segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscar ao Cinema Mudo

Cinema é a imagem projetada que se apóia numa ilusão de ótica. O filme falado foi uma conquista técnica que acabou inaugurando a verborragia e o barulho. “O Artista” veio lembrar as origens dessa arte que eu, desde criança, admiro ao nível da paixão. Só esta premiação correta da Academia de Hollywood (perdôo a marginalização de “A Árvore da Vida” porque não é filme industrial) fez-me dormir às 1,30 de 2ª.Feira (quando dormiria normalmente às 22,00 de domingo).Cheguei a temer que “Os Descendentes” ganhassem a estatueta majoritária. George Clooney, na platéia, era sorrisos. Felizmente os eleitores do Oscar esqueceram a homenagear os cornos(tema do filme). Foram vasculhar os deuses em seu crepúsculo como a Gloria Swanson do filme de Billy Wilder. Por sinal que o tipo vivido pelo ótimo Jenan Dujardin é bem o Johnn Gilbert, galã que Greta Garbo quis manter convidando-o para ser o seu par em “Rainha Cristina” mas um prejuízo para a Metro porque os fãs do Gilbert mudo não concebiam a sua voz de falsete.
“O Artista” lembra “Cantando na Chuva”. Até por virar musical. É um tipo de cinema que encanta dizendo como foi em criança. Por isso seu diretor,Michel Hazanavicius, dedicou o prêmio a Chaplin. E não é à toa que Chaplin é símbolo do cinema.
Também foi gol do Oscar o “Separação”iraniano e o “Rango” de animação. Idem o velho Chris Plummer embora se maldiga (“fui um canastrão”) pelo Barão Von Trapp de “A Noviça Rebelde”. Triste é que Max Von Sidow vai sobrar sempre. E Glenn Close periga nesse sentido. Enfim, Maryl Streep foi o ferro que faltou no filme sobre Maggie Thatcher. E como a festa foi da França, até Woody Allen na sua declaração de amor por Paris ganhou a sua fatia. Não foi receber, pois nunca deu bola ao Oscar. Quando a entrega era na 2ª,Feira ele alegava que era seu dia no clarinete num bar. E o Cirque Du Soleil brilhou mais do aqueles números musicais soporíferos que ajudavam a aumentar o horário da festa no tempo em que Edwaldo Martins ligava para minha casa dando a sua impressão. Por sinal que o Didi sonhava em ver de perto a entrega dos Oscar.Atendendo a ele escrevi em uma ocasião para Frank Capra. O diretor de “A Felicidade Não se Compra” me respondeu dando o seu aval para viagem . Mas tinha de pedir licença ao Harry Stone,embaixador da Motion Picture no Brasil. Apesar de casado com uma paraense o homem botou tantos obstáculos que cancelei a pretensão. Capra não gostou, mas não teve jeito. Eu dificilmente iria, pois sou comodista nato. Mas eu penso no Edwaldo vendo estrelas na terra. Afinal só as viu no céu.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Bandeirante

No dia 26 de fevereiro de 1950 eu inaugurei o Cine Bandeirante. Explico: havia chegado do Rio de Janeiro com um projetor sonoro de 16mm marca “Revere”adquirido por meu pai. Quis experimentar na hora da chegada e isso quer dizer 2 da manhã. O pessoal de casa, insone, foi ver o primeiro filme, um documentário do carnaval carioca daquele ano feito por Alexandre Wulfes que eu nem sabia que tinha sido parceiro do Libero Luxardo.
Dias depois passei a usar o porão de casa (depois garagem), um prédio grande edificado na então Avenida São Jerônimo (o numero era 186 depois passou para 366). E aluguei o primeiro longa-metragem na bitola, a comédia “Um Rival nas Alturas” com William Powell e Hedy Lamar. Foi um sucesso. A vizinhança acorreu e daí em diante o Bandeirante (nome que saiu do avião da Panair que me trouxe da terra carioca, o quadrimotor Constellation, e ainda pelo fato de considerar cinema 16mm como pioneirismo) passou a exibir regularmente filmes de distribuidoras que chegavam a firmas locais como F. Aguiar Cia.
A rotina era datilografar um programa que seria distribuído pela casas próximas. E cobrava ingresso para poder alugar os filmes. Claro que acabava saindo a grana do bolso de meu pai e de amigos dele que se reuniam periodicamente para jogo de pif-paf.
O Bandeirante viveu até 1984 quando me mudei. Passou de tudo e esteve intimamente ligado à minha vida, representando a minha única diversão, ajudando cineclubes locais, recebendo visitas de atores e diretores que transitavam por Belém.
Foi no meu cineminha que vi clássicos que até então só conhecia de livros. O período áureo dessa fase foi quando Orlando Costa ,hoje nome de uma sala no TRT, mantinha o Cine Clube Os Espectadores e fazia aas sessões prévias do que recebia do Museu de Arte Moderna (RJ/SP) ou distribuidoras que trabalhassem com o gênero(o que se chamava “fita e arte”). As prévias serviam para os apresentadores dos filmes conhecerem o que seria tema de suas palestras.
Também lancei ali meus próprios filmes. O primeiro foi um registro de meu aniversário em 1951. Mas o pitoresco era a estréia “hollywoodiana” de curtas dramáticos interpretados por vizinhos. Todos iam assistir. Lembro de “Um Caso Difícil”(1952), “O Grande Lutador”(1952), “O Acidente”(1952), “O Desastre”(1953), “O Deus de Ouro”(1953)“Um Professor em Apuros”(1953),”O Vendedor de Pirulitos”(1961), e“Brinquedo Perdido”(1962). Tinha muito mais e muito pouco foi preservado. Tenho DVD de “Brinquedo Perdido” que será exibido este ano (2012) no cinema Olímpia, complementando uma sessão com “O Pagador de Promessas”, filmes de 50 anos atrás. Penso até em levar o ator, meu cunhado Francisco de Assis Miranda, hoje avô.
Foi muito triste a despedida do Bandeirante quando a casa já estava desocupada para venda. Exibi alguns desses filmes domésticos. Dos “atores” só o amigo e colega de colégio Agostinho Barros esteve presente.
Hoje meu cinema é a sala do apartamento onde moro. Uma TV de 42’’ exibe filmes em DVD e Bluray. E revejo muito do que passou pelo Bandeirante. Cinema é essa magia que desafia o tempo, fazendo a gente ver de novo pessoas e coisas que ou deixaram de existir ou mudaram tanto que se tornaram outras.
É isso: o Bandeirante mudou. A cidade mudou. Eu é que sinto teimoso em mudar menos, mesmo com as marcas do tempo no corpo.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Meu Cinema Preferido

Quando eu comecei a escrever comentários de filmes, isto por volta de 1947 num jornalzinho que eu datilografava para circular em casa, fazia questão de frisar que era opinião de um espectador, era um comentário de um fã não de um critico. E quando passei a manter coluna sobre cinema em jornal (1953/1966) dizia-me simplesmente colunista. Mesmo assim, assumi a herança de amigos que fundaram a Associação Paraense de Críticos Cinematográficos(APCC). Nunca dei muita bola para adjetivos que implicavam numa sensibilidade gélida, o avesso do meu modo de ver cinema. Se não suportava os melodramas mexicanos com os boleros que eu gostava de ouvir (e gosto) e se detestava filme-cabeça como o que começou a surgir com a “nouvelle vague” de Godard (não de Truffaut, que era um fã como eu), nem por isso deixava de observar o que me parecia bom cinema (e mau cinema). Li e fiz bastante na área. Mas nunca separei o coração da mente.
“Inquietos”(Restless/EUA,2011) de Gun Van Sant me tocou embora eu saiba que não é um bom filme. Mesma coisa “Menino de Ouro”, “A Invenção de Hugo Cabret”, “O Artista”, e alguns titulos que tenho visto recentemente em casa ou na rua. Filmes que podem ganhar prêmios e loas dos colegas jornalistas. Ou resenhas furiosas, como no caso do filme de Van Sant onde se achou mel, embora em favo de aço.
Martin Scorsese acha no seu “Hugo” –e nas entrevistas que deu- o cinema dos sonhos que lhe fez seguir a carreira de diretor na área (e preservacionista de películas). O lembrado Georges Méliès também achava. No filme 3D de Scorsese a construção de um sonho ganha forma que exalta o animo de quem vê cinema como, minha mãe já dizia:“válvula de escape”. OK não se deve fugir deste mundo. Mas igualmente não se deve mergulhar numa piscina poluída por prazer. O distanciamento é uma forma de evitar o estresse e de continuar de bem com a vida enquanto se sente vivo. Permaneço médico quando me receito isso. E prossigo comentando cinema do meu jeito. “Hugo” é o cinema que eu aprendi a gostar visto numa forma de cinema que hoje admiro (sem achar que a tecnologia é tudo – ou, ao contrário, que todos os bons filmes já foram feitos como disse Peter Bogdanovich). Imaginação é a arma da criação. Numa frase de uma sci-fi B dos anos 50: “Os desejos dos homens são suas preces, o que está ao alcance da imaginação está ao alcance da realidade”.O filme: “Caminhos das Estrelas”(Riders to the Stars/1954) de Richard Carlson & Ivan Tors(produção).

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Cinema sobre cinema

George Mèliés morreu em 1938 como morrem muitos gênios: na merda. A magia do cinema que ele levou ao pé da letra fazendo filmes de truques, ou mágicos (ele era mágico e empresário de mágico) simplesmente o esqueceu. Penso melhor: nos seus primórdios o cinema não era levado a sério. O público suspirava por uma Pola Negri ou ria de Chaplin mas pouco se dava que David Griffith mexia a câmera, aproximava-a dos olhares das estrelas e/ou Eisenstein fazia da propaganda encomendada uma obra de arte. Nunca se cultuava um filme como um quadro ou um livro. E nem precisa ir muito longe: nas diversas modalidades artísticas nem sempre se chegou a louvar seus autores quando ainda transitavam neste mundo.
O filme “A Invenção de Hugo Cabret” coloca Mèliés no trono a que fazia jus e jamais sentou. Mas a ficção o tira do ostracismo e leva-o a esse trono. Tudo através da idéia de um Selznick, membro da família do produtor de cinema que fez “...E O Vento Levou”(e o bando de gente que dirigiu o filme foi sob ordens rigorosas dele) e patrocinou “Rebeca”,trazendo Hitchcock de sua Londres para Hollywood, e mandou na RKO por algum tempo. Este roteirista de agora, Brian Selznick, deu chance a Martin Scorsese de fazer cinema sobre cinema em grande estilo. Scorsese, quem é cinéfilo sabe, é doido por esta arte de fabricar sonhos (se bem que tenha feito filmes de pretensão realista com excesso de violência). É o grande restaurador de peliculas nos dias de hoje. E quando leu o livro de Selznick não hesitou em pagar para ver na tela grande. E pensou certo: Mèliés adoraria filmar em 3D, realçando seus truques. Fez “A Invenção de Hugo Cabret”(Hugo)nessa técnica que exumou uma das muitas investidas da industria cinematográfica contra a televisão nos idos de 1950. Convocou seus auxiliares doutros carnavais, Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo para desenhar a Paris “belle époque” que serviria de palco às aventuras do garoto órfão o Hugo do titulo, não percorrendo salões litero-musicais como fez Woody Allen na sua meia noite parisiense, mas no ponto em que poderia encontrar o autor de “Voyage dans la lune”(1902) e acabasse por conseguir que se desse a ele em vida a homenagem que fazia jus.
O filme é uma beleza para a vista e o coração. Emocionou-me. Até porque eu vejo cinema assim, como o fabricante de sonhos, a arte de se decolar desse mundo e se correr por espaços totalmente irreais, um coquetel de idéias/imagens onde a gente se sinta (bem ou nem tanto).
Curioso é que “Hugo”(nome original) chega no ano de “O Artista” outro filme sobre a infância da industria cinematográfica. Os dois são candidatos a Oscar: “Hugo” a onze, “Artista” a dez. Se perderem para coisas como “Descendente” eu sinceramente, vou deixar de ver essa festa pela TV daqui em diante. Mesmo que se tratem os prêmios de Hollywood como peças de indústria para indústria os primórdios dessa mesma indústria em obras excelentes merecem o reconhecimento e jamais venham a ser preteridas por melodramas que abençoem os cornos com a cara de George Clooney.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sci-Fi B

Revi a pouco, em DVD, “Casei-me com um Monstro”(I Married a Monster from Outher Space/EUA,1958). No roteiro de Louis Viter um noivo é assediado por um et que lhe rouba a forma física. Quem vai casar é o et. E naturalmente a noiva sente a diferença. Mas consegue viver um ano com este “impostor”. Chateada porque não engravida procura um médico amigo. Nada contra seus ovários e hormônios. Pede a visita do marido. Este promete e não vai. E outras pessoas da pequena cidade onde mora o casal começam a “mudar”. O et casado que tem confiança na mulher abre o jogo:o planeta dele está condenado pois sua estrela esfria. Perderam as mulheres. Querem inseminar outras em outros mundos. Escolheram a Terra.
O fim da história é a descoberta da nave espacial onde estão os corpos dos que foram “copiados” pelos viajantes do espaço. É só desligar a máquina que mantém as matrizes dessas cópias adormecidas para que as tais cópias literalmente dissolvam. O final é o verdadeiro noivo da mocinha (não posso dizer marido pois ele não chegou a casar com ela) abraçado à sua eleita e vendo o circo, digo, o alienígena, pegar fogo.
Um detalhe interessante: a mulher já estava gostando do cópia e ele dela. Diz num momento: “No meu mundo sexo era para procriar, aqui aprendi que existe amor”.
Bem, dois anos antes deste filme dirigido por Gene Fowler Jr fizeram “Vampiros de Alnmas”(Invasion of Body Sntachers/EUA,1956) dirigido por Don Siegel. Ali, em roteiro de Daniel Mainwaring, Jack Finney e Richard Collins, os ETs chegavam em vagens “caídas do céu” e substituíam os corpos das pessoas. Eram iguais, mas sem sentimentos. E quando o filme termina eles prosseguem. O mocinho fica berrando que eles estão por aí. Coisa da guerra fria, do maccarthismo, do medo de uma sociedade hegemônica pregada pelo comunismo.
“Casei-me com um Monstro...” corre por outra linha. É uma história, parecida com a de “Vampiros...”, mas tem a coragem de falar de amor. Os vilões não são malvados, são carentes, Não matam e deixam penas quando morrem. O pior: só cachorro consegue matá-los. Como chamar os pupilos de Joe McCarthy, o senador americano que via comuna debaixo da cama, como comida de au au.
Pena que o filme de Fowler Jr, um legitimo B de uma época, não tenha saído em DVD no Brasil. Vi uma cópia do TCM gravada pelo Paulo Tardin (RJ). Já tinha visto o filme no finado Cine Nazaré em raro lançamento de produção modesta em sala de blockbuster. Valeria rever. Se não dá para rir nem para chorar dá para pensar.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Dois Centenários

Não só o cinema Olímpia faz cem anos. Minha madrinha Odete também. Ela nasceu no dia 10 de fevereiro de 1912. Prima de minha mãe morava em minha casa assim como a irmã , Maria dos Anjos, esta nascida em Portugal . Devo muito à dindinha. Era a minha companheira nas idas ao cinema quando criança, e quem cuidava de meus afazeres mais elementares, do banho ao vestir. E quem me ambientava à cultura da época. Divisão de tarefas com minha avó materna, Ângela, que se foi quando eu ainda era adolescente.
Odete,como a irmã, não casou. Soube que namorou. Mas a educação que a cercava era de convento. Uma religiosidade patológica impedia que desse liberdade a seus hormônios –e idéias. Mesmo assim, já com 60 anos, tornou-se enfermeira. Ganhou emprego no SESC local e era perfeccionista em aplicar injeções endovenosas, usar aparelhos como o inalador e o infravermelho, enfim, o que um paramédico de hoje costuma fazer. Nesse período eu já era formado em medicina e dava consultas no ambulatório da entidade. Ela me ajudava. Isso sem desprezar, em casa, os cuidados com minha mãe, que depois de ficar viúva tornou-se dependente dessa dama de companhia.
O seu colega de nascimento, o cinema Olímpia, foi nosso programa em muitas matinais de domingo. Lembro de que ela gostava muito dos filmes com Bette Davis e sem duvida expôs um efeito mimético ao elogiar “A Estranha Passageira” onde Bette, solteirona, navegava em cruzeiro achando no caminho Paul Henreid (aquele filme que terminava com a frase: “para que desejamos a lua se nós temos as estrelas?”- cena usada em “Houve Uma Vez um Verão”/Summer’42). Também saiu do cinema falando maravilhas de “Belinda” onde Jane Wyman fazia uma surda-muda violentada por um brutamonte. Ela que era avessa a filme premiado elogiou dessa vez o Oscar dado a Jane.
Ainda nas lembranças de cinema sempre fica em minha cabeça a sessão em que fomos ver “O Ladrão de Bagdá” e um fiscal de menores (o filme era proibido até 10 anos - e eu tinha 9 mas parecia ter menos) sentou-se atrás de minha poltrona e passou bom tempo atormentando Odete por ter levado um menor – e só mais tarde eu entendi que era uma paquera.
Muito de minha infância foi deletado com os anos. Mas a madrinha “de carregar”(levava o bebê no colo à pia batismal) e de fogueira (de S.João) driblou esquecimentos. Ela ainda conheceu minha mulher e minhas filhas, que a chamavam de “tatá”. Reprisou nelas o cuidado que me legou. E a todos deixou lágrimas quando sofreu em AVC hemorrágico e se foi aos 70 anos.
Cem anos de afeto. Material (o cinema) e espiritual (a madrinha). O primeiro vai persistir agora que foi considerado patrimônio da cidade. O segundo está em mim e na minha prole até que embarquemos para encontrar essa abnegada mulher que passou pela vida ajudando os outros.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Cinema também é brincadeira

O filme “A Filha do Mal” (Devil Inside) parece precário como vídeo amador, esses que registram aniversários. Mas tem som estéreo. Num momento bate forte na lateral da sala. Como a moda, hoje, é desabamento (prédios caem e tradições também desabam),ouvi gritos. Logo depois uma jovem saiu. Pensei que ela tivesse ido ao banheiro. Terror também aciona bexiga (e o mais). Engano. Era medo mesmo. Os malandros realizadores deviam estar rindo. E riram mesmo, pois a embromação faturou duas semanas entre os filmes mais rentáveis nos EUA. Como eu e minhas filhas fazemos vídeos no fim de ano ganhamos um tema. O meu ator preferido, o cunhado Manoel Teodoro, passa a ver fantasmas malucos. Não vou precisar de muito esforço. Ele tem espelho em casa.
Diversão é com “À Beira do Abismo”(Man on a Ledge). Não é Dick Basehart em “Horas Intermináveis”(1951)de Henry Hathaway: é Sam Worthington. No faz de cai mas não cai e é atendido por Elizabeth Banks feito psicóloga da policia. Mas o que o rapaz deseja é providenciar o roubo de um diamante que um magnata possui e diz que foi roubado pelo policial que o vigiava (o próprio Sam, ou Nick no papel). Quem vai roubar o ladrão é o mano dele acompanhado de uma cara-metade,Genesis Rodrigues, gata de Miami com jeito de brasileira. Um suspense de arrepiar pentelho de recém-nascido. Tudo mentirinha gostosa. O tipo do filme que os críticos ranzinzas dizem que detestam mas roem as unhas no escurinho do cinema. Quem dirige é Asger Leth.estreante na ficção. O único pecado do filme foi o titulo dado por aqui, o mesmo de um clássico de Howard Hawks que lembro ser meio chato, mas muitíssimo bem realizado.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lawrence e Frieda

Quando eu era adolescente li “O Amantes de Lady Chaterley” pela proibição que cercava esta obra de D.H. Lawrence. Foi um tempo em que a garotada consumia escondida os volumes que davam sopa nas bibliotecas dos mais velhos. Tempo em que li, também, “Filosofia na Alcova” de Sade(o Marquês) e outros volumes de autores diversos que pareciam demônios para os pudicos educadores desse tempo. Mas o caso de “Lady Chaterley”foi engraçado: não vi, como meus colegas não viram, qualquer demonstração de sacanagem. Foi o começo de minha critica ao índex que não era só da igreja mas da geração anterior que gostava de rotular qualquer desvio de comportamento como matéria proibida.
Hoje eu vejo um teleplay chamado "Casos de Paixão",sobre o idílio de Lawrence e Frieda Weekley. Ela era aristocrata de bem casada, com três filhos que logo simpatizaram com o escritor. O filme dirigido por Peter Barber Fleming de um roteiro de Alan Plater (não é Parker) limita-se ao inicio do relacionamento do casal. Termina com Lawrence festejando a união adultera. E desdobra o assunto em 3 “atos”. Muito para a TV, mas pouco cinema. Vale principalmente por Kenneth Baranagh e Helen Mirren. Eles fazem o duo amoroso e sabem fazer cinema sem abandonar a origem teatral.
Pena é que os realizadores diminuam o escritor/poeta em poucas linhas. Não citam Lady Chaterley como nenhuma das obras mais conhecidas de D. H. Isto seria matéria para outro tipo de filme. Que eu não sei se fizeram. De qualquer forma achei interessante este “trailler” de Lawrence que eu comprei numa loja escondido entre títulos comerciais. Não sabia se existia. Não perco a mania de pescar cinema. Ainda bem.