segunda-feira, 22 de julho de 2013

Sessão Nostalgia

Uma festa para a garotada de quando eu me filiava nesse tempo era as sessões de seriados completos que os cinemas da firma Cardoso & Lopes, especialmente Moderno e Independência faziam às 2ªs e 3as. Feiras quando a exibição do filme em episódios havia chegado ao fim( e os exibidores apressavam esse fim para poder passar todos os episódios e uma vez, programa de mais de 4 horas que lotava as salas em dias de bilheteria fraca). É desse tempo a série “Zorro” (primeiro foi “O Guarda Vingador”). A gente comprava gibi usado na porta do cinema que servia também de abano, pois a sala lotada fazia um puto calor. Todos nós sabíamos que Zorro também era o nome do espadachim D.Diego que estava no filme “A Marca do Zorro” com Errol Flynn. Mas a mídia de então usava o xará caubói. Tinha até a marchinha que dizia: “Na Califórnia vivia um vaqueiro/um forasteiro denominado Zorro./tinha um cavalo que era ensinado/ e atendia pelo nome de Silver,/ e um companheiro que se chamava Tonto/ estavam sempre juntos para uma coisa qualquer....” O filme de Gore Verbinsky chegou tarde. Se lançado no final dos anos 40 ou inicio dos 50 seria posto no altar. Imagino a meninada em êxtase diante de um Zorro colorido e um Tonto maquilado numa aventura de luxo com direito a overdose de fantasia. Senti saudades de minha infância. E olhem que eu não era muito fã de faroeste. Mas gostava do mistério que envolvia o Zorro, um mascarado que distava dos colegas do gênero como o asséptico Tim Holt, o Durango(Charles Starret) Kid ou o (Alan)Rocky Lane. Gore Verbisnky e a turma da Disney pagando a empreitada de Jerry Bruckheimmer mostrou talento. Engraçado é que os críticos não gostaram e a bilheteria não deu caldo. Culpa, quem sabe, de uma critica política insinuada e de uma metragem além da conta (quase tempo de um seriado completo). Mas quem viveu a época do Zorro certamente gostou. Do alto dos meus agostos eu, intimamente, aplaudi.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Edwaldo e o Cinema

Muito se falou do Edwaldo (Didi) Martins nesse período que marca 10 anos de sua morte. Não se tratou do cinema. E era a paixão do amigo. Começou no jornalismo editando uma pagina sobre a tal “sétima arte” em “A Província do Pará". Rivalizava coma que Regina Pesce mantinha uma semelhante em “Folha do Norte”. Logo fundou a Associação Paraense de Críticos Cinematográficos com Acyr Castro, Rafael Costa, João Paulo Macedo, Ariosto Pontes e Alberto Queiroz. Nos finais de ano, quando a associação escolhia os melhores filmes do período, era quem contava os pontos das listas apresentada e brigava por suas ideias como a de que só se devia contabilizar os filmes exibidos nos cinemas comerciais. Meu primeiro contato pessoal com o Didi foi numa sessão do Bandeirante, meu cineminha caseiro, quando exibi “Um Domingo de Verão” de Luciano Emmer. Não sei bem o ano mas foi no inicio dos 60. Daí passou a frequentar minha casa onde tinha uma piscina. Gostava tanto dali que em um ano trocou a festa de réveillon de um clube que o convidara para ir passar a meia-noite lá nas águas da S.Jeronimo (hoje José Malcher). Também era ali que se fazia a eleição dos melhores filmes. Só uma vez foi no seu apartamento, na rua Benjamin Constant. O filme preferido do Didi era “Mompti” , melodrama francês que fora exibido no extinto cinema Nazaré. E como amava cinema tinha como um dos melhores momentos de sua vida a estada em Veneza, na Piazza S. Marcos, quando pediu para uma orquestra tocar “Summertime” a canção do filme “Quando o Coração Floresce” de David Lean. Falava muito disso. Creio que se tivesse a chance de viver o que o filme “Depois da Vida” projetou, aquela historia das pessoas recém-chegadas ao outro mundo filmar o melhor momento de sua existência passada, escolheria este. Diabético, não limitava sua rotina em que sempre havia rasto de glicose. Na verdade dizia amar a vida e com isso não se prender ao que mais cedo ou mais tarde a perderia. Antes que sofresse mutilações abdicou de tudo. E como num filme, partiu sereno. A gente que lida com cinema ficou sentindo a sua falta. Era de varar madrugada falando de filmes & estrelas. Elegia Marilyn Monroe a quem chamava de “Mariazinha”. E era extremamente franco, nunca prestigiando o filme cerebral que não tocasse seus sentimentos (“tocar meu passarinho”dizia). Já se vão dez anos sem o Didi. O fato é que permanece muito lembrado. Deixou muitos amigos. Inovou o colunismo social. Esbanjou sinceridade e por isso mesmo a sua lembrança é muito natural, muito fácil, muito característica de seu jeito de ser.

Herois de Várias Épocas

Engraçado: a façanha do piloto Henri Guillaumet caído nos Andes e sobrevivido depois de caminhar léguas pelo gelo ganhou um média metragem de Jean Jacques Annaud (“A Guerra do Fogo”, “O Nome da Rosa”) que só se comentou por ter sido exibido no processo IMAX (e 3D). Como por aqui só se alcançou em televisão (canal de assinatura) continuou em branco. E é bom. Vi atento, curtindo o suspense mesmo sabendo que Henri (Craig Sheffer) escapara. Na mesma época vi o teleplay “O Milagre de Corintha”(Das Wonder Von Kärnten/Alemanha, 2012) outro inédito no meio. Dirigido por Andrea Prochaska trata do caso real de uma menina de 9 anos afogada num lago próximo de sua casa e que é recuperada por uma equipe médica chefiada por um abnegado cirurgião que luta contra dificuldades técnicas de ressurreição e burocracia hospitalar. Luta também contra um político que estava esperando a colocação de um marca-passo no mesmo hospital e na mesma hora em que a menina dá entrada. Um dos melhores filmes que vi sobre medicina. E um exemplo a ser visto por toda a classe. Também é filme ignorado. Se não fosse o canal de TV (Max) teria perdido. Nos cinemas comerciais da cidade dois heróis dos quadrinhos que somam mais de cem anos (Super Homem nasceu em 1938, Lone Ranger em 1933). O primeiro está na superprodução “Homem de Aço”(Iron Man) que repete a historia do garoto que veio de outro planeta. O segundo põe luxo na trama do cowboy e seu amigo índio na luta contra bandidos do velho oeste norte-americano. Li que viram uma interpretação messiânica no herói criado pelos judeus Joe Shuster e Jerry Siegel. É forçar a barra, mas a coisa começa a virar comédia quando se vê naves espaciais fazendo barulho no espaço sideral (onde o som não se propaga). Aliás isso é comum em filmes. Só “2001” de Kubrick fugiu a regra. E o novo Superman (já nem se traduz o nome) ganha como inimigos os mesmos conterrâneos de “Superman II” o filme de Richard Lester talvez o melhor de uma série. É de rir Russel Crowe de pai do mocinho. E a Lois Lane, que nos gibis nacionais chamava-se Miriam Lane, é como dizia Nelson Rodrigues “bonitinha mas ordinária”. Quanto ao novo “homem de aço”(como se aço fosse invulnerável) a verdade é que se sente saudades de Christopher Reeve. O ator de 4 filmes do herói morreu em 2004 depois de anos de luta para recuperar seus movimentos perdidos numa queda de cavalo que lhe faturou a coluna vertebral. O jovem Henri Cavill, nascido nas Ilhas Canárias(UK) até que se esforça. E o novo Cavaleiro Solitário, que em Portugal é conhecido como Mascarilha e que a garotada do meu tempo via como Zorro (fazendo diferença com o espadachim), é secundário no filme de Gore Verbinski onde o principal personagem é o índio Tonto(Johnny Depp). Na hora em que escrevo para o blog ainda não havia visto o filme. Penso no seu tamanho (mais de duas horas e meia de projeção). Na sala gelada de um dos Cinépolis é duro. Mas vou ver. Quando criança acompanhei seriados do Zorro. O ator era Clayton Moore(1914-1999). Agora é Armie Hammer de “Rede Social” e “J. Edgar”. Cara nova. Na área especial tem as comedias antigas que saíram do meu arquivo. Interessante observar que a primeira reação ao cinema foi o medo (o trem que o pessoal pensava que ia sair do lençol estendido e cair na sala –ou salão de bar) mas em seguida o riso. Passado o susto do trem veio a gargalhada. E os Lumiére começaram a fazer comédia. Daí para as “fitas” de Alice Guy Blanché e Mack Sennett. Rir do visual ainda aparece. Quem suporta o riso quando uma pessoa vestida de roupa nova é banhada de lama por um carro que passa na rua? Welles mostrou isso em “Cidadão Kane”. Só não ri a vitima como provava Laurell e Hardy. Do grupo de comédias a serem revisadas está “O Calouro”(The Freshman) com Harold Llloyd. Depois dos curtas de Chaplin me parece o melhor. Lloyd era o sujeito “de boa familia”na época de educação europeia rígida. Usava óculos e mesmo assim dava quedas homéricas como seus companheiros do gênero. Bem, o programa é um balsamo na temporada de férias onde eu evito o meu Mosqueiro contaminado pela cidade.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Comédias & Surrealismo

Nem o homem que ri idealizado por Victor Hugo me convenceria da graça espontânea que ouvi provocada na sala escura do cinema por “Minha Mãe é Uma Peça”. Guardo minhas risadas para a revisão de Chaplin, Lloyd, Keaton, Langdon e a dupla Laurell & Hardy que estarão no Olímpia esta semana. E essa turma não precisava de muito papo. Fazia rir com sua expressão corporal. Fato que na comédia brasileira de hoje está ausente. Deixa saudades de um Oscarito, pouco valorizado pela critica em seu tempo mas a atração de minha turma de colégio que ia para a fila da porta do mesmo Olímpia ao meio-dia para a sessão das duas. Minhas sessões em DVD estão me alimentando de cinema. Vi o que não sabia se existia: um filme surrealista de Louis Malle chamado “Luz Negra”(Black Light).Conheci o cineasta francês pessoalmente e falei com ele no Hotel Central quando chegava meio clandestino de uma produção sobre guerrilhas na região. Tinha feito “Sopro no Coração”(Un Souffle au Coeur)que a nossa ditadura proibiu por tratar de incesto. Malle foi para os EUA e antes de fazer “Menina Bonita”(Pretty Baby) fez este pequeno filme muito independente(ele mesmo produziu). Cocteau aplaudiria. Penso em cinema surrealista e gostaria de ver um programa que tivesse Buñuel e Terry Gilliam alem do citado Jean Cocteau. Acho o Olympia muito grande para esse tipo de programa. O ideal seria na sala Acyr Castro do Memorial dos Povos. Mas ela permanece abandonada. E seria uma verdadeira sala de aula de cinema. Vi também em DVD o oitavo filme que Carlos Saura dirigiu: “Colméia”(La Madriguera/1969). Geraldine Chaplin é a mulher que se mantém criança e o marido aceita brincar com esse devaneio. Tudo muito bem orquestrado. Malle faria depois “Cria Cuervos”. O cinema espanhol saía das malhas da ditadura Franco com seus chatissimos miúdos cantantes Joselito e Marisol. O filme ilustra bem este alvorecer como a mulher que em pensar ser criança cria um pesadelo.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Mary Stuart,Rainha da Escócia

“Mary Stuart,Rainha da Escócia” segue “Ana dos Mil Dias”na produção de Hal B.Wallis e direção de Charles Jarrot. Elizabeth I, filha de Henrique VIII com Ana Bolena, ganha o último plano do primeiro filme focalizada quando criança; ela será interpretada no segundo por Glenda Jackson,a rainha da Inglaterra e se opõe à prima Mary Stuart guinada depois da morte do marido, rei da França, para o trono escocês que tem direito. A religião patrocina a guerra entre as monarcas(Elizabeth anglicana, Mary católica) e os filmes, fugindo do famigerado Código Hays(a censura dos estúdios), contam,por exemplo, o relacionamento de Mary com Henry Darnley, um bissexual a se notar numa sequencia ousada para a época . Mas o filme é das atrizes. Vanessa Redgrave(Mary) e Glenda (Elizabeth) duelam em interpretações que conseguem fugir do teatral. Edição em DVD de ótima qualidade.

domingo, 7 de julho de 2013

Sem magia

Mágicos promovem sessões onde os truques ajudam em roubos que efetuam ou ajudam a efetuar de forma simultânea. A ideia de “Truque de Mestre”(Now You See Me)é interessante. Mas o roteiro exagera. E fica um bolo de informações que tornam o resultado extremamente arranjado, coroando uma confusão em que bandidos e mocinhos se misturam sem se saber quem é quem. O filme dirigido por Louis Leterrier(de “Hulk”) é bem administrado mas sucumbe às normas industriais dos blockbusters apresentando os desastres de carros, as correrias, os tiroteios de sempre. Não merece ir ao cinema agora de cadeiras numeradas com a chance de se ganhar um vizinho inconveniente.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Monstruosidades

“Universidade Monstros”(Monsters University/EUA<2013) sepulta a fama da PIXAR criadora de obra de vulto no ramo da animação como “Toy Story”(as 3 épocas), “Ratatouille”, “Wall E” e “Up”. Produzido por John Lesseter, que foi do staff da Disney e volta ao estúdio que agora é dono da PIXAR, com direção de Dan Scalon ,da equipe do terrível “Carros” ( coisa do colecionador de automóveis e produtor) o filme repete tipos e situações e tenta dar lição de “boas maneiras”. Para se contar a hist7oria basta dizer que se passa na tal universidade (?) onde a prova maior é fazer mais medo às crianças. Lesseter comete o primeiro engano: o filme faz mais medo ao espectador adulto que se acompanha um fedelho é obrigado a passar quase duas horas num desses cinemas com 3D vendo correrias de desenhos toscos, fáceis de fazer. O filme é chato, a animação não traz novidades e para se dimensionar melhor a frustração basta dizer que uma das provas “universitárias "é uma corrida simples. Sem fazer caras feias (exceto as que já são assim). Creio que os autores, guiados pelo caráter Disney de produção, pensaram apenas nos menores de 10 anos. Quem soma mais idade se irrita. E só não sente que perdeu tempo por conta do curta metragem que antecipa: “O Guarda Chuva Azul”. Beleza. É um sinal dos criadores do estúdio que nessas pequenas amostras libertam seu potencial.