domingo, 31 de agosto de 2014

Lucy


      A teoria da Darwin, ou a Evolução das Espécies, já esteve muitas vezes no cinema. Mas foi em “2001, Uma Odisseia no Espaço” que Stanley Kubrick, ampliando o texto de Arthur Clarke, vislumbrou o macaco adquirindo inteligência resumindo o salto de muitos anos no toque a um monólito extraterreno que em seguida se corporifica no corte de imagem que vai de uma clava atirada ao ar para uma astronave em caminho da lua.

            “Luycy”,o filme de Luc Besson, vai beber na fonte de Kubrick&Clarke. Só que troca a intervenção extraterrena por uma síntese hormonal que propicia a dinamização celular, atiçando os neurônios de forma a se obter  máximo das funções cerebrais (e sabe-se que o homem só aproveita de 10% a 15% disso).

            A “cobaia” do experimento é uma jovem que um traficante encarrega de entregar uma maleta a um chefão coreano. Ela é detida pela gangue que trabalha com toda sorte de droga e recebe implante de bolsa com o hormônio em seu estomago. Só que a sua sem sensualidade leva-a a um assédio de seu guarda no cárcere onde a colocam e uma reação resulta em pancadas na região operada e a liberação dos elementos contidos na bolsa plástica que  os envolve. Resultado: Lucy, o nome da moça, vai ficando cada vez mais inteligente. E acaba por se transformar numa versão feminina do Superman, destruindo seus predadores.

            Interessante as ideias de Luc Beesson. A demonstração do tempo com um carro correndo de forma que não se o observe é uma das inteligentes amostragens visuais de teorias. O carro existe no tempo mas não se vê nas outras dimensões . Dessa forma, a inteligência usa da física , adentrando pela filosofia, e segue a ideia de que a evolução das espécies não terminou com o homo sapiens. No “2001 será um feto geneticamente elaborado quem vai aparecer na Terram a advogar a teoria (de Nietsche) do super-homem .

            Lucy pode virar energia e no caso seguir outra linha da sci-fi.O filme arranha muitas teorias e espasmos imaginosos. Podia ser um episódio de “Além da Imaginação”, mas deixa claro a influencia da odisseia espacial kubiqueana em uma sequencia de imagens não definidas.

            Besson fez o melhor em sua carreira. Também fez o seu melhor momento  atriz Scarlett Johanson. Ora graças que vi um filme bom nos cinemas comerciais de Belém. Epa, vi dois! O outro é “Magia do Luar”, coisa de Woody Allen .

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Filmes Chatos


      Um casal inicia uma viagem pelas montanhas do Cáucaso. No inicio demonstram afeto. Gradativamente vai mudando. O roteiro de Tom Bisseli com base em um seu conto, quer mostrar como o amor se dilui num determinado cenário. Antonioni fez isto. A diretora e coautora do tal roteiro,Julia Loktev, quer que as imagens contem tudo. E a formula seria esticar a amostragem da jornada do casal, com a aridez do cenário servindo de símbolo ao resfriamento do amor. Mesmo assim, mesmo comendo 90 minutos, não convence como Nica(Hani Furstenberg)vai se enjoando de Alex(Gael Garcia Bernal).

            “Planeta Solitário”(The Loneliest Planet) é um dos filmes mais chatos que eu vi até hoje. Confesso que pulei alguns capítulos vendo em DVD.Um espectador escreveu que chegou a “cobrar”o tempo de vida que gastou no cinema. Se fosse num cinema eu teria deixado a sala congeladas dos cinepolis da vida em meio ao afastamento das personagens.  

            Chatice é também “Blue”(1993), o testamento do diretor Derek Jarman(ele morreu em consequência da AIDS um ano depois). Nada mais do que a tela tomada de azul, sem imagens, e as falas dissertando sobre doença e divagações pretensamente filosóficas.

            Não tenho mais paciência para ver certos filmes. Quase deixo no meio “Sex Tape”, piada de quintal do filho do diretor Lawrence Kasan, o Jake. Como dizia o Lord Cigano,tipo que José Wilker encarnou em “Bye Bye Brasil”, “sacanagem tem que ser bem administrada”. O filme não é. Conta como um casal se esforça para resgatar as imagens de uma turnê sexual que gravou e se esquecer de apagar no computador. Antes seguem pretensas cenas de sexo na linha selfcore. Mesmo assim dá para ver a bunda da atriz Cameron Diaz. Mas ela não vira o corpo. E na cama com Jason Segel faz de conta que alcança orgasmo. Faz de conta.

            O cinema comercial varia da pornochanchada aos gibis modernosos com o gancho para CGI. Nada que faça pensar. Pensar em cinema é crime industrial. O problema é a sentença alcançar o DVD & Bluray. Resta achar download do que possa alimentar nosso amor pela chamada “arte das imagens em movimento”.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Richard Attenborough


Prestes a fazer 91 anos, Richard Attenborough morreu no dia 24/8. Diretor de “Gandhi”,um exemplo de cine-espetaculo onde se unia grandiosidade de produção e seriedade para com a Historia, o ator-diretor que eu vi em um de meus filmes prediletos, “Neste Mundo e no Outro”(A Matter of Life and Death/1947), havia escapado da morte em 2008 quando permaneceu em coma por algum tempo. Andava em cadeira de rodas e ostentava o recorde de 69 anos de casado com Sheila Sim. Perdeu uma filha, uma neta e sogra dela no tsunami de 2004 no Oriente. Tem dois filhos fazendo cinema. Bem, eu admirava o artista, desde o século passado agraciado com o titulo de lorde pela rainha Elizabeth II. Apesar de renitente contra a violência fez uma excelente interpretação em “O Estrangulador de Rillington Place”(10 Rllington Place/1971) de Richard Fleischer. Foi combatente na 2ª Guerra e talvez por isso tenha feito muitos filmes sobre o conflito. Atuando e dirigindo. Ao todo dirigiu 12 titulos e atuou em 78(o ultimo em 2004).

Depois de Robin Williams e Lauren Bacall Agosto levou mais uma estrela para o seu arquivo cinematográfico.

domingo, 17 de agosto de 2014

Terror em DVD


Saiu em DVD uma coleção de filmes de terror. Não sei quem selecionou os títulos mas se alguns não se enquadram entre os melhores do gênero há coisas extremamente validas como “A Aldeia dos Amaldiçoados”, “Tumulo Vazio”, “A Noite do Demônio”, “Orgia da Morte” e “No Silencio da Noite”.

            “Aldeia...”é ficção-cientifica. Mulheres em fase de procriar ficam gestantes em um dia e uma hora numa pequena cidade inglesa. Há problemas pois algumas amargam viagem do marido e uma delas já havia atingido a menopausa. As crianças nascem no mesmo dia e demonstram um desenvolvimento fora do comum. Em miúdos:são ETs. E pretendem dominar o planeta. Nesse caso lembram os que passaram a substituir os executivos terrestres em “Eles Vivem” de John Carpenter (não está na coleção mas podia entrar). Um professor(George Saders), marido da senhora infértil que tem um dos meninos, resolve acabar com a raça mesmo sacrificando sua vida. A sequencia é muito bem construída. O diretor Wolf Riller não fez coisas mais expressivas limitando-se a continuar seu filme mais festejado.

            “Tumulo Vazio”é de Val Lewton & Bob Wise. O primeiro um produtor corajoso de ótimos filmes B. O segundo, vindo da sala de edição (editou “Cidadão Kane”) seria um dos mais prestigiados cineastas de Hollywood(basta citar “A Noviça Rebelde”). O filme ora em DVD trata dos primórdios da medicina quando os anatomistas precisavam de cadáveres para estudo e por isso pagavam coveiros para arranjar a “mercadoria”. Boris Karloff encabeça o elenco. A cena da estrada, quando numa carroça os condutores veem um corpo cair sobre eles com o sacolejar do carro, impressiona.

            Cavalcanti, o brasileiro que impulsionou a Vera Cruz de S.Paulo, é um dos diretores de “Na Solidão da Noite” uma espécie de “10 Indiozinhos”(Ten Little Indians) de Agatha Christie no patamar do medo.

            “Orgia da Morte” é da série Corman & Poe, com o diretor Roger Corman mostrando como se faz filmes B com jeito de A e usando a beleza plástica a serviço do medo.

            E ainda tem o ultimo Jacques Tourneur , “A Noite do Demônio”, mais uma homenagem ao cineasta de tantos bons fllmes de e fora do gênero do que um de sés melhores titulos.

            O pacote vale. Mais um gol  da Versátil distribuidora de DVD que vem editando esse tipo de coleção.

           

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Drama Energético


Seria engraçado se não fosse trágico: o Pará, como mulher gestante, pariu energia hidráulica através de Tucurui e está grávido de Belo Monte. Mesmo assim, exportando filho energético para outras regiões, ganha, agora um aumento exorbitante(ou, na nossa língua, pai d’egua), de um só vez, como se a nossa CELPA fosse só termoelétrica. Nos 34% e mais uns trocados vão sofrer quem não cria gato e paga sem pestanejar a sua conta residencial. O que virá por trás disso, no plano industrial-comercial, vai elevar o custo de vida a um patamar que neste meio do ano já torna piada o próximo salário mínimo.

          Um atentado ao bolso dos paraenses que no fim do mês será sentido. Será que não se vai reclamar da facada na genitora de tantos quilowatts ?