domingo, 27 de dezembro de 2009

OS MELHORES DE 2009 (ACCPA)

1º Alexandra (Idem. França/Rússia, 2007), de Alexandr Sokúrov – 68 pts.
2º Gran Torino (Gran Torino, Australia/ (EUA, 2008), de Clint Eastwood - 63 pts.
3º Amantes (Two Lovers, EUA, 2008), de James Gray – 55 pts.
4º Bastardos Inglorios (Inglourious Basterds, EUA, 2009) de Quentin Tarantino – 53 pts
5º O Sol (Solnze, (Rússia/Itália/França/Suiça, 2005), de Aleksandr Sokurov – 42 pts.
6º Inimigos Públicos (Public Enemies, EUA, 2009), de Michael Mann – 40 pts
7º Sinédoque Nova York (Synecdoche, New York, EUA, 2008), de Charlie Kaufman – 34 pts
Aquele querido mês de Agosto (idem, Portugal, 2008), de Miguel Mendes – 34 pts.
9º Up- Altas Aventuras (Up, EUA, 2009) de Peter Docter – 30 pts
10º Entre os muros da Escola (Entre les Murs, França, 2008) de Laurent Cantet – 24 pt.

Outras categorias

Melhor Diretor: Alexandr Sokúrov (Alexandra e O Sol)
Melhor Ator: Philippe Seymour Hoffman (Sinédoque , Nova York e Dúvida)
Melhor Atriz: Galina Vishnevskaya (Alexandra)
Melhor Ator Coadjuvante: Christoph Waltz (Bastardos Inglorios)
Melhor Atriz Coadjuvante: Emily Watson (Sinedoque Nova York)
Melhor Montagem: Jeffrey Ford e Paul Rubell (Inimigos Públicos)
Melhor Cenografia: Adam Stockhausen e Mark Friedberg (Sinedoque Nova York); David Wasco (Bastardos Inglório ); Nathan Crowley (Inimigos Públicos); e Jame Murakami (A Troca
Melhor Fotografia: Tom Stern (A Troca)
Melhor Trilha Sonora: Robert Althoff, Paul Aulicino, Paul Cohen e outros ( Bastardos Inglórios
Melhor Canção Original: A.R. Rahman (“Quem quer ser um Milionário”)
Melhor Figurino: Colleen Atwood (Inimigos Públicos)
Melhor Roteiro Original: Quentin Tarantino ( Bastardos Inglórios)
Melhor Roteiro Adaptado: John Patrich Shanley ( Dúvida )
Melhor Efeitos Especiais: Avatar, de James Cameron (Stan Winston Studios)
Melhor Animação: UP – Nas alturas, de Peter Docter
Melhor Documentário: Fellini – eu sou um grande mentiroso, de Damian Pettigrew
Melhor Reprise: “Morte em Veneza" de Luchino Visconti
Prêmio ACCPA - Cinema Brasileiro: "Moscou" de Eduardo Coutinho; e para o diretor Anselmo Duarte, pelo conjunto de sua obra.
Menção especial 1: Marco Antonio Moreira, presidente da ACCPA, pelas atividades de inclusão de novo e e manutenção dos espaços de cinema programados pela Associação.
Menção especial 2 : Fernando Segtovick, pelas ousadias em criar e produzir cinema em Belém/PA.
Menção especial 3: aos membros da ABDeC/PA e à gerência do Curro Velho, pela criação do Cine Clube “Pedro Veriano”, seja pela homenagem, seja por se constituir em mais um espaço de cinema alternativo e formação de platéia.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Melhores do Ano (2009)

Do que vi nos cinemas, neste ano que termina, elegi “Gran Torino” de Clint Eastwood em primeiro lugar. Sensibilizou-me a história do “velho ranzinza” que aprende não só a perdoar como a ajudar o próximo. O diretor-ator parece querer com o seu personagem redimir aquele que lhe deu fama nos idos de 60: Harry,O Sujo(Dirty Harry), detetive que fazia vingar a lei com uma pistola Magnum 44 em punho. Era outro Clint, jovem, atleta, saído dos faroestes italianos de Sergio Leone. E o começo da amizade com o diretor que foi o seu mestre nessa tarefa: Don Siegel. Hoje o que se vê é um homem maduro ciente da experiência ganha com o tempo, ensinando que o melhor é combater a violência e não usar da violência como uma forma de postura.
Em segundo lugar cito “Up”, a animação dos estúdios PIXAR. É o terceiro ano em que a turma dessa fábrica de desenhos animados em 3D invadem o meu campo de preferência. Os filmes dos anos anteriores foram “Wall E”(2008) e “Ratatouille”(2007). Neste exemplar que no ano em curso quase invade o primeiro posto, trata de um velho fabricante de balões que resolve voar literalmente para um recanto paradisíaco sonhado em comum com a esposa, recém-morta. O filme mostra todo o envolvimento do casal, desde que se conhecem até à morte da mulher. E sem falas, Um prodígio de linguagem cinematográfica, inovando o gênero até então restrito às crianças (a animação). Uma beleza de filme.
Em terceiro posto coloquei “Sinédoque em Nova York”, a idéia do cineasta Charlie Kaufmann, um dos mais inovadores que trabalham em Hollywood, que mistura teatro e vida, dizendo em uma edição prodigiosa que um diretor teatral tenta botar no palco as suas experiências pessoais e com isso imagina o seu mundo como parte desse palco (ou vice-versa). È “filme cabeça”, mas, no caso, vale a pena esquentar os miolos para compreende-lo.
“Amantes” segue um rapaz desiludido, único filho de pais que o protegem (ele é empregado do pai), que se aproxima de uma moça a quem o pai faz gosto de se tornar sua esposa, mas, por causa disso, capaz de rebelar-se e tenta achar que a sua eleita é outra mulher, uma vizinha sustentada por um homem casado. O diretor James Gray discute o aspecto "moral burguês"da história e discute com precisão as alternativas para o tipo sair de uma fossa. Ganha campo com bons desempenhos de todo o elenco, em especial de Joaquin Phoenix e Gwynett Paltrow .
“Rio Congelado”, meu 5° lugar, focaliza uma mulher casada, na fronteira dos EUA com o Canadá, a quem o marido deixa só com os dois filhos enquanto busca melhor trabalho. Passando necessidade, ela cede ao convite de uma índia em transportar imigrantes ilegais para o território norte-americano. O drama pessoal conjuga com a geografia ambiente. Tudo bem apresentado com a necesária "cor local", apoiando-se a narrativa em uma senhor atriz: Melissa Leo.
“Quem Quer Ser um Milionário?” foi o Oscar do ano e procede na acepção da luta do garoto indiano pobre que se torna autodidata e compete num programa de TV a ponto de se tornar atração nacional. O filme feito pelo inglês Danny Boyle segue a métrica do que se faz na industria cinematográfica da Índia, a chamada Bollywood(B de Bombain). É tão convincente a “cor local” que a gente custa a acreditar que se trata de uma obra “estrangeira”. Tudo funciona e com o otimismo raro no cinema moderno.E isso está longe de ser defeito como vê certa ala da critica.
“Alexandra”, filme do russo A. Solorov comove com a avó que vai ao campo de batalha ver como está passando o seu neto.
“O Visitante” acompanha um professor universitário que tolera imigrantes ilegais em seu apto em NY e acaba amigo deles através da música. Um exemplo de como a tolerância é importante na construção do bem comum.
“Carregador de Almas” é outro filme de diretor inglês bem aclimatado numa outra cultura (mais ainda do que fez Danny Boyle no seu “...Milionário”). Aqui é um desempregado que cede a um “bico” estranho: levar o corpo de um operário de construção civil, morto em serviço, para a sua casa perdida nas montanhas geladas. A lição da viagem aproxima as pessoas, reflete sobre vida e morte.
E ficou para o fim “Bastardos Inglórios”. Não pela explicitude da violência, mas pelo modo como se faz um glossário de cinema, citando filmes e fatos de forma cômica. Uma revisão gaiata da 2ª.Guerra pelo irreverente cineasta Quentin Tarantino. ([email protected])

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Pré-Natal

Chegando o fim do ano a gente que choca cinema passa em revista o que viu nos 12 meses. Hoje, com o DVD eu vejo a média de 2 filmes por dia(ou noite). Descubro e reviso imagens diversas. Às vezes penso no que disse o meu xará Peter Bogdanovich, mesmo que ele tenha desmentido depois:”os melhores filmes já foram feitos”. O problema é percebido pela sensibilidade de quem vê. Se antes eu pugnava pela grafia e temática hoje eu penso no que me toca. Devo ter percebido o que dizia o Didi (Edwaldo Martins), “o que balança o passarinho”. Tanto que a minha lista dos melhores de 2009 vai se arrastar para chegar a 10 títulos. Reconheço, por exemplo, que o cinema de Alksandr Sokurov tem valor. Mas não me seduz. E, sinceramente, não solto tantos foguetes para “Bastardos Inglórios” de Quentin Tarantino embora reconheça que é o melhor que este cineasta fez (não sou, decididamente, fã do que ele faz). Meus filmes mais queridos deste ano são “Up”, “Gran Torino”,”Rio Congelado”, e “Quem Quer Ser Um Milionário?”, embora dê espaço a “Sinédoque Nova York”, “Amantes” e “O Visitante”. Mas deixem pra lá, ainda não fiz a lista dos meus dez.
Morreu Gene Barry, o ator da primeira versão de “A Guerra dos Mundos”(infinitamente melhor do que a de Steven Spielberg, o foguetório amparado na computação gráfica). Lembro-me dele no esquecido “Cidade Atômica”(Atomic City) onde fazia um cientista nuclear às voltas com o seqüestro do filho por uma facção ligada ao pólo contrário da guerra fria. Gene, nesses papéis e em tanta coisa que fez para a TV, não era ator brilhante. Mas dava conta do recado. No “Guerra...” de Spielberg fez uma aparição meteórica até como uma homenagem ao seu personagem anterior. E seria a sua despedida. Tinha 90 anos.
Desde criança acompanho os lançamentos da Disney em desenho animado 2D. Tanto que o primeiro filme que eu vi foi “Branca de Neve e os 7 Anões”. Hoje quero ver “A Princesa e o Sapo”, embora não goste tanto do traço dos desenhistas, mesmo de Ron Clemens, já um veterano (dele “A Pequena Sereia”) como gostava do que faziam os “9 velhos”, a equipe que desenhou Pinocchio e Cinderella, dando espaço para quem esticou os personagens em “A Bela Adormecida”, afinal o advento de outra estética. Mas ainda prefiro a Disney nesta área da prancheta. O desenho dos estúdios PIXAR, aliado da empresa de Mickey, representam outra coisa. Acho fantásticos “Ratatouille’, “Wall E” e agora “Up”.
Dois filmes de Frank Capra foram programados pela ACCPA para o Natal: “Adorável Vagabundo”, titulo imbecil dado a “Meet John Doe” e “A Felicidade Não Se Compra!”, titulo genial dado a “It’s a Wonderful Life”(o próprio Capra disse que se soubesse antes do nome que deram no Brasil a seu filme mudaria o titulo de “Vida Maravilhosa”). Gosto de um e adoro outro. Gary Cooper é o arquétipo do New Deal de Roosevelt como o ícone adotado pelo povão a partir da vontade de gritar contra os desmandos públicos. A contra-ofensiva dos donos do poder o estraçalha mas, na noite de Natal, ele recupera o prestigio de ser um brilhante herói de ficção. Barbra Syanwyck, que foi namoradinha de Capra antes dele casar com a sua Lou, faz a jornalista que inventa o “John Doe”(equivalente ao nosso Zé Povinho).
Em “A Felicidade...”o herói é Jimmy Stewart, um tipo quixotesco que se vê ausente da vida de tantas pessoas e sabe como elas sentiriam a sua falta. Idéia de Philip Van Doren Stern que deu no mais bem trabalhado dos filmes de Capra. Basta a seqüência em que Stewart sabe do casamento do irmão e por isso de seu destino contrário ao que planejava seguir. Um close do ator em travelling é soberbo. Ele, Stewart, que fez tanto cinema com Hitchcock, disse várias vezes que foi o seu grande momento profissional.
Com essas jóias eu encerro o ano. Não desprezo a chegada de “Avatar” de James Cameron. Mas aí é outra coisa, é cinema-espetáculo. A ele a sua hora. (PV)