segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Melhores do cinema em 2018


Melhores do cinema em 2018
1-3 ANUNCIOS PARA UM CRIME de Martin McDonagh
2-RODA GIGANTE  de Woody Allen
3-VIVA,A  VIDA É UMA FESTA de  Lee UnkrichAdrian Molina
4-O DESTINO DE UMA NAÇÃO de Joe Wright
5-EU, TONYA  de Craig Gillespie
6-BUSCANDO de  Aneesh Chaganty
7- UMA NOITE EM 12 ANOS  de Alvaro Breschner 
8-THE POST-GUERRA SECRETA de Steven Spielberg
9-O PRIMEIRO HOMEM  de Damien Chazele
10-INFILTRADO NO KLAN de Spike Lee.
Diretor- Martin Mc Donagh (3 anuncios...)
Ator-Gary Oldoman
Atriz-  Frances McDormand
Ator codajuvante- Jim Belushi (Roda Gigane)
Atriz Coadjuvante-Alison Janoy (Run Tonya)
Animação- VIVA
Roteiro original- Martin McDonagh (3 Anuncios…)
Roteiro adaptado-
...(Viva)

...(Viva)

...(Viva)

(Viva)

Fotografia- Linus Sandgren(O Primeiro Homem na Lua)
Musica- Michael Giacchino (Viva)__
(Buscando)
Documentario –Agnes Varda(Visages Village)
Maquilage- David Malinowski(Gary  Oldman)
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terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Carlitos no circo


“O Circo”(The Circus/1928)fica entre duas obras-primas de Chaplin: “Em Busca do Ouro”(The Golden Rush/1926) e “Luzes da Cidade”(Citylights/1931).  Esta posição afeta se levarmos em conta que se trata de um filme menor, de mais uma aventura de Carlitos do que uma comédia dramática a culminar com aquele plano dele rindo e chorando no final de “Luzes...”
                Mas há uma ligeira semelhança com o que se veria em “Tempos Modernos”(Modern Times/1936) em especial no epilogo. Aqui, na arena abandonada do circo que se vai, Carlitos é o solitário,o vagabundo sem vez ao ficar sem a querida cigana, que se casa com outro, e sem o emprego no picadeiro embora admitido na equipe circense.
                Há momentos antológicos como a pantomina na entrada do circo para despistar os seguidores. E Chaplin associa o seu vagabundo a um palhaço embora a superioridade do tipo leve ao seu destino como membro da família circense.
                “O Circo” apesar de ser menor do que as outras obras clássicas mesmo assim faz rir e comover. Formula do ícone do cinema;
                Boa apresentação com musica ao vivo no nosso Olympia.Hoje, dia 26/12/2018


quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Papa Francisco por Win Wenders


Eu tinha muita curiosidade em ver o filme que Win Wenders (diretor de “Paris, Texas”) fez sobre o papa Francisco. Nos cinemas brasileiros chegou para as salas do sudeste. O norte sobrou (como de habito).Consegui ver o dvd. E valeu esperar. Wenders acompanhou o papa argentino com imagens desde que ele era bispo em Buenos Aires. Ressaltou as falas em que o religioso franciscano(e sempre se mostra Francisco de Assis, usando imagens de filmes especialmente o de Rosselini) ataca os temas polêmicos como a pedofilia entre clérigos, a homossexualidade, o armamentismo das grandes nações, e especialmente a miséria no mundo, evidenciando comunidades africanas.
O filme segue  Francisco  ( o argentino de 82 anos Jorge Mario Bergoglio) nas viagens que fez por diversos países inclusive o Brasil. E no ataque à fome dos menos favorecidos ele chega, na fala brasileira, a mencionar “agua no feijão”(todo mundo ri com uma formula real). Ganha campo na chegada a outras religiões especialmente quando vai ao Muro da Lamentação chegando ao amago do islamismo.
Francisco é realmente o papa que o século XXI pedia. O filme é muito feliz na amostragem do verdadeiro diplomata que se ampara na fé em Deus. Surpreende vir de um diretor não apegado a esse tipo de “mensagem”. O cinema de Wenders sempre me pareceu frio. Agora foge para uma formula que pode ser a ideal para um mundo melhor. Não é otimismo cinematográfico, é uma aposta no que possa mudar em todos os seres humano.
Vale a pena conhecer o filme.

sábado, 24 de novembro de 2018

Luzes da Ribalta


“Luzes da Ribalta”(Limilight) é de 1952 e só passou nos EUA muitos anos mais tarde com Charles Chaplin vindo de seu exilio voluntario na Suíça para recebe um ou dois Oscar como forma de arrependimento da indústria cinematográfica  norte-americana por seu trabalho que o pessoal de McCarthy achou obra de um comunista e ele teve de seguir para Londres, afinal sua terra que jamais trocou de identidade.
O filme não lembra Carlitos, o vagabundo. É amargo ao focar um comediante velho, alcoólatra, salvando do suicídio uma bailarina a quem passa a proteger e afinal a quem deve sua reabilitação de pessoa humana e artista.
Com uma canção que marcou época, inclusive aqui no Brasil, “Luzes da Ribalta” trocou as gargalhadas das comedias mudas do cineasta pelas lagrimas de quem não se continha ao ver Calvero, ou o que restou de Carlitos,  cair no palco, dentro de um tambor, quando as forças desaparecem.
Lembro de que se anunciou o filme no Olimpia por muitos meses, com o titulo pintado em um espelho que ficava na sala de espera e podia ser visto da rua. Havia grande curiosidade em torno dessa estreia até por que a musica virou prefixo de uma emissora de radio local.
Calvero seria de fato o Carlito agonizante. Depois deste filme faria o magoado “Um Rei em Nova Iorque” onde exteriorizava a sua magoa dos EUA, e um verdadeiro engano: “A Condessa de Hong Kong”. Com uma bagagem de clássicos, Chaplin é mesmo o símbolo do cinema. Rever seus filmes é um permanente prazer. Este de 1952 passa agora numa Sessão Cult do Libero Luxardo. Vale muito rever.


quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Bohemian Rhapsody


Para quem, como eu, desconhece a discografia do grupo Queen e pouco sabe de Fred Mercury o filme “Bohemian Rhapsody”com sequenciais moduladas e bem jogadas no tempo,  sustenta-se no ator Rami Malek, por sinal um nome que eu desconhecia. Ele se esforça para deixar a imagem de um crooner de rock bissexual, às vezes evidenciando a postura homo, especialmente na primeira fase da narrativa.
Fred Mercury teria adquirido AIDS no Rio onde esteve por ocasião de um dos Rock’nRio e ainda uma segunda vez quando se meteu em orgia. Mas isso o filme omite. E nem quero entrar no rol da turma que detestou “Rhapsody”por fugir da realidade mesmo com roteiro vindo da biografia autorizada do artista. E há um detalhe: o diretorBryan Singer foi demitido no meio das filmagens, e Dexter Fletcher, o substituiu. Não  vi estilos em choque. Há uma certa unidade formal e o caminho para uma apoteose é valido, comovendo os fãs do tipo de musica.
Um filme interessante, especialmente para os apreciadores do ritmo focalizado. Eu, de fora, vi a forma (sem rima irônica).

sábado, 17 de novembro de 2018

O Grande Circo Místico


 “O Grande Circo Místico”é um projeto megalómano de Carlos Diegues que não consegue se realizar por conta de um roteiro esquemático. Este roteiro parte de um poema de Jorge de Lima e mostra varias gerações de uma família (Knieps) a partir da criação de um circo em 1910(vai até o que diz ser o século XXI). Mas as personagens são esterotipadas sem que essa predileção seja por conta de um quadro poético que parte da visão do cometa Halley até que ele volte a ser viso(em 1986) mas até aí vazando ideia com prosseguimento da narrativa até chegar num quadro simbólico, com gêmeas acrobáticas pairando nuas como se voassem a partir de seus trapézios.
Os estereótipos são  marcados por atos sexuais, gravidez  quase sempre forçada, nascimentos e mortes sem que o quadro justifique o que diz uma espécie de corifeu: “c’est la vie”(e o ator francês Vincent Cassel está no elenco). A continuidade de cinco gerações passa em sequencias que desprezam o circo, ficando muito pouco dos domadores de feras, trapezistas e até mesmo dos palhaços (no caso mais tristes do que o próprio roteiro que mostra sempre um circo abandonado, sem que isso signifique o eclipse de uma arte & diversão).
            Fiquei decepcionado com o filme do Cacá. Marcou especialmente a fotografia que realça claro e escuro e capricha nos closes. Mas não serve de apoio ao que se quer contar. Alias, fica  reticente a historia. É um mosaico quebrado de boas intenções.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Filmes & Milagres


Dois filmes sobre supostas aparições de santas para jovens aldeãs ganham espaço nas lojas e veideotecas:”O Terceiro Milagre”(The Third Miracle) de Agnieszka Holland e “A Aparição”(L’Aparitione) de Xavier Giannoli. No primeiro um sacerdote católico investiga a vida de uma recém-falecida que teria feito milagres a tempo de uma estatua da Virgem Maria chorar sangue. No outro filme não é nem um padre que investiga fato semelhante, só que a moça que disse ter visto e falado com a santa ainda vive e é festejada como milagreira. É um professor de teologia que o Vaticano chama para provar se o fato é ou não verdadeiro.
                Os filmes se atraem e no caso de “A Apariçao” é não é citado Richard Vetere autor da historia em que se baseou “O Terceiro Milagre”(feito antes). Surpreende, pois os fatos se atraem. Só que em “A Aparição” a trama conclui no enfoque da personagem investigada, uma jovem que no fim das contas ganha o perfil de mártir embora o sofrimento que lhe chega não se ampare no fato em si. Também o investigador membro do clero mostra-se sensível aos encantos da filha da investigada embora não chegue ao relacionamento sexual (embora não se diga “virgem” nem combata o amor mesmo sem derrubar o dogma da castidade).
                Os filmes são bem realizados. O de Holland, veterana polaca de currículo apreciável, pareceu-me mais interessante e mesmo mais fluente. Bom trabalho do ator Ed Harris. Mas não se negue ao que fez Xavier Giannoli, especialmente de um roteiro mais denso a cargo dele e mais Jacques Fieschi e Marcia Romano.
                Os filmes podem ser encontrados em dvd.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Ele Voltou


O filme de Luca Miniero “Eu Voltei”(Solo Tornato) pode ser visto como uma versão italiana do que fez  David Wmendt do texto de Timur Vernes “Ele Voltou”, comédia alemã sobre uma volta de Hitler e a repercussão do nazismo nos tempo atuais.
O novo filme, com roteiro de Nicola GuaglianoneLuca Miniero é um autentico carbono do que se pode ver ainda hoje na Netflix. A diferença é que a volta agora é de Benito Mussolini e a predica é o fascismo. Também o ditador italiano ganha programa de televisão, impressiona a diretora do programa, e apesar de demonstrar algumas “maldades” como matar um cachorro, acaba ovacionado nas ruas quando passa de carro na ultima sequencia filmada.
O ator Massimo Popolizio dá o recado mas é uma caricatura do Duce e o que importa é como passa a ser admirado hoje, uma nova critica a evocar uma predileção popular por regime da extrema direita ou a força como forma de mudar a sociedade.
Como cinema é uma copia sem brilho de uma ideia interessante já filmada. Se a critica trata o neofascismo como tratou o neonazismo tudo bem mas em traços esquemáticos como um rascunho da postura universal pelo regime de força. Só falta agora surgiram filmes sobre outros ditadores do passado. Que tal Stalin ? Ou é só o mando militar “direita volver”.


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Infiltrado na Klan


É o início dos anos 1970 Ron Stallworth (John David Washington) torna-se o primeiro detetive afro-americano no Departamento de Polícia de Colorado Springs embora sua admissão seja recebida com certa hostilidade pelo departamento. Mas Stallworth ganha espaço quando resolve entrar numa missão perigosa que é  infiltrar-se  na Ku Klux Klan. Comunicando-se por telefone e dizendo-se um branco extremista racista ele chega a ter bom relacionamento com o Grande Feiticeiro da entidade, David Duke (Topher Grace), Para reforçar a investigação  o colega  Flip Zimmerman (Adam Driver), passa por encontros pessoais com membros do grupo racista ganhando conhecimento de um plano de exterminio.
O filme “Infiltrado na Klan” de Spike Lee não só denuncia os meandros do movimento racista nos EUA como amplia a investigação com ar de critica para o mundo todo. Até aqui nos estamos no jogo de preconceito com serias ameaças a negros, índios, amarelos e o mais que se veja como minoria social. Lee mostra bem o processo discriminatório e o quanto é necessário aborta-lo. Um filme sempre atual, muito bem narrado, que deve ser visto. Ainda bem que está chegando aos cinemas comerciais. É um bom derivativo na programação de franquias bobas.
 No elenco, Alec Baldwin, John David Washington, Isiah Whitlock Jr., Robert John Burke, Brian Tarantina e Arthur J. Nascarella.


terça-feira, 6 de novembro de 2018

Ele Está de Volta


Ele Está de Volta (Er ist wieder da)

“Ele Está de Volta”(Er ist wieder da) é uma comédia alemã dirigida por David Wnendt com um roteiro de David Wnendt, Mizzi Meyer, Marco Kreuzpaintner, Johannes Boss, e Collin baseado em um livro de Timur Vernes. Basicamente trata de uma inexplicada volta no tempo de Adolf Hitler, o ditador nazista saindo de seu bunker na Berlim de 1945 para a capital alemã de 2014. Um produtor de TV acha que se trata de um tipo de ator inspirado e o segue numa jornada pelo novo cenário na vida alemã contrapondo com a ideias do passado que gradativamente ressurgem .
O que interessa nessa historia é   a ceitação de Hitler no mundo moderno, especialmente na Alemanha. Jovens aplaudem o “ator” especialmente quando ele aparece na televisão. E os próprios produtores culturais aceitam a volta das ideias nazistas.
            O filme ganha um espaço crítico universal nos dias de hoje. As ditaduras de direita ressurgem em vários países do mundo e cada vez mais as sociedades se polarizam: cada vez mais abandonando a esquerda de Stalin, o comunismo deturpado pelo ditador russo, e  aplaudindo a opressão nazifascista. No bolo ideológico a democracia entra como um tempero pouco “estranho”.
            O filme tem seus percalços numa exposição nem sempre objetiva de seu conteudo. Mas a apresentação do tipo, muito bem interpretado por  Oliver Masucci, garante não só o teor critico como o lado cômico (ver a sequencia em que Hitler derruba inadvertidamente uma banca de revistas).
            Hoje até por aqui, com a volta do regime de direita, o filme cai bem. Está na Netflix. É raro ver uma comédia alemã. E que tenha graça.

 Oliver Masucci,

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Finados


Dia de Finados (2/11)  no Mexico é uma data festiva. A concepção da morte ganha diferença do luto que cobre civilizações diversas. Lembro de dois filmes que trataram disso: o distante”Macario(Entrevista com a Morte) de Roberto Gavaldón, e o recente “Coco”(Viva a Vida) do estúdio de animação PIXAR.
                Em “Macario” a morte, em forma de homem, serve a um camponês que passa a tratar as pessoas enfermas com a ajuda desse homem que aparece na cabeceira do doente afirmando ou não que aquele corpo está morrendo ou não. Em “Coco” um jovem que deseja tocar violão e a família não deixa, entra no reino dos mortos, conhece um violonista famoso (que se revela um tratante) e consegue mudar conceitos.
                Também há uma concepção de morte diferente em “A Morte Cansada”(Der Müde Tod) de Fritz Lang(1921) onde um ser vivo busca a amada no mundo dos mortos e fica sabendo pela “regente” deste mundo quem vai ou não morrer. No caso não há festa, apenas uma concepção poética do fim da vida a lembrar “Orfeu” que no cinema ganhou uma excelente versão por Jean Cocteau com o seu Jean Marais.
                O cinema realmente venceu a morte. Interpretes de filmes que já se foram do mundo dos vivos surgem esbeltos em nossas telas quando repassamos seus trabalhos gravados em imagens bem delineadas. Eu até costumo pesquisar, depois de ver um filme de certa idade, quem do elenco já não mais está vivo. Há casos interessantes. Outro dia revi “Quem é o Infiel? de Joseph L. Mankiewicz e dos interpretes só Kirk Douglas permanece neste mundo, somando 101 anos(fará 102 em dezembro desde 2018). No caso contei a artista mais nova, Linda Darnell, que morreu cedo(42 anos) num incêndio. Os Lumiére e Edson não devem ter imaginado o quanto fariam gravando as imagens de pessoas diversas. Revejam agora os candidatos a defuntos. Quando muitos de nos já se foram eles devem permanecer nos filmes, bastando para isso que se cuide dos negativos ou diversos tipos de copia
               

terça-feira, 23 de outubro de 2018

O Primeiro Homem na Lua


                “O Primeiro Homem”(First Man on the Moon) impulsionou a carreira do diretor Damien Chazelle, conhecido por “La la Land”, e ainda o ator daquele filme, o hoje muito solicitado Ryan Gosling . Curioso é que o novo trabalho, com roteiro baseado na biografia do astronauta Neil Armstrong, quem chegou à lua na Apollo 11 em 1969, foi produzido por Steven Spielberg que, desta vez, preferiu ficar apenas na executiva do projeto. Mais curioso ainda é que o filme já está na linha dos possíveis candidatos ao próximo Oscar assim como o ator e a atriz Claire Foy que, mesmo em papel pequeno, mostra uma sinceridade capaz de estimular aplausos (basta a sequencia em que ela encontra o marido no quarto de quarentena depois da viagem histórica e os dois se comunicam através do vidro da janela ).
                O que se vê pouco foge de uma linha documental, acompanhando Neil nos voos de treinamento em especial do Projeto Gemini (inicio dos anos sessenta). Imagens tremulas, sugerindo interiores das espaçonaves e o que sentia o piloto. Escapando disso, e pretendendo mergulhar na pisque do astronauta, a vida em família, em especial a perda da filha de pouco menos de dois anos, trauma que ele guardou para sempre. As sequencias em terra, especialmente em casa, revelam o homem  ligado a seu trabalho, ele que não era um militar a serviço da NASA, mas reconhecido pela competência e resistência física.
                Há um momento em que o projeto Apollo é criticado por muitos que veem desperdício de verbas que seriam destinadas a planos sociais. Por sinal que a viagem à lua foi  coroação de uma disputa na guerra fria entre EUA e URSS. Hoje não se faria isso e a projetada viagem a Marte depende de projetos internacionais (como da Rússia, China e EUA).Ha mesmo um fragmento de cinejornal que mostra o então presidente John Kennedy prometendo a “conquista da lua”na década proposta(60). Como ele foi assassinado em 1963 a meta milionária prossegui no governo Johnson.E apesar de existir quem duvide do que aconteceu na verdade outras missões sucederam, isto sem contar no drama da Apollo 13 que não conseguiu alunissar e voltou para a Terra em perigo(há um bom filme de Ron Howard sobre o assunto).
                “O Primeiro Homem” não deixa de enaltecer o país produtor(do tema e do filme), mas é bem realizado, traz bons desempenhos e pode mesmo estar no futuro Oscar. É longo (mais de 2 horas ) mas não cansa. Ponto a favor. Agora um detalhe: aquela frase “um pequeno passo para um homem e um grande passo para a humanidade”me parecer com aquela “se é para o  bem do povo e a felicidade geral da nação diga ao povo que fico”(Pedro I). Decoreba promocional.


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Dois filmes italianos


Dois filmes da mostra de cinema italiano ora em Belém mereceram especiais atenções: “Gli Equilibristi”(Equilibrista) e “Em Guerra por Amor”(Em Guerra per Amore), O primeiro trata de um homem que aceita se separar da mulher e não consegue manter um padrão de vida (ele é funcionário publico) que dê para pagar necessidades dos filhos, a quota de esposa e sua misera rotina. Vai passando gradativas necessidades e passa a dormir em seu carro. O fecho da historia não chega à explicitude de um final feliz, mas deixa a entender que vai voltar a morar em casa com mulher e filha(além de um menino). O segundo é mais importante como politica&historia do que como realização artística. Para ganhar a licença do pai da namorada para um casamento, o jovem siciliano que mora nos EUA aceita embarcar como militar para a Sicília em pleno período de guerra (a II mundial) e acaba se metendo no conluio dos ianques com a máfia para diminuir as baixas na tropa. O final é antológico: o rapaz e sua noiva estão sentados num banco defronte da Casa Branca esperando que o presidente Franklin Roosevelt responda a uma carta que ele, soldado, trouxa da Itália, escrita por um oficial amigo que fora morto, denunciando o papel dos mafiosos no governo siciliano (“construir uma ditadura no lugar de outra”). Aqui e agora se sente papeis de omissão e violência licenciada como formula de governo “democrático”(ou pre-ditatorial).
                Bem realizados, os filmes impressionam. Especialmente o  caso  da atuação do ator Valerio Mastrandrea que faz o “equilibrista”, ou o sacrificado marido fora de casa (um amigo dele chega a dizer: “Volta para casa, divorcio é para rico”). Confortante saber que o cinema da RAI conseguiu respirar depois da morte dos grandes cineastas. Por sinal que “Em Guerra...”é dedicado a Ettore Scola o diretor de clássicos como “Nós que nos amávamos tanto...”

sábado, 13 de outubro de 2018

Fantasia e Realidade


Saiu em blu-ray “Fantasia”, o filme de Walt Disney (produtor) feito em 1940. No estojo que está nas lojas também se encontra “Fantasia 2000”, produção de 1999 que dá vez à musica popular (no filme anterior a prioridade são os clássicos).
Lembrei a propósito da revisão de “Fantasia” o que me contou o amigo Waldemar Henrique que frequentava com assiduidade o meu Cine Bandeirante (garagem de casa, na então Av. S. Jeronimo, hoje Gov José Malcher). Waldemar dizia ter conhecido o maestro Leopoldo Stokovsky, quem afinal rege os números musicais da produção, e lembrava de uma feita em que uma jovem da orquestra estava com um decote largo e o maestro dizia: “-Cuidado que eu estou ficando excitado”.
Waldemar também conheceu George Gershwin e se espantava quando via o nome do compositor na ficha de “Sinfonia de Paris”(Na American in Paris) que eu exibia em copia 16mm no mesmo Bandeirante (“-Ah o Gershwin!...”).
No mundo do vídeo, que hoje satisfaz minha fome de cinema, gostei muito de “A Monster Call” no Brasil chamado de “7 Minutos Depois da Meia Noite”. Dirigido pelo espanhol J. A. Bayona. Trata de um menino que conversa com um monstro, ouvindo deste 3 historias em troca de uma que ele, menino, contaria. E na família do garoto pesa a doença da mãe, o pouco contato com o pai, a avó megera e uma governanta nada simpática (papel anômalo de Sigourney Weaver). Uma narração primorosa sem pesar nos costumeiros meandros de filmes sobre psicologia, ganhando ponto na interpretação de Lewis McDougall escocês que na época tinha 12 anos). Passou no canal Max da Sky.
No cinema comercial gostei de “Buscando”(Serching) onde a trama se coloca no computador de uma jovem a quem o pai desconhece embora more junto. Quando ela some, a procura por seu paradeiro é feita por este senhor e uma agente policial mãe de um adolescente problemático. O diretor Aneesh Chaganty não foge da tela do laptop .E  deixa um ritmo ágil, com suspense pouco visto. Tudo funciona.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Sobreviver o Dia da Eleição


O filme “The Purge”(12 Horas Para Sobreviver o Dia da Eleição) ganhou pelo menos duas versões de cinema e uma série de TV. Tudo da cabeça do cineasta James DeMonaco, mostrando que a violência pode ganhar uma noite por ano nos EUA e nesta noite não se considera crime o assassinato. A ideia filmada pode ser vista na Netflix e trata de uma senadora que se mostra contra a franquia do ato violento e por isso é perseguida.
Achei curioso ver o filme no Brasil de hoje. Nos não temos (ainda)o “purge” ou hora de expandir a violência. Mas há um candidato a presidência que prega a “o ataque como defesa” propondo que as pessoas devem andar armadas e atirar em quem assalta pois “bandido bom é bandido morto”. Partindo dessa premissa tudo o mais é modelado pela brutalidade ou desprezo ao comportamento que se tem como civilizado. Noutros termos, é um zero na democracia.
No filme de DeMonaco vê-se dezenas de corpos dependurados em cordas no meio da noite de horror. Por aqui, nos idos de 1964-1985 os corpos não estavam expostos, mas escondidos nos porões dos algozes. Foi um marco na lembrança de quem viveu o período, mas hoje parece esquecido por eleitores de um adepto da força bruta.
“The Purge”, que pode ser visto em casa, não é bom como cinema, mas é um superlativo de ideia malsã que foge do espaço geográfico exposto. Por isso merece ser olhado.








quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Filme Noir


A expressão “film noir” vem do crítico francês Nino Frank que em 1946 achou uma analogia com o que as histórias policiais publicadas pela editora Fallimard chamadas de Série Noir (porque as publicações tinham capa preta e amarela). Na verdade o termo ganhou espaço no cinema quando críticos franceses como Andre Bazin viam liames do expressionismo alemão nos planos em que se reforçava o claro-e-escuro usando filtros amarelos nas lentes da filmagem em preto e branco. Os roteiros eram geralmente histórias de crimes e detetives sarcásticos com expressões caras a atores como Humphrey Bogart.
                Hoje uma editora de DVD publica séries de “filme noir”.Repassa o que Hollywood fez nas décadas de 40 e 50 e já atinge produções francesas do mesmo período(adentrando pelos sessenta).
                Muitos cineastas de filmes B faziam noir. Era a chance de sair dos seriados de aventuras e westerns de 6 rolos (1 hora de projeção).Se deu em muito lixo também deu obras meritórias. E diretores como John Huston e até mesmo Stanley Kubrick andaram pelo mundo noir. Nas coleções para ver em casa há um verdadeiro curso de cinema. Os fãs devem aproveitar. E lembro que artistas criadores como Edgar G.Ulmer andaram por este caminho. Gente que os novos amantes de cinema pouco conhecem. O editor brasileiro é o sr.Oceano da Versátil Home Video. Ele também edita os filmes de terror modestos e alguma coisa da ficção cientifica(ainda há muito a ver desse gênero). Procurem ver.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Terror Universal


Carl Laemmie, nascido na Alemanha, era um imigrante judeu que se estabeleceu nos EUA criando um circuito de cinemas que chamou de Nickelodeon (pois o ingresso custaria um níquel). Com o sucesso do empreendimento, em 1912, em Nova Iorque, ele que já presidia a  Independent Motion Picture Company, associou-se a Pat Powers da Powers Picture Plays, Mark Dintenfass da Champion Films e Bill Swanson da American Éclair, criando um estúdio que chamaram de Universal . A empresa fazia filmes de baixo orçamento endereçados aos Nickelodeons. Mais tarde, Leammie deu de presente ao filho (Leammie Jr) a produção de alguns títulos. O rapaz fez coisas mais pretensiosas como uma série de terror e acabou ganhando um Oscar por “Sem Novidades no Front”. Mas houve sério  prejuízo financeiro e os Leammie venderam o estúdio. Mesmo assim a Universal Pictures prosseguiu e hoje é uma das grandes produtoras & distribuidoras de Hollywood.
            Esta semana o cinema Olympia de Belém vai recordar a série da Universal dedicada ao terror. Clássicos como “Frankenstein” estarão na tela. É bom lembrar que este filme foi dirigido por James Whale afinal a personagem de “Deuses e Monstros”(Gods and Monsters/1998, de Bill Condon com Ian McKellen. Ali se tratava da homossexualidade do cineasta e a sua morte na piscina de sua casa tida como suicídio.
            É importante o estudante de cinema conhecer os “terror Universal” que marcaram uma época. Em Belém havia um cinema chamado Universal, na Cidade Velha, e chegava a usar o logotipo da firma norte-americana. Por ai se tira a popularidade do gênero. Se não deu lucro aos Leammie mesmo assim ganhou a historia de uma arte.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Hannah



“Hannah” é o segundo longa-metragem realizado por Andrea Pallaoro. E ele repousa na atriz Charlotte Rampling. Ela está em quase todos os planos,muitas vezes em close e silencio,tentando sempre dimensionar o drama intimo deixado pela prisão do marido(sem que se explique o motivo) e o desprezo do filho que chega a proibir seu contato com o neto.
            Charlotte é a personagem-titulo e condensa um argumento que não requer muitas elucidações.Lembrei até de Falconetti em ‘”A Paixão de Joana D’Arc” de Dreyer. Só que o campo de ação é mais amplo embora não seja a preocupação do roteiro.
            Um típico filme de atriz.

sábado, 21 de julho de 2018

A Ilha dos Cachorros


  “A Ilha dos Cachorros”(Dog’s Island) é um stop-motion de Wes Anderson ambientado no Japão. Você jura que é um filme japonês, em especial do Estudio Ghibi do mestre Hayao Myiazaki. Trata de um prefeito que bane todos os cães do lugar para uma ilha, incluindo Spot, bichinho de estimação de seu sobrinho Atari. Um dia, este sobrinho cai com seu avião na ilha onde estão os cachorros e ajudado por uma matilha de lá parte em busca de Spot. Nesse meio tom se sabe que o prefeito quer matar toda a bicharada. E começa uma revolta estimada pelo fim do dirigente despótico.
                O desenho quadro a quadro é uma especialidade em que o diretor de “A Vida Marinha de Steve Zissou”reincide. Fez antes “O Fantastico Senhor Raposo”. Mas a nova produção não é só mais criativa como desafiadora na concepção de outra cultura.
                Um filme muito criativo, capaz de agradar não só as crianças (como se pensa quando se trata de desenho animado). Programa diferente neste cardápio de mesmices oferecido pelos cinemas comerciais. Se você for ver e não souber que se trata de uma obra norte-americana vai pegar um susto ao ver o nome do diretor no final. É joia nipônica.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Doador de Memorias


 “O Doador de Memorias”(The Giver) vem de um livro de Loïs Lowry que lembra muito “Divergente” de Veronica Roth.Ambas as obras literária acenam para outras historias de outros mundos como “Jogos Mortais”. Na pauta uma comunidade hegemônica no futuro onde todo mundo é manipulado no sentido igualitário, onde até quem nasce passa por um crivo em que sobrevivem os saudáveis. No caso faz-se alusão ao nazismo e também ao comunismo utópico. Há igualdade de etnia e humor como há limite inclusive geográfico para que não se contamine um posto em que inexistem guerras ou mesmo animosidades. Todos são iguais e há um policiamento para que assim seja e perdure.
            No filme do australiano Philip Noyce, ora em bluray, quem comanda o lugar é uma guardiã interpretada por Meryl Streep. Quem é o doador de memorias do titulo brasileiro é vivido por Jeff Bridges. Um dos jovens habitantes do lugar ganha a confiança de receber memorias de um velho habitante, afinal quem se rende ao “outro mundo” onde há desigualdades, até guerras, mas “há coisas que não se vê e se sente...como o amor”.
            O tema é sempre fascinante. Pode levar a diversas formas de enredo. E criticas sociais. Mas no caso do cinema resta um bom artesanato e um final reticente onde/quando quem foge do sistema despótico pode (ou não) se dar bem neste mundinho cheio de defeitos onde, afinal, se sente “mais alguma coisa além do vento”.
            A implicação filosófica é sempre interessante. Pena que o filme que ora se lança no mercado de vídeo é demasiadamente esquemático, traçando o conteúdo como uma trama quase policial com braço aberto na ficção-cientifica.
            De qualquer forma, “O Doador de Memorias” é um programa que não atiça o sono. Vi de um tapa. E achei engraçado ver Mary Streep de matrona despótica quase sempre navegando transparente por cenários “futuristas”(a ação se dá em 2049_) traçados com pouco recurso financeiro, driblando a improvisação “tapa buraco”.
            Programa curioso. Quem perdeu no cinema pode arriscar.



Win Wenders


                O cinema Olympia exibiu uma retrospectiva do diretor alemão Win Wenders. Mas dois filmes recentes dele estiveram de fora. São, pela ordem de estreia, “Submersão” e “Papa Francisco”. O primeiro está em canal de TV pago e já ganhou download. Trata de um casal que se lança em projetos paralelos: ela quer achar vestígios dos primeiros indícios de vida no fundo do oceano e ele projeta agua encanada para populações menos favorecidas do oriente. As historias que começam a ser narradas de per si ganham uma feição incomoda quando passam a ser vistas em separado, usando o artificio quando o personagem masculino segue viagem para outro país. O final é reticente como virou moda no cinema atual. Ela acha resquícios orgânicos na área mais profunda do mar e ele sofre torturas de inimigos de seu projeto (e sua posição politica) e se lança n’agua em praia proxima como quem procura o amor perdido (e afinal a própria vida). Não há proposta poética visível. A narrativa parece tradicional e não convence. Wenders aparece muito longe do tipo de cinema que o consagrou. Sim, as falas são em inglês.
                O filme sobre o papa, um documentário, não chegou ainda por aqui. Gostaria de ver. Mesmo porque o cineasta me parece muito distante de quem assuma um projeto desses.
                Hoje busco cinema em janelas da internet. As locadoras estão minguando (em S. Paulo fechou a tradicional 2001 Vídeo). Restam as distribuidoras que vendem diretamente ao consumidor. Os cinemas comerciais procuram sobreviver com os filmes de super-heróis e aventuras de muitos efeitos especiais. Nada de atrativo a maiores de 12 anos. O espectador exigente ou vai à uma sala alternativa (falar nisso, cadê a da Estação das Docas, dona de um projetor digital ?) ou fica em casa vendo cinema na sua  tela de tv.Bom para uma cidade onde a rua é um perigo em potencial de assaltos/acidentes.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Rever Chaplin


                No auge do cinema falado, quando Hollywood mostrava as garras das produções de estúdios, as comedias mudas chegaram a ser esnobadas. Mas o publico as preferia aos melodramas desse tempo. Chaplin comandava. E hoje prossegue a preferencia. Outra vez a Sessão com Musica do nosso centenário Olympia exibe Chaplin. Com musica ao vivo, é hora de rever “Vida de Cachorro “e “O Imigrante” dois clássicos deste artista que marcou o cinema e alias virou o seu símbolo .
                A comedia de Chaplin quase não tinha intertítulo. Tudo era visual e inteligível. Ele filmava dezenas de vezes uma cena e na busca da perfeição passava horas com seu elenco e pessoal técnico. Um curta metragem do comediante gastava muitas vezes mais tempo na produção do que um longa de pretensão dramática.
                Quando eu era criança e tinha meu cachorro gostava especialmente de “Vida de Cachorro” onde um au-au era estrela. Mas “O Imigrante” é a chegada de Carlitos à América. Sempre inglês, sem nunca se naturalizar (fato que pesou na sua “deportação”), mostrava  seu personagem chegando de navio a New York, vendo a Estatua da Liberdade, contracenando comicamente com parceiros de viagem. Não era um documentário, mas uma visão em que o alegre se opunha ao triste num quadro real de um tempo. Fosse hoje, com a garra anti-imigração de Trump, Carlitos estaria expulso antes de chegar. Artista de sempre, previu a garra xenófoba dos norte-americanos e mostrou como o imigrante era um herói sofrido. Seu filme está entre os seus clássicos de curta metragem. Sempre é bom de rever. Como, aliás, tudo de Chaplin, talvez com exceção “A Condessa de Hong Kong”, sua despedida como diretor, uma ousadia do velho cineasta a pedido da Universal Pictures.
                Que mais Chaplin chegue às nossas sessões especiais pontuadas pelo Paulo José na tecla. O publico comparece sorrindo antes de sentar. E não há idade para marcar este publico. Todos riem do sempre Carlitos...

segunda-feira, 2 de julho de 2018

2 Filmes, 2 Guerras


Filmes sobre a guerra, sem necessariamente se apegar a batalhas, surgiram em Hollywood alguns como más lembranças do conflito. O clássico “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”(The Best Years of Our Lives) tratava do pós-2ª.(guerra mundial) e focalizava os soldados que vinham do front no plano social, com perda de emprego e de família. Agora a guerra é outra, no caso e do Iraque. e em “Honra ao Mérito”(Thank you for your servisse) de Jason Hall limita-se  a perda do amigo, o efeito de combate no físico do soldado, o relacionamento das famílias que tiveram filhos convocados. O roteiro tarata de três soldados: Adam Schumann (interpretado por Miles Teller), Billy Waller (Joe Cole) e Solo (Beulah Koale). Eles sentem a morte de um colega e sabem da impossibilidade de voltarem ao campo de batalha mais pelo aspecto físico que passam a apresentar. Mesmo assim há falas sobre como ficarão seus familiares financeiramente. O drama é prolifero e os filmes não exaltam os conflitos engendrados por seus governantes(no caso de “Os Melhores...” até que não se fala nisso, mas em “Honra..”é claro que a ida ao Iraque foi uma manobra politica malsã).
Ainda falta coragem no cinema indústria para se opor a manobras politicas que propiciarão tragédias. Felizmente há filmes que denunciam isso. Mas não é o caso dos exemplos citados. É como se a tragédia fosse um ato do destino. Lamentável mas não em sua origem.



segunda-feira, 25 de junho de 2018

Hereditario


                Annie (Toni Collette) perdeu a mãe e não demora a perder a filha de 13 anos, Charlie (Millie Shapiro), em um desastre de carro quando esta regressa com o irmão, Peter (Alex Wolf)de uma festa de colegas dele onde a presença da menina é mais um capricho materno para livra-la de uma ligação com a avó morta (inclusive visão de espirito ). Atormentada, Annie encontra apego nas sessões mediúnicas ensinadas pela vizinha Joan(Ann Dowd), recém perdedora de um filho e um neto. Compreensivamente a filha/mãe passa a exibir um comportamento patológico. Seria uma pessoa doente e como tal passa a fazer as evocações de espíritos em sua casa convidando para frequentar essas evocações o marido,Steve (Gabriel Byrn) e o agora único filho Peter. O comportamento se agrava quando ela vai ao sótão ,espaço pouco procurado, onde encontra um corpo humano e  livros de magia negra. Ali entra em cena o papel de um demônio que estaria atuando sobe a família.
                “Hereditario”(Hereditary) é o primeiro filme de longa metragem dirigido pelo roteirista formado pelo AFI (American Film Institute) Ari Aster.Começa bem e sempre mantém uma linguagem interessante em especial por desempenhos de Toni Collette e do jovem Alex Wolf(este em esplendidos closes demorados que desafiam sua capacidade de interpretar). Salta da mesma forma a iluminação que dosa bem os claros e escuros  e com isso realça o drama que se liga ao sobrenatural sem apelar para recursos comuns em filmes de terror como os acordes súbitos(há dois, mas viáveis) e aparições disformes. Mas o que seria uma obra-prima de suspense a partir de um drama de base psicológico vira, nas ultimas sequencias, um arremedo de “O Exorcista” aludindo explicitamente os demônios que estariam vagando pelo mundo atrás de pessoas vulneráveis.
                O comportamento de Annie, bem moldado por Collette, logo se submete a clichê de filmes rotulados de terror. Há inclusive um fecho em aberto que não se pode narrar para quem ainda não viu o filme. Mas certamente sobra uma caricatura do que até momentos antes era um exercício de suspense com explicação cientifica. Parece que o roteirista-diretor ficou com medo de afastar a bilheteria se acabasse a sua historia com uma entrada de alguém no manicômio ou quem acordasse de um pesadelo. Ficou um ralo por onde escorre a boa intenção que abre o seu “Hereditário”. Por sinal que até a explicação do titulo, levando o comportamento de personagem a um liame genético cai por terra apesar de uma explicação no inicio, dada por Annie, de quem em sua família houve muitos casos de doenças nervosas.
                Uma pena, Senti que perdi meu tempo indo ao cinema. O filme poderia muito bem ser consumido em vídeo ou “download” em geral. Tamanho da tela não influi muito na amostragem do jovem cineasta. Isto não quer dizer que ele não seja capaz. É bom. Sabe conduzir um longa metragem, mas está ainda preocupado demais com o comportamento de seu trabalho no box-office.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Nosferatu


                F.W.Murnau usou o nome “Nosferatu” em seu filme de 1922 porque a viúva do escritor Bram Stoker não deixou que chamasse o vampiro da historia de Dracula, como era conhecido da literatura. Apesar disso, Nosferatu acabou sendo marca do personagem que Stoker delineou e no cinema deu inicio à uma série de filmes “de terror” que ainda hoje ganham bilheteria.
                Nesse inicio dos anos 20 o cinema alemão se apegava ao que se chamou de expressionismo e há quem veja na exposição de imagens disformes e contrastadas (claro e escuro) como a forma de mostrar a situação do país depois da I Guerra Mundial, quando uma hiperinflação dominava o mercado e o povo sentia o pavor que seguiu o conflito. Há mesmo quem veja no expressionismo de filmes como “Nosferatu”, “O Gabinete do dr Caligari” e tantos outros como uma alusão ao que viria com o advento do nazismo, uma onda de terror que impulsionaria o país a outra (e mais terrível) guerra.
                No clássico de Murnau há um quadro típico da escola estética, com o esmero da fotografia de Fritz Wagner e especialmente a mascara do ator Max Schreck(1879-1936) que não só faria esse tipo de monstro como adotaria o Kammerspiele, movimento de reação ao cinema expressionista pouco antes de sofrer um ataque cardíaco que o vitimou quando ainda trabalhava em cinema. Por sinal que o Kammerspiele adotava uma fotografia bem iluminada e roteiros que deixassem a plateia mais otimista.
                Rever “Nosferatu”, por sinal com copias reeditadas em HD, é conhecer um capitulo importante da historia do cinema. Sessão oferecida no Olympia neste junho.

sábado, 9 de junho de 2018

Aurora


                F.W. Murnau ganhou fama na sua terra natal, a Alemanha, com os filmes expressionistas, como “Nosferatu”. Contratado pela Fox embarcou para os EUA onde foi dirigir em 1927 “Aurora”(Sunrise) de um roteiro de Carl Mayer, um dos mestres da escola expressionista, com base na obra de Hermann Sudermann “Dir Reise Mach Tilsit”. O filme chegou a ganhar prêmios mas não foi bem nas bilheterias americanas da época. Isso não impediu que logo se transformasse em um clássico. François Truffaut chegou a chama-lo “um dos mais belos filmes do mundo”. Por aqui o professor Francisco Paulo Mendes amava o filme a ponto de sempre coloca-lo entre os melhores de todos os tempos.
                O enredo é muito simples: um marido infiel planeja matar a esposa para ficar com uma turista na cidade interiorana onde vivia. Para tanto marca uma viagem no estilo lua de mel à metrópole. O assassinato seria no caminho, atirando a terna esposa no mar. Mas chega o arrependimento. E o casal se refaz na cidade grande até que na volta, a embarcação em que viajam, naufraga e ela é dada como desaparecida. Há “happy end” e isso se faz com o nascer do sol pontuando a sequencia em que é salva.
                Tudo funciona numa linguagem visual. Há poucos intertítulos. E chega a haver sequencia cômica diluindo a dramaticidade (a festa numa casa de shows onde se vê um  homem preocupado com a alça da blusa da mulher).
                Tudo funciona como cinema em estado de graça. A métrica expressionista resta no inicio do filme. O resto é de imagens claras (exceto no final), mostrando a versatilidade do diretor.
                A atriz Janet Gaynor chegou a morar no Brasil em uma fazenda que ela comprou. Foi vencedora do Oscar por dois filmes, este “Aurora”e ainda “O Setimo Ceu”e “Anjo da Rua”.
                O filme fará a Sessão com Musica do Olympia. Um programa nitidamente histórico.    


quinta-feira, 31 de maio de 2018

Mãe e Pai


Em “Mãe e Pai”(Mon and Dad) uma epidemia de causa não explicada leva as pessoas ao ódio, especialmente de pais contra os filhos. Na historia e direção de Brian Taylor um casal(Nicolas Cage e Selma Blair) passa a perseguir a adolescente Carly (Anne Winters)e o menor Josh(Zackary Arthur), seus herdeiros biológicos que antes eram tratados com o carinho expansivo dado a pais de classe média nos EUA.
Antes de começar uma perseguição de pai e mãe contra os filhos, vê-se uma correria na porta da escola da menina, sem que se saiba quem está proibindo quem. Depois, quando em casa já começa a ação brutal dos adultos, com Carly e Josh escondidos no porão e alvos até de uma difusão de gás para sufoca-los, chega um novo apêndice de violência quando aparecem os pais de Brent (Nicolas) e este é atacado por seu pai com facadas (e há o revide assim como da esposa contra a sogra).
O final é reticente. O que se entende da rápida corrida sanguinária é que no mundo moderno a violência brota do nada. Simplesmente surge. E onde deveria existir amor brota o ódio. Uma hipótese de que os valores humanos são fantasiosos, a atração em ternura pode virar em guerra posto que, ao dizer da pequena Carly, “cada um sabe de si”.
O filme expõe a crueldade em cortes bruscos, planos próximos e rápidos(todos manuais), de desempenhos satisfatórios de todo o elenco. Com isso deixa o espectador angustiado. E é o que quer o autor. Uma visão metafórica de uma concepção de mundo moderno onde se dilui o laço afetivo e se deixa brotar uma concepção de animalidade inexistente nos próprios animais.
Curioso e detestável.
Editado em dvd.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Pesadelo a esquecer


Quem está pensando em volta do regime militar ou nasceu depois de 1985 ou está sofrendo do Mal de Alzheimer. Quem vive de 1964 ao ultimo ano do governo dos generais soube dos horrores dos bastidores, com assassinatos e torturas, e viveu uma censura que impedia até que uma figurante do filme ”Macunaíma”(que sofreu 19 cortes) aparecesse usando uma camisa onde se lia “Aliança para o Progresso”, titulo da campanha norte-americana de pseudo-ajuda(prova da bajulação para com os gringos que na realidade apadrinharam a “revolução” de 64).
                A época que se vendia como “Brasil Grande” só deu em merda. Depois desses presidentes generais veio uma hiperinflação que lembrou a historiadores o que aconteceu na Alemanha depois da I Guerra Mundial. Lembro-me da corrida em um supermercado antes de um funcionário voltar a tabelar os preços de produtos de uma prateleira. Surgiram cortes de zeros na moeda até que já no governo Itamar Franco surgiu o Real, ainda hoje em voga.
                Voltar ao que moldou um passado de agonia é puro masoquismo. Há meios democráticos de se virar a pagina de agora.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Cinema Europeu


                A Mostra de Cinema Europeu ora em cartaz no cinema Olympia tem um ponto em comum: a luta pela democracia. É interessante observar como países de culturas próprias se identificaram no passado considerado recente em uma reação a governo de alguma forma tendente a processos ditatoriais (mesmo que em alguns casos tenham surgido de eleições consideradas livres).
                Alguns programas:
                “Se Não Nos, Quem ?”(Wer Venn Nicht Vir), da Alemanha, é o mais contundente dos argumentos expostos. O foco é um casal, ele filho de um escritor ligado ao nazismo, ela uma professora que ao tempo em que se dispõe a uma relação afetiva(chega a ter um filho com ele) vai gradativamente se tornando uma “subversiva” ao centrar ações numa editora que eles criam para editar livros desconhecidos pelo mercado especifico existente. Os dois espelham no território alemão o inconformismo que viria a ter força com os estudantes franceses de 1968. Só que o radicalismo afeta os comportamentos e abre as portas para uma tragédia. Uma narrativa dinâmica a cargo do diretor Andres Veiel . Tudo funciona e os atores primam por excelentes interpretações.
                “23 F- O Filme”(23 F- La Pelicula) representa a Espanha e centraliza a ação no golpe de estado em fevereiro de 1981 quando os deputados foram detidos por militares mas sem a harmonia que estes desejavam acabando por abortar o projeto de mudança de governo. A ação segue um oficial que se vê traído por seus superiores na hora de estipular a revolução desejada. Vencedor do premio Goya tem um desenvolvimento capaz de seduzir o espectador comum de qualquer país.
                O filme italiano “A  Máfia Mata Só no Verão”(La Mafia uccide solo d’estate) trata de mafiosos sicilianos e da reação a eles a partir da imprensa. O bom humor do cinema de Dino Risi ganha a linha semidocumental exposta pelo diretor Pif(Pierfrancesco Diliberto). Dá para lembrar o período neorrealista que tanto promoveu o cinema do país.
                “Sangue nas Águas”(Szabadság Szerelem) é da Hungria e a ação é pontuada pela participação do país nas olimpíadas de Melbourne em 1956 quando o time de polo aquático local enfrentou o da Rússia. Seria como a síntese da revolta nacional contra o domínio soviético presente em Budapeste como em outras cidades de outros países europeus depois da 2ª.guerra quando a influencia nazista passou a de Moscou.  Direção de Kristina Goda. Tudo funcionando a contento embora o roteiro sintetize a ação em uma jovem e seu namorado atleta olímpico.
                “Palme”, da Suécia, é um documentário sobre o Primeiro Ministro Olof Palme, baleado numa rua de Estocolmo como reação de extremistas contra sua visão democrática. Direção objetiva de Maud Nycander e Kristina Lindstrom com farto material de cinejornais e fotografias do biografado.
                “O Atirador”(Skytten) é da Dinamarca é outra abordagem politica real. Quando o governo resolveu apoiar o projeto norte-americano de furar poço de petróleo na Groenlândia a reação local usou de todos os meios da abortar a ideia. A direção de Annette K. Olesen ganha a feição de um semidocumentário.
                “A Historia da Linha Verde”é de Chipre e focaliza a divisão de Nicosia depois da 2ª Guerra Mundial de modo a pessoas amigas se transformarem em inimigas entre as barricadas que traduzem cipriotas gregos e turcos.  Direção competente de Panikus Chrissanthou.
                “A Universidade Perdida, Vincennes”(Vincennes l’université perdue)é um documentário francês que focaliza o nascimento e morte da universidade de Vincennes, vinda dos protestos estudantis de maio de 1968 às ruinas que surgiram da má administração que enfim fez do local um posto de venda de drogas. Uma visão critica da rebeldia de um tempo em que a base ideológica se esvaiu num caos de regência. Direção de Andres Veiel.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Em Pedaços


 Faith Akin, realizador alemão descendente de turcos conta de forma exemplar, dividindo em 3 capítulos, o drama de Katja (Diane Kruger), alemã que perde o marido e o filho num atentado (explosão de bomba no prédio onde moram) ligado à caça de terroristas (o homem é tido como muçulmano por seus algozes que o julgam pela mascara de terrorista-padrão). A primeira parte cobre o luto, a segunda o julgamento e a terceira a vingança da viúva, ela própria adotando a imagem de “mulher bomba” como única forma de encontrar paz.
            Em Pedaços”(In the Fate) ganhou o Globo de Ouro representando o cinema estrangeiro(concorreu pela Alemanha).A base é o desempenho de Diane Kruger, aqui em um papel parecido com o que deu o Oscar a Frances McDorman por “3 Anúncios Para um Crime”.É a mulher-mãe que sofre com a impunidade que cerca a morte de um (no caso dois)parente(s). A atriz que já conta com 47 desempenhos em cinema ultrapassa papeis anteriores na construção da vingadora que se vê expressada em closes e com uma notável iluminação jogando bem as cores & claro & escuro.
            Um filme que seguramente será lembrado no fim do ano quando se contabilizará os melhores.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Três Assassinatos


Desde que vi “Depois da Vida”(Wandafuru raifu/1998)passei a acompanhar na medida do possível(é o que se consegue ver por aqui)o trabalho do cineasta e escritor Horokazu Koreeda, um digno representante do estilo de Ozu e um dos mais inventivos autores do cinema japonês desde Kurosawa.
“O Terceiro Assassinato”(Sandome no satjusin/2017) podia ter chegado a um de nossos cinemas comerciais pois foi lançado no Brasil no dia 19 deste mês e ano(abril/2018). Não chegou nem vai chegar. Mas já está disponível para download.
Aqui o diretor de “Pais e Filhos’ aborda um julgamento. Os advogados de um preso lutam com o fato dele ter confessado um crime de morte com cremação de cadáver. Mas em meio às visitas de um desses defensores o homem conta que é inocente, que disse ter sido um assassino por conta da promessa de seu primeiro advogado que afirmou ser um modo dele escapar da pena de morte. No prosseguir do filme se sabe de outras personagens que podem mudar situação. Mas há sempre reticencias. E o cinema usa de métodos que enfatizam isso. Há um plano em que possível criminoso e seu novo advogado são vistos de forma cruzada, os dois rostos no mesmo foco (e com a luz incidindo por sobre eles).
                Koreeda é brilhante em seu artesanato. Nunca esqueci o além em que as almas são obrigadas e filmar o melhor momento de suas vidas quando nos corpos. E os meninos que desejam ver passar o trem-bala. Uma forma delicada que implica numa resposta emotiva do espectador.
                “Três Assassinatos” caminha de forma inédita na obra do roteirista-diretor. E prova uma difícil versatilidade. Procurem ver.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Adeus Lenin


                “Adeus Lenin” é um dos melhores filmes alemães da fase pós-expressionismo que me foi dado a ver. Com roteiro do diretor Wolfgang Becker e mais Bernd Lichtenberg e outros 3 colaboradores trata de uma senhora mãe de um casal de filhos que sofre um ataque cardíaco na Alemanha Oriental, época em que a capital alemã estava dividida e a parte dominada pela URSS vedava comunicação com a outra administrada pelos aliados na 2ª Guerra, entrando em estado de coma e que o filho Alex (Daniel Bruhl) começa a produzir um cenário para que ela, fanática do regime comunista, não sinta que o país foi unificado, o muro que separava as duas Berlim caiu, e até o dinheiro é o usado no ocidente.
Com atores afinados, especialmente Daniel, o filme mantem um ritmo sempre agradável de se acompanhar a trama, com todo o arsenal técnico funcionando para manter a ficção nos parâmetros de realidade histórica.
Duas sequencias merecem destaque: quando a doente consegue sair do leito e ganhar as ruas da metrópole que desconhecia, vendo, nesse momento, uma estatua de Lenin transportada por um helicóptero e num plano médio ela parecendo apontar para a personagem que se espanta com tudo o que vê.  Outra sequencia é quando as cinzas da matriarca são transportadas pelo filho num foguete para que se espalhem  no espaço.
É importante observar como o roteiro escapa do melodrama que persegue a historia e consegue dar um quadro dramático que enfatiza a situação politica da Alemanha do final do século passado. Como o diretor é um dos roteiristas diz-se que se trata de um magnifico “filme de autor”.
Excelente ideia de exibir este grande momento do cinema alemão na UFPA.




quinta-feira, 19 de abril de 2018

A Dama das Camelias


Alla Nazimova (1879-1945) foi uma das “vamps” (como se chamava a atriz que fazia questão de se mostrar sedutora) da Hollywood do tempo do cinema silencioso. O paraense Syn de Conde a conheceu e falava de um flerte. Em 1922 Nazimova fez a versão “moderna” de “A Dama das Camélias”(Camille) de Alexandre Dumas com o galã mais festejado desse tempo: Rudolph (ou Rodolfo) Valentino. O filme ganhou roteiro de June Mathis e pretendeu jogar a trama do romance, ambientado no século XVIII, para a época da realização (anos 20).
Hoje é uma relíquia histórica. Valentino aparece como as plateias o queriam, nem tanto como o sedutor mas o seduzido por uma cortesã que ele conheceu quando ela seguia os ricaços da época e não parecia dar boa para um jovem que apesar de pertencer à classe media não exibia marca de riqueza.
O romance segue a derrocada da cortesã. Doente (supostamente tuberculosa) ela acaba seus dias suspirando por um amado que desencontrou. Um pouco diferente da Marguerite Gautier de Dumas, mas certamente a mascara que se pediu à atriz, aqui em seu papel de maior destaque numa carreira de 23 títulos (o ultimo em “Desde que Partiste” em 1944 ou seja, já no cinema sonoro).
“A Dama das Camélias” estará este ano marcando o aniversario do nosso cinema Olympia, o mais velho do país. A estréia, por sinal, coube ao próprio Olympia na fase de recanto dos milionários da borracha. É a chance do publico atual ver dois astros que seus bisavós amaram (Valentino e Nazimova). E com o garbo da musica ao vivo, como se fazia na fase de lançamento do filme.
É o exemplo de clássico popular.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Um Lugar Silencioso


Russel Rouse, escritor de “Confidencias à Meia Noite”(Pillow Talk) a melhor comédia da dupla Rock Huson & Doris Day, e diretor de “O Poço da Angustia”, foi quem dirigiu “O Ladrão Silencioso”(The Thief) em 1952, um filme “mudo” com o artificio servindo à uma curiosa trama de espionagem (Ray Milland chegou a ser candidato ao Oscar por seu papel). Essa ideia de usar o silencio como traço de argumento serve agora a este “Um Lugar Silencioso”(A Quiet Place) que faz sucesso nos cinemas comerciais e também na área da critica.
                O roteiro de Bryan Woods , Scott Beck e do diretor-ator John Krsinski ,autores da historia original, cede a estereótipos hollywoodianos de filme de terror. Há monstros, acordes na trilha sonora com objetivo de assustar o espectador, e há o enaltecimento da família, o que mais possa figurar como “happy end”.
                Mas há uma direção segura, atores impecáveis (até o diretor  Krasinski que é o principal ator), e uma apreciável cinegrafia, com aproveitamento das cores e sombras seguindo uma cenografia que faz ver o ambiente claustrofóbico em contraste com o exterior onde cascatas emolduram a paisagem.
                O filme também impressiona pela alusão metafórica de liberdade, usando o som como vilão(os seres malignos atacam quando ouvem ruídos).E chega a aludir que o próprio som, numa postura decibel, pode destruir quem se alimenta de uma faixa sonora audível (seria como usar o ultrassom na luta contra o mal, o que implica numa alusão ao melhor meio de vida como quem diz que a poluição sonora se alia a outras para acabar com a raça humana).
                Os autores da trama poderiam ser mais audaciosos aludindo às formas apocalípticas que perseguem os viventes no mundo moderno. E também poderiam enfatizar o fato de um bebê desafiar o silencio com o natural choro ao nascer (sem falar num parto em que a parturiente é obrigada a sofrer as dores sem fazer barulho).
                “Um Lugar Silencioso”vale uma gotosa anedota contra a dublagem dos filmes. O irritante som que deturpa a trilha original “mata” o valor artístico do produto. Por sinal que este é um raro exemplo de produção que sobrevive à dublagem porque é “quase” muda. E mais: quem protesta grita. Realmente as pessoas devem gritar pela sua liberdade de expressão. Não sei se a turma que bolou a trama pensou nisso. Mas deixou que assim se pense.
                Um programa interessante nas telas comerciais da cidade. Não acho que seja um grande filme, mas sai da mesmice do gênero terror.