domingo, 29 de março de 2015

O Filho da Bruxa


               É comum se dizer diante de fatos seguidamente ruins que a bruxa está solta. Cabe o presságio vendo este “O Sétimo Filho” que está nos cinemas. Uma historia sem o prologo “era uma vez” em que um velho místico luta contra uma bruxa que ele já tinha aprisionado . Para surtir bom efeito na briga procura, seguindo profecias, o sétimo filho do sétimo filho de um aldeão. Encontra o mocinho e parte para o campo de batalha. Temperando a coisa há uma mocinha na historia que é filha da irmã da bruxa e apesar de gostar do ajudante do velho mago respeita a tia e rouba dele um talismã, ofertado pela mãe, que torna imune quem enfrenta as magias.

               O pífio enredo é motivo para uma avalanche de efeitos visuais moldados em computador. No tempo de artista da stop-motion como George O’Brien (o “pai” do King Kong), a técnica de botar fantasia na tela era árdua e seguia os passos de George Mèliés. Hoje é fácil. Mas a imaginação por trás do carnaval de imagens grotescas nem sempre funciona. É preciso uma base na trama. Coisa que escapa de “O 7° Filho”.

               Julianne Moore, antes de ser a Alice com Alzheimmer, é a bruxa mor. O que não se faz para manter as despesas...

               O filme que eu vi em copia download, deu raiva. Não ganha o titulo de filho da puta porque a mãe dele é também maga. E vira farelo na historia.

domingo, 22 de março de 2015

Nova Cinderela e Godard


               A animação “Cinderela”  dos Disney é um dos meus filmes prediletos na área. E tem motivos sentimentais no meio da preferencia. Foi um sucesso no meu Bandeirante, cineminha caseiro, e de tanto exibi-lo sabia de cor as falas e musicas. Hoje a historia de Perrault e chega pela mesma Disney com atores. O diretor Kenneth Branagh é shakespeariano na linha Laurence Olivier. Bom sinal. Espero é que chegue uma cópia legendada. No tempo do desenho de 1950 a dublagem era feita por Braguinha e Aloisio de Oliveira e tudo funcionava. Além disso, minha audição era joia. Hoje perco muito das falas. E detesto dublagem (principalmente pela deturpação do original). Espero a estreia e, quem sabe, o download.

               Nunca fui tão pouco a cinema como agora. O que não quer dizer que não veja filmes. Vejo a média de 3 por dias em DVD & Bluray. Muito que ainda não chegou por aqui nem vai chegar. Há joias e esterco. Marco “Kubrick” Antônio me trouxe o ultimo Godard. Detesto s filmes desse francês. Moniz Vianna o definiu assim: duas pessoas falam, numa mesa, uma defronte da outra, e Godard fica o meio da mesa. Curioso é que a copia em DVD de “Gigi”, veiculada pela Warner em fullscreen (tela cheia) cortava o plano  se ouvia Maurice Chevalier cantando para a comparsa sem muitas vezes vê-lo. Cinema para mim é outra coisa. Criar em imagens não é subverter a linguagem cinematográfica. É construir com ela. Você não escreve um texto com letras jogadas sem ordem no papel. Claro que há poesia com essa licença. Mas não comunica. E eu gosto de filmes que me toque. Daí pular fora do que fazia monsieur Godard. Bem, ainda se faz cinema de outro jeito. Ou melhor, do jeito que Griffith achou de construir.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Alice de Julianne


               Um bom ator festeja quando lhe dão papel substancial. Julianne Moore depois de andar por blockbusters conseguiu ser a professora Alice que é acometida de Alzheimer e vai definhando com a capacidade de saber o que lhe está acontecendo.

               “Para Sempre Alice”deu à atriz um merecido Oscar.É preciso se considerar a dificuldade de uma interpretação em cinema. No teatro o artista ganha a continuidade ao encarnar a personagem. Mas no cinema isso é fragmentado(as sequencias) e há closes que pedem expressões não vistas no palco.

               Julianne dá conta do recado. Sua Alice lembra a Iris de Judy Dench. Tipos semelhantes. É o cinema indo fundo na alma da pessoa,no caso no que muda com a doença, contrastando com a imagem de sanidade.

               O filme de Julianne, digo mais dela do que do diretor Richard Glatzer, foi o que valeu numa semana nas salas comerciais de Belém (fora “Birdman”). Gostei pois foi numa semana em que uma impertinente dengue me deixou sem forças de enfrentar as salas geladas.

terça-feira, 3 de março de 2015

50 Anos do Som da Música


               “A Noviça Rebelde”(The Sound of Music) faz 50 anos. Marie Von Trapp, a personagem básica, esteve em Belém com a sua família de adolescentes cantores. Exibiu-se na SAI (Sociedade Artistica Internacional, hoje APL).Sem sucesso. E nesse tempo havia surgido o filme alemão “A Familia Trapp”(Die Trapp-Familie/1956) de Wolfgang Lieberneiner com Ruth Leuwerick contando a historia dessa senhora que escapou com os filhos adotivos da Alemanha nazista. O filme fez tanto sucesso, especialmente em seu país de origem, que mereceu uma continuação, “A Familia Trapp na America”(Die Trapp-Familie in Amerika/1958) do mesmo diretor e  do roteirista Herbert Reincek com base nas memórias da própria Marie Von Trapp.Todos os filmes andaram por aqui. Eu os vi. Mas não os guardei na memoria até surgir o musical de Robert Wise que livrou a Fox da falência e marcou o recorde de um ano em cartaz no Cine Palácio do Rio (aqui passou mais de uma semana no OLimpia e andou em 16mm pelo Cine Clube APCC sendo exibido no auditório do Curso de Odontolgia).

               Foi o ultimo filme que minha mãe assistiu em cinema. E um dos musicais que mais me atraíram (eu não era fã do gênero).Minhas filhas cresceram cantando “Do Re Mi”ou mesmo “The Sound of Music”. Um filme que marcou um tempo. Mas não o vejo só como uma relíquia sentimental. É um modelo de espetáculo, sabendo dosar em mais de duas horas e meia o romantismo do enredo amparado numa direção capaz e na simpatia dos interpretes.

               Christopher Plummer é que disse depois ter lamentado fazer o Barão Von Trapp. Besteira.  Foi o papel que lhe impulsionou a carreira.

               Julie havia sido Mary Poppins mas sua Marie Von Trapp me pareceu mais carismática. Mary tocava mais às crianças. Marie foi além.

               Vou rever o filme agora prestando minha homenagem à minha própria memória neste cinquentenário.

domingo, 1 de março de 2015

Birdman

               O chamado plano-sequencia é um desafio do cineasta em compilar as informações desejadas em uma só tomada, sem parar de rodar a câmera. Hitchcock tentou isso em “Festim Diabólico”(The Rope/1949). Robert Altman repetiu na primeira sequencia de “O Jogador(The Player/1992). Esse meio de expressão foi tentado por Alejandro Iñarritu em “Birdman”(2014). Seria a maneira de apresentar a agonia do ex-ator de filme comercial, interprete do super-herói Birdman (Homem Pássaro), guinado a diretor de teatro para provar que é um  artista e não um elemento de projetos comerciais.
               A câmera corre por corredores & bastidores do teatro muitas e muitas vezes. Quando chega ao camarim do personagem também se mostra nervosa, sem hiatos. A “folga”seria o devaneio do ator que se vê como o seu herói de gibi voando por sobre ruas e prédios de NY.
               O filme poderia seguir uma linguagem introspectiva a la Antonioni, demorando-se em planos médios e jogando falas. Mas quer sempre ser cinema(movimento). Dessa forma “Birdman”é um filme marcante. Critica a grande indústria que vive iludindo a plateia, critica o modo de se fazer teatro, quer ir dentro da alma do artista embutido na mediocridade que lhe querem (sempre) dar.

               Rigoroso na sua experiência, impressiona. É cinema total.