sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

1917


“1917”, o filme de Sam Mendes que ele diz se basear em historias contadas por um seu parente, começa com um vasto travelling percorrendo as trincheiras onde estão os soldados ingleses escapando dos alemães durante a I Guerra Mundial. Impressiona não só o movimento de câmera como  a cenografia e a iluminação. Logo se acompanha dois cabos que são encarregados de levar uma mensagem além da linha inimiga. A viagem é a trama, e deve durar um dia mas as imagens mostram noite.E muitas situações que se acompanha com algum suspense embora salte inverossimilhanças como uma carta que o soldado sobrevivente leva ao seu objetivo e que surge incólume depois que ele, soldado, passa o diabo no caminho, inclusive percorrendo um rio encachoeirado.
                O filme é um exercício de estilo. Se visto sem se pensar na verossimilhança é uma joia. Mas não há cheiro de realismo. Nem se quer mostrar a missão executada pelo protagonista como metáfora da coragem ou da pugna pela amizade entre combatentes.
                Há coisas indesculpáveis como a presença da única mulher em cena que surge num improvável acampamento e ainda com uma criança de colo.
                Mas ninguém sai do cinema sem sentir a dinâmica da narrativa. “1917” pode ser até mesmo inverossímil como amostragem de uma época que diz focalizar, mas é cinemática pura, movimento célere com imagens bem construídas, prodígio mesmo de cenografia (e capital empregado na produção).
                O filme concorre a muitos Oscar e já tem um Globo de Ouro. Como em sua definição básica cinema é movimento na recriação de uma realidade sem compromisso de espelho, vale pensar em mais prêmios. Mendes trabalhou bem no set embora tenha divagado na escrita do seu roteiro.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

4 Irmãs


                O romance “Little Women” de Louisa May Alcott ja foi varias vezes filmado. A nova verão, de 2019, engloba uma prévia sobre a edição do livro que narra a vida de 4 irmãs na época da Guerra de Secessão, quando o pai delas está lutando  pelo exercito da União. Es-pecificamente a trama da irmã mais velha, Jo, e da mais nova Beth que morre por causa de uma infecção que se fala como escarlatina.
                No filme de agora dirigido por Greta Gerwig ressalta-se a cenografia e o elenco, todas as atrizes bem colocadas em seus papeis. Mas o roteiro joga no tempo e dilui a emoção que se sentiu na versão de 1949 por Mervyn Le Roy(por sinal que a única interprete ainda viva é Margaret O’Brian que no filme faz a que morre). Eu vi o filme no lançamento brasileiro, e nunca o esqueci (e valeu a revisão em dvd agora). Há quem fale bem do trabalho de George Cukor em 1933 com Katherine Hepburn.  O tema chegou até a virar serie de TV  por Vanessa Caswell em 2018.
                Não conheço o livro, mas as adaptações para cinema refletem um fato:  o potencial romântico que permanece mesmo agora, com o cinema comercial apostando nos heróis de quadrinhos e na violência desenfreada como observei na nova aventura de Rambo (Stallone), a meu ver o filme mais violento que se fez em muitos anos.
                Nada para ganhar premio. Mas o Oscar tem razões que a razão desconhece. Daí as candidaturas do novo filme contra apenas a de fotografia em 1949. Nesta disputa atual quer vencer em 6 categorias. Pretensão que a bilheteria respalda. Por aqui chama-se “Adoráveis Mulheres”. Pode ser mas como cinema não endossa de forma global esta adoração.