segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cine Holyúdi

Fazer cinema não é fácil. Eu tento fazer filme amador desde 1951 e lutando com película 16mm construí coisas de forma ousada, sem edição "a posteriori”(montava durante a filmagem usando película positiva). Por isso desculpo o amadorismo de “Cine Holyúdy”.uma produção “made in Ceará” com parcos recursos e moldada no folclore regional. Mesmo assim acho que a improvisação, a pintura especifica, tudo o que o autor Halder Gomes edificou, podia melhorar. Os tipos pintados de comédia com as tintas da caricatura são extremamente exagerados. O ideal seria o roteiro começar num circo e adentrar por uma dessas “peças” que se encenam nos palcos ao lado dos picadeiros em montagens interioranas. Claro que no passado. Hoje há um crivo tecnológico que desvirtua o clima de ingenuidade. Na aventura do idealista que quer montar uma sala para usar seu projetor sobra estereótipos grossos, atirados na tela sem um traço imaginoso. Dou exemplo: há uma cena e, que se vê um padre, no confessionário, movendo as mãos por baixo sem que se veja logo o que está fazendo. Pensa-se que o sujeito se masturba. Depois é que se sabe,num plano mais aberto, que está consertando seu pequeno rádio para ouvir o seu programa preferido. Esse tipo de anedota, surgida da surpresa, não se repete no filme. A plateia do cinema é mostrada como uma aficionada de kung-fu e suficientemente burra para engolir uma pantomima do dono da casa quando a sessão se interrompe antes do fim do filme. Nada de ver o espectador das brenhas que no Ceará como na Amazônia era um maravilhado sem a mascara de um bufão. Não deu para sair antes do fim mas não gostei do que vi. E não mostra o amor ao cinema exceto numa fala do político local que diz que “cinema é a vida e por isso enquanto há vida há cinema”. Com imagem Ettore Scola encerrou o seu “Splendor” onde a plateia não deixou que morresse sua sala de projeção e levou cadeira para o que já era um vazio e voltou a ver o que lhe emocionava.

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