redmayne e o ator dono do Oscar por “A Teoria do Tudo”é de uma expressão tão indigente como pede o papel que agora bem lhe coube.  Dá para pensar que a bruxaria americana não é nada romântica. Nem se voa em vassoura.
                O filme usa e abusa de CGI. Há efeitos visuais que vão de ruas rasgadas como papel de embrulho a monstros careteiros de assustar menino(a) chorão. Nesse quadro o trabalho do diretor David Yates, acostumado com Potter & Cia, dá-se bem. Mas o excesso é flagrante. O filme é um show pirotécnico com ligeira licença cômica em Dan Fogler que faz Jacob Kowalski. O grosso é figuras moldadas em computadores que se misturam em uma edição tipo metralhadora (a celebe “machine gun cut”).
                Achei que Rowling teve uma crise de excesso de imaginação, ou abriu demais a sua mala de bruxinhos. Nós, os “trouxas” que vemos as aventuras de bruxos desde a série HP podemos até aplaudir desde que atraídos pela nostalgia da época em que a série de historias de magias começou a sair em livros e filmes. O replay tentado agora parece superlotado de imagens. Nisso o conteúdo naufraga. Se há moral de historia como nas fabulas esta é de que o ato de se brincar com a magia desencanta.
               

                  

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

A Chegada

“A Chegada”(Arrival) vem de um conto de Ted Chiang ("Story of Your Life" ) que eu não conheço.A historia da vida de Louise Banks (no filme Amy Adams) ampara seu trabalho de tradutora e em especial de possível mensagem advinda de seres de outro planeta que chegam à Terra em muitas naves de forma oval.Como a professora poliglota vai achar um meio e entender a possível fala de ets e como grunhidos podem significar formas de fala. Na superfície o novo trabalho do diretor Denis Villeneuve é isso. Mas assim como é difícil a comunicação com outro mundo também é difícil entender o que se passa no intimo de uma pessoa, no caso da mulher que perdeu a filha cedo, que vive só, que sempre evoca a imagem da menina que amava e que traduz esse amor na evocação de abraçar o bebê nos closes que abrem o filme.

Louise na lembrança de sua menina, de um passado que adentra a narrativa  sem usar da métrica de flash-back tradicional, é um exemplo de ser humano que soube (ou sabe)amar. Como tal ela não aceita um anuncio chinês de bombardear as naves extraterrestres. Não aceita a ideia de que o que não se conhece se elimina. E à medida em que luta para decifrar as imagens dadas pelos ets ela tenta evitar uma guerra interplanetária, ou mais um exemplo da porfia belicista do ser humano.

O diretor lembra o colega Terrence Malick com poucas explicações e muitos closes e muito contra-luz, significando justamente o desafio de tentar entender um outro plano de vida. Um colega de Louise no trabalho do governo americano pela comunicação com os estranhos “invasores” chama os estranhos de Abott e Costello lembrando os comediantes dos anos 40/50. O “apelido” ganha o tom do simplório mascarando um contato que se mal interpretado pode ser perigoso. Mas é um et quem diz (ou se pensa que diz) que no passado ajudou a humanidade. Ora, os deuses não eram astronautas?(Eric Von Daniken)

“A Chegada” arrisca o tom no final, quando a professora ianque fala com um líder chinês. O diretor vai além com prudente reticencia. O dialogo não é apenas um trabalho cientifico. Fala-se com o intimo, com as pessoas queridas, e muitas vezes nem precisa de palavras para “dizer”. Esta é a base do argumento- e talvez do conto original. Lembra outras abordagens semelhantes na historia do cinema é cutucar com vara curta as obras máximas da ficção-cientifica.Em “Solaris”, por exemplo, o amor renasce como uma ameaça. Tanta riqueza de conteúdo banha o filme do diretor canadense que fez “Sicario” e “Incêndio”. Podia ter se afogado na pretensão do argumento, mas nada muito bem a ponto de transformar seu trabalho numa prova olímpica de cinema sensível.

Obrigatório.