quarta-feira, 4 de outubro de 2023

 

OS VIDEOS NO NOVO BANDEIRANTE

A pandemia me expulsou do cinema. Vejo filmes (e muitos) em vídeo. Muitos já havia visto (e cabe o replay, outros, descubro. No primeiro patamar reencontrei “Carrie” (Perdição por Amor) onde Laurence Olivier deixa Shakespeare para, nas mãos de William Wyler, ser o apaixonado sofrido por Jennifer Jones. Lembrava do final, um dos mais tristes, onde o personagem pedia esmola para a mulher amada e no fim a sua desdita. Marcante. Revi também “O Pecado de Todos Nós” (Reflection in Golden Eye), de John Huston, onde Marlon Brando exala um amor homo servindo as ameaças de Elizabeth Taylor. Não vai fundo no drama, mas impressiona pelo cuidado artesanal.

Há cinema nos canais de TV tipo Netflix como um documentário sobre uma igreja criada por oportunistas – “Escândalos na Igreja – A Luz do Mundo”

Na TV vejo a média de 3 filmes por dia. Confortavelmente. E sei que o que hoje está numa tela de shopping amanhã estará na minha TV. Mas, por certo, do saudoso Bandeirante (cinema em película de 16mm sediado na garagem de casa.

  

sábado, 16 de setembro de 2023


As primeiras imagens do filme “Barbie”  mostram meninas pré-históricas brincando com bonecas. O roteiro da diretora Greta Gerwick aposta na ideia de que as mulheres, desde que nascem, vislumbram seu futuro,  quem sabe, espelhando o comportamento das mães ou pessoas caras do ambiente  que encontraram no mundo. Noutras palavras é como a mulher se espelha no que lhe foi dado de cenário e em que vivem a partir da saída do útero materno.

  Gerwick afirma que a mulher logo sabe quem é. E Barbie seria o superlativo do instinto maternal.

Daria um filme interessante se não se afogasse na essência fisiológica seguindo o parâmetro de que o sexo controla o bebê desde que gerado.

Mas o filme que explora o contexto animal desliza pela ideia de que a futura Barbie-mulher seja também influenciada pelo masculino que logo desponta com sua carga psicofisiológica.

 

Barbie, a boneca, seria joguete nas mãos de Ken, o que parecia um novo brinquedo mas sufocado pela índole masculina posta no mundo para assegurar a procriação.

O filme endossa a tese de que a diferença sexual é um estímulo para conquistas e derrotas.

Infelizmente o tom fantasioso, apela para a ideia de que a anatomia é a arquiteta da gênese. Brinca demais com a forma fantasiosa como se tudo estivesse num brinquedo, onde a ideia de domínio passasse a ser discutida quando uma pessoa deseja lutar para impor seu sexo ou soubesse tratá-lo.

Mas qualquer pretensão se afoga em espécies de capítulos desajustados. Fica a ideia de que a boneca seja sempre o brinquedo de mocinhos instáveis. É como se a boneca perca terreno quando quer ser mais do que o boneco.

Uma linguagem confusa lembra um jogo onde faltam peças. Mesmo sabendo-se que na realidade as bonecas vendem mais do que os bonecos.

O filme fez boa bilheteria. Talvez porque Barbie seja popular como derivada de brinquedo. Mas como cinema é de esvaziar a caixa de papelão.