quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Relendo Frantz

"Frantz" está sendo exibido agora no cine Libero Luxardo. Vale a pena reler o que eu escrevi sobre ele:
"Quando eu exibi em casa,no meu Cine Bandeirante, a copia 16mm de “Não Matarás!” filme de Ernst Lubitsch, fiquei comovido com o que vi. O drama de um soldado francês que depois da I Guerra Mundial resolve ia à Berlim pedir desculpas aos pais de um soldado alemão que ele matou durante o conflito. O interprete do pai do soldado morto era Lionel Barrymore. O filme vinha de um texto de Reginald Berkeley e a produção era de 1932. Hoje eu vejo a nova versão, “Frantz” do cineasta francês François Ozon. Quase o mesmo argumento, recebendo tratamento no roteiro do diretor e de Philippe Piazzo. Só que Ozon estica a historia e se vê o soldado francês como um homem noivo em sua terra, longe de corresponder ao amor que lhe passa a dedicar a namorada do alemão que matou. Em “Frantz” há sequencias da jovem que chorara a morte do amado e já  estava aceitando o francês como novo amor, procurando o rapaz em Paris e deparando-se com uma realidade que preferira esquecer.
         Também o nome do soldado morto que dá titulo ao novo filme é outro na versão de Libitsch:chama-se Walter. E o ultimo plano é dos velhos pais dele abraçados e emocionados com um numero de violino e piano executado pelo visitante que jamais diz a eles ser o assassino de seu filho, e da filha que perdoa o crime de guerra.
         Os dois filmes possuem qualidades estéticas distintas. Em Libitsch a iluminação expressionista ajuda na ênfase do drama relatado. Mas Ozon usa a cor nos momentos em que se evoca Frantz, especialmente quando é personagem de um falso relato de seu assassino(se é que se chamava assim o atuante em guerra).
         A historia visa a dimensão maravilhosa do perdão. Foi difícil os alemães aceitarem os antagonistas no conflito de 1914-18. Até porque a Alemanha perdeu territórios, ganhou uma hiperinflação, acabou ladeando para um governo tirânico que levaria o país a um conflito maior.
         Os dois filmes são marcantes. E o de Ozon ganha a difícil tarefa de voltar a um assunto que deu margem a um clássico do inicio do cinema falado."

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Adão e Annabelle

Vendo ‘Assassin’s Creed”, filme baseado em um videogame que resvala o prestigio de Marion Cotillard e de Jeremy Irons, lembrei de uma das muitas marchas de carnaval que mexia com o Gênesis. Uma dela foi “Adão e Eva”,de Rutinaldo, gravada por Cauby Peixoto.Perguntava “se a Eva era branca como é que nasceu o Pelé”. E encerrava: “..na macieira tambem dava Jamelão”(atendendo ao cantor que aqui em Belém lançou o clássico “Ela disse-me assim” de Lupicinio Rodrigues). Pois no filme Templários e o grupo Assassinos buscam a maçã edênica. E acham!...
        A bobagem que eu não sei se funcionou em game porque eu não jogo isso, ganhou estrutura de blockbuster e muitas lutas a cargo do galã Michael Fassbender. Ainda bem que não perdi meu tempo vendo a coisa num cinema. Alias ando guardando horas desprezando sessões de cine-shopping. Cinema em casa tem entre muitas vantagens acelerar as sequencias quando se trata de porcaria.
        E por citar porcaria, que tal a volta da Annabelle ? Só no circuito perto de onde eu moro a coisa ganhou 5 salas em sua 2ª. semana. Bonecos malvados surgem desde o Chuky (lembram ?) . Aliás teve coisa mais velha. É tentador meter medo em criança que brinca com boneco. Imaginem a Barby diabólica...
        Há filmes bons. O problema é que a distribuição, hoje, seguindo de perto o box-office americano, é toda controlada pelas grandes distribuidoras. Elas que já cantavam de galo antigamente agora urram.
        Saudades do bom cinema sem cadeira numerada, sem sessões tão distantes umas das outras, sem a simultaneidade que se vê graças às copias digitais.

        Ganham as salas alternativas. Aqui, agora, capitaneadas pelo Libero. O Estação, com projetor moderno, pifou com a mudança de programador...

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Nem Tudo é Vigilia

Na mostra de filmes espanhois que o Olympia exibirá em setembro um titulo me impressionou bastante: “Nem Tudo é Vigília”(Nio Todo es Vigilia) de Hermes Parallusio.
O assunto é a velhice. Os avós do cineasta são focalizados como parte de um tipo de documentário. Começa com o homem no hospital e a mulher dele visitando-o. Depois, já em casa, os dois são vistos na forma que a idade lhes deixou: ela sempre usando um andador, ele andando lentamente para não cair, ela falando muito dos tempos passados, ele comentando em síntese. Perto do fim do filme, uma narrativa extremamente lenta que acompanha dessa forma a rotina dos velhinhos, a câmera fixa-se no quadro deles jovens, em tempo de casamento. Segundo dizem já faz mais de 60 anos. O enfoque com musica de fundo ganha perto de 5 minutos na tela. Depois se vê o casal saindo de casa e falando do passado.  Nada acontece de gravidade. É simplesmente o enfoque da vida em crepúsculo, da resistência dos órgãos ao desgaste natural do tempo. A lembrança do silogismo irregular que diz “a vida é um conjunto de fatores que resiste à morte”.

                Triste e ao mesmo tempo lírico, o filme é difícil de degustar como peça de cinema. Mas é o quadro realista do passar do tempo para certas pessoas. Com paciência, vejam.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Macacos lhes mordam

Não sei se Pierre Boulle ao escrever “O Planeta dos Macacos” marcou geograficamente o local onde pousa a astronave que navegou na velocidade da luz e adentrou um  futuro onde os macacos predominam. Pelo filme de Franklin Schaffner a ação se passa nos EUA. Tanto que mp emblemático final Charlton Heston descobre a Estatua da Liberdade naufragada( e grita: “-Vocês fizeram isto..”). E o resto do mundo? Será que no Brasil a macacada derrubou o Cristo Redentor no Rio ?Por sinal que em nossa casa já estão macaqueando na politica.
                O filme que está nas telas internacionais e pretende ser o fecho da série em que os símios lutam com os humanos e ganham a  guerra, não diz que foi a macacada quem derrubou “Miss Liberty”. Seriam mesmo os humanos, e se Boulle escreveu assim ele usou a estatua de NY  como metáfora. Mas se o filme atual quer ser o fim de uma trilogia (?) comercialmente rentável a ação fica restrita ao cenário norte-americano. Hoje, com Trump, pode até ser uma critica (embora o filme tenha sido feito no governo Obama). De qualquer forma o roteiro é bobo, preferindo a ação, e a linha dorsal da obra do escritor de “A Ponte do rio Kwai” resta uma piada sobre a Teoria Evolucionista (no caso Involucionista).

                Esta “Planeta dos Macacos, a Guerra”  é outra perda de tempo nas telonas povoadas de ação para garotada de menos de 12 anos.Felizmente não faturou o que os produtores esperavam. A coisa deve ter mesmo terminada. Amem.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Os Meninos que Engavam os Nazistas

 Quando da ocupação da França pelos nazistas os irmãos judeus Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Diruan Le Clech) fogem de seu sitio driblando a perseguição alemã. O filme “Os Meninos que Engavam os Nazistas”(Um Sac des Billes), dirigido por Christian Duguay, ganhou no circuito Cinepolis apenas uma sala no nordeste.  Hoje nem mais se lamenta o tipo de lançamento, pois é usual na ótica de que só fatura blockbuster americano. Resta perseguir o filme em download.  E vale a pena achar. Com uma reconstituição histórica bem definida e atores capazes o trabalho do diretor canadense de “A Cilada” impressiona. Não chega a se inserir perpetuamente na memoria como alguns filmes de guerra com crianças à maneira de “Brinquedo Proibido”(Jeux Interdits) de René Clément, mas dá o recado de um dos males do holocausto. No panorama raquítico das estreias atuais ganharia posto para figurar entre os bons programas do ano.

Esperem o dvd.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Jerry Lewis

                Jerry Lewis morreu aos 91 depois de sofrer varias doenças graves, desde problemas cardíacos a um câncer de próstata. Depois que deixou de ser o palhaço de plantão para Dean Martin passou na dirigir seus filmes e inventar cinema. Em “O Terror das Mulheres”(Le Ladies Man) por exemplo, construiu um edifício no set sem paredes laterais. Assim a câmera podia subir e descer os andares sem cortar plano (chama-se plano-sequencia). Também chegou a filmar e gravar em tape ao mesmo tempo permitindo edição rápida.
                Seu filme “O Dia em que o Palhaço Chorou”,uma obra-prima segundo os felizardos que viram, foi cancelado por ele “até 2025”. Não se sabe o motivo. Trata de um palhaço num campo de concentração nazista que fazia rir os condenados a morte.

                Creio que agora as distribuidoras de vídeo devem lançar coleções de filmes de Lewis. É tentação para colecionadores que deixaram escapar algum titulo na sua estante.

domingo, 20 de agosto de 2017

A Nova Mumia

                A Universal através do produtor e também diretor Alex Kurtzman, vem fazendo replay de seus sucessos comerciais nos anos 30, os afamados “filmes de monstros”. Estes filmes foram encomendados nesse  tempo pelo filho do fundador do estúdio,Carl Leammle, que teria assumido a empresa como presente de aniversário do pai, um alemão pioneiro de Hollywood. Agora a ideia comercial foi refazer os filmes com a tecnologia moderna. E veio este “A Mumia”(The Mummy) como virão Frankenstein, Homem Inivisivel e Dracula. O problema é que o roteiro da nova produção é um primor de bobagem.Quatro escribas adaptaram o que escreveu Jon Spaights, Alex Kurtman e Jenny Lumet, tudo gente nova. Interessante é que Tom Cruise entrou no projeto e faz um mocinho que dá cambalhotas improváveis em quem já soma 55 anos. A trama, abordando uma princesa egípcia que fez pacto com o diabo e está sepultada numa caverna, é de uma inventividade de folhinha usada. Tudo para gerar caretas e cenas de ação, coisas que ainda faturam diante de uma plateia juvenil. Mas alto lá: “A Mumia”de 2017 não andou bem nas bilheterias de origem, Mal sinal para a monstrada que virá.

                O filme chegou aos cinemas de Belém abertos sempre a blockbuster. Pior não existe. Lembro-me de algumas sequencias dos seriados de Sam Katzman. Não sei quanto deram a Tom Cruise, mas arriscar prestigio no tipo bomba. Melhor será se o fracasso estimule a desistência e refazer os outros filmes de monstros que marcaram a Universal. Falta faz Boris Karloff e Bela Lugosi...