sábado, 16 de setembro de 2023


As primeiras imagens do filme “Barbie”  mostram meninas pré-históricas brincando com bonecas. O roteiro da diretora Greta Gerwick aposta na ideia de que as mulheres, desde que nascem, vislumbram seu futuro,  quem sabe, espelhando o comportamento das mães ou pessoas caras do ambiente  que encontraram no mundo. Noutras palavras é como a mulher se espelha no que lhe foi dado de cenário e em que vivem a partir da saída do útero materno.

  Gerwick afirma que a mulher logo sabe quem é. E Barbie seria o superlativo do instinto maternal.

Daria um filme interessante se não se afogasse na essência fisiológica seguindo o parâmetro de que o sexo controla o bebê desde que gerado.

Mas o filme que explora o contexto animal desliza pela ideia de que a futura Barbie-mulher seja também influenciada pelo masculino que logo desponta com sua carga psicofisiológica.

 

Barbie, a boneca, seria joguete nas mãos de Ken, o que parecia um novo brinquedo mas sufocado pela índole masculina posta no mundo para assegurar a procriação.

O filme endossa a tese de que a diferença sexual é um estímulo para conquistas e derrotas.

Infelizmente o tom fantasioso, apela para a ideia de que a anatomia é a arquiteta da gênese. Brinca demais com a forma fantasiosa como se tudo estivesse num brinquedo, onde a ideia de domínio passasse a ser discutida quando uma pessoa deseja lutar para impor seu sexo ou soubesse tratá-lo.

Mas qualquer pretensão se afoga em espécies de capítulos desajustados. Fica a ideia de que a boneca seja sempre o brinquedo de mocinhos instáveis. É como se a boneca perca terreno quando quer ser mais do que o boneco.

Uma linguagem confusa lembra um jogo onde faltam peças. Mesmo sabendo-se que na realidade as bonecas vendem mais do que os bonecos.

O filme fez boa bilheteria. Talvez porque Barbie seja popular como derivada de brinquedo. Mas como cinema é de esvaziar a caixa de papelão.