sábado, 24 de novembro de 2018

Luzes da Ribalta


“Luzes da Ribalta”(Limilight) é de 1952 e só passou nos EUA muitos anos mais tarde com Charles Chaplin vindo de seu exilio voluntario na Suíça para recebe um ou dois Oscar como forma de arrependimento da indústria cinematográfica  norte-americana por seu trabalho que o pessoal de McCarthy achou obra de um comunista e ele teve de seguir para Londres, afinal sua terra que jamais trocou de identidade.
O filme não lembra Carlitos, o vagabundo. É amargo ao focar um comediante velho, alcoólatra, salvando do suicídio uma bailarina a quem passa a proteger e afinal a quem deve sua reabilitação de pessoa humana e artista.
Com uma canção que marcou época, inclusive aqui no Brasil, “Luzes da Ribalta” trocou as gargalhadas das comedias mudas do cineasta pelas lagrimas de quem não se continha ao ver Calvero, ou o que restou de Carlitos,  cair no palco, dentro de um tambor, quando as forças desaparecem.
Lembro de que se anunciou o filme no Olimpia por muitos meses, com o titulo pintado em um espelho que ficava na sala de espera e podia ser visto da rua. Havia grande curiosidade em torno dessa estreia até por que a musica virou prefixo de uma emissora de radio local.
Calvero seria de fato o Carlito agonizante. Depois deste filme faria o magoado “Um Rei em Nova Iorque” onde exteriorizava a sua magoa dos EUA, e um verdadeiro engano: “A Condessa de Hong Kong”. Com uma bagagem de clássicos, Chaplin é mesmo o símbolo do cinema. Rever seus filmes é um permanente prazer. Este de 1952 passa agora numa Sessão Cult do Libero Luxardo. Vale muito rever.


quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Bohemian Rhapsody


Para quem, como eu, desconhece a discografia do grupo Queen e pouco sabe de Fred Mercury o filme “Bohemian Rhapsody”com sequenciais moduladas e bem jogadas no tempo,  sustenta-se no ator Rami Malek, por sinal um nome que eu desconhecia. Ele se esforça para deixar a imagem de um crooner de rock bissexual, às vezes evidenciando a postura homo, especialmente na primeira fase da narrativa.
Fred Mercury teria adquirido AIDS no Rio onde esteve por ocasião de um dos Rock’nRio e ainda uma segunda vez quando se meteu em orgia. Mas isso o filme omite. E nem quero entrar no rol da turma que detestou “Rhapsody”por fugir da realidade mesmo com roteiro vindo da biografia autorizada do artista. E há um detalhe: o diretorBryan Singer foi demitido no meio das filmagens, e Dexter Fletcher, o substituiu. Não  vi estilos em choque. Há uma certa unidade formal e o caminho para uma apoteose é valido, comovendo os fãs do tipo de musica.
Um filme interessante, especialmente para os apreciadores do ritmo focalizado. Eu, de fora, vi a forma (sem rima irônica).

sábado, 17 de novembro de 2018

O Grande Circo Místico


 “O Grande Circo Místico”é um projeto megalómano de Carlos Diegues que não consegue se realizar por conta de um roteiro esquemático. Este roteiro parte de um poema de Jorge de Lima e mostra varias gerações de uma família (Knieps) a partir da criação de um circo em 1910(vai até o que diz ser o século XXI). Mas as personagens são esterotipadas sem que essa predileção seja por conta de um quadro poético que parte da visão do cometa Halley até que ele volte a ser viso(em 1986) mas até aí vazando ideia com prosseguimento da narrativa até chegar num quadro simbólico, com gêmeas acrobáticas pairando nuas como se voassem a partir de seus trapézios.
Os estereótipos são  marcados por atos sexuais, gravidez  quase sempre forçada, nascimentos e mortes sem que o quadro justifique o que diz uma espécie de corifeu: “c’est la vie”(e o ator francês Vincent Cassel está no elenco). A continuidade de cinco gerações passa em sequencias que desprezam o circo, ficando muito pouco dos domadores de feras, trapezistas e até mesmo dos palhaços (no caso mais tristes do que o próprio roteiro que mostra sempre um circo abandonado, sem que isso signifique o eclipse de uma arte & diversão).
            Fiquei decepcionado com o filme do Cacá. Marcou especialmente a fotografia que realça claro e escuro e capricha nos closes. Mas não serve de apoio ao que se quer contar. Alias, fica  reticente a historia. É um mosaico quebrado de boas intenções.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Filmes & Milagres


Dois filmes sobre supostas aparições de santas para jovens aldeãs ganham espaço nas lojas e veideotecas:”O Terceiro Milagre”(The Third Miracle) de Agnieszka Holland e “A Aparição”(L’Aparitione) de Xavier Giannoli. No primeiro um sacerdote católico investiga a vida de uma recém-falecida que teria feito milagres a tempo de uma estatua da Virgem Maria chorar sangue. No outro filme não é nem um padre que investiga fato semelhante, só que a moça que disse ter visto e falado com a santa ainda vive e é festejada como milagreira. É um professor de teologia que o Vaticano chama para provar se o fato é ou não verdadeiro.
                Os filmes se atraem e no caso de “A Apariçao” é não é citado Richard Vetere autor da historia em que se baseou “O Terceiro Milagre”(feito antes). Surpreende, pois os fatos se atraem. Só que em “A Aparição” a trama conclui no enfoque da personagem investigada, uma jovem que no fim das contas ganha o perfil de mártir embora o sofrimento que lhe chega não se ampare no fato em si. Também o investigador membro do clero mostra-se sensível aos encantos da filha da investigada embora não chegue ao relacionamento sexual (embora não se diga “virgem” nem combata o amor mesmo sem derrubar o dogma da castidade).
                Os filmes são bem realizados. O de Holland, veterana polaca de currículo apreciável, pareceu-me mais interessante e mesmo mais fluente. Bom trabalho do ator Ed Harris. Mas não se negue ao que fez Xavier Giannoli, especialmente de um roteiro mais denso a cargo dele e mais Jacques Fieschi e Marcia Romano.
                Os filmes podem ser encontrados em dvd.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Ele Voltou


O filme de Luca Miniero “Eu Voltei”(Solo Tornato) pode ser visto como uma versão italiana do que fez  David Wmendt do texto de Timur Vernes “Ele Voltou”, comédia alemã sobre uma volta de Hitler e a repercussão do nazismo nos tempo atuais.
O novo filme, com roteiro de Nicola GuaglianoneLuca Miniero é um autentico carbono do que se pode ver ainda hoje na Netflix. A diferença é que a volta agora é de Benito Mussolini e a predica é o fascismo. Também o ditador italiano ganha programa de televisão, impressiona a diretora do programa, e apesar de demonstrar algumas “maldades” como matar um cachorro, acaba ovacionado nas ruas quando passa de carro na ultima sequencia filmada.
O ator Massimo Popolizio dá o recado mas é uma caricatura do Duce e o que importa é como passa a ser admirado hoje, uma nova critica a evocar uma predileção popular por regime da extrema direita ou a força como forma de mudar a sociedade.
Como cinema é uma copia sem brilho de uma ideia interessante já filmada. Se a critica trata o neofascismo como tratou o neonazismo tudo bem mas em traços esquemáticos como um rascunho da postura universal pelo regime de força. Só falta agora surgiram filmes sobre outros ditadores do passado. Que tal Stalin ? Ou é só o mando militar “direita volver”.


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Infiltrado na Klan


É o início dos anos 1970 Ron Stallworth (John David Washington) torna-se o primeiro detetive afro-americano no Departamento de Polícia de Colorado Springs embora sua admissão seja recebida com certa hostilidade pelo departamento. Mas Stallworth ganha espaço quando resolve entrar numa missão perigosa que é  infiltrar-se  na Ku Klux Klan. Comunicando-se por telefone e dizendo-se um branco extremista racista ele chega a ter bom relacionamento com o Grande Feiticeiro da entidade, David Duke (Topher Grace), Para reforçar a investigação  o colega  Flip Zimmerman (Adam Driver), passa por encontros pessoais com membros do grupo racista ganhando conhecimento de um plano de exterminio.
O filme “Infiltrado na Klan” de Spike Lee não só denuncia os meandros do movimento racista nos EUA como amplia a investigação com ar de critica para o mundo todo. Até aqui nos estamos no jogo de preconceito com serias ameaças a negros, índios, amarelos e o mais que se veja como minoria social. Lee mostra bem o processo discriminatório e o quanto é necessário aborta-lo. Um filme sempre atual, muito bem narrado, que deve ser visto. Ainda bem que está chegando aos cinemas comerciais. É um bom derivativo na programação de franquias bobas.
 No elenco, Alec Baldwin, John David Washington, Isiah Whitlock Jr., Robert John Burke, Brian Tarantina e Arthur J. Nascarella.


terça-feira, 6 de novembro de 2018

Ele Está de Volta


Ele Está de Volta (Er ist wieder da)

“Ele Está de Volta”(Er ist wieder da) é uma comédia alemã dirigida por David Wnendt com um roteiro de David Wnendt, Mizzi Meyer, Marco Kreuzpaintner, Johannes Boss, e Collin baseado em um livro de Timur Vernes. Basicamente trata de uma inexplicada volta no tempo de Adolf Hitler, o ditador nazista saindo de seu bunker na Berlim de 1945 para a capital alemã de 2014. Um produtor de TV acha que se trata de um tipo de ator inspirado e o segue numa jornada pelo novo cenário na vida alemã contrapondo com a ideias do passado que gradativamente ressurgem .
O que interessa nessa historia é   a ceitação de Hitler no mundo moderno, especialmente na Alemanha. Jovens aplaudem o “ator” especialmente quando ele aparece na televisão. E os próprios produtores culturais aceitam a volta das ideias nazistas.
            O filme ganha um espaço crítico universal nos dias de hoje. As ditaduras de direita ressurgem em vários países do mundo e cada vez mais as sociedades se polarizam: cada vez mais abandonando a esquerda de Stalin, o comunismo deturpado pelo ditador russo, e  aplaudindo a opressão nazifascista. No bolo ideológico a democracia entra como um tempero pouco “estranho”.
            O filme tem seus percalços numa exposição nem sempre objetiva de seu conteudo. Mas a apresentação do tipo, muito bem interpretado por  Oliver Masucci, garante não só o teor critico como o lado cômico (ver a sequencia em que Hitler derruba inadvertidamente uma banca de revistas).
            Hoje até por aqui, com a volta do regime de direita, o filme cai bem. Está na Netflix. É raro ver uma comédia alemã. E que tenha graça.

 Oliver Masucci,