Este é
possivelmente o ano em que fui (ou vou) menos a cinema. Lembro, quando
adolescente, via mais filmes do que os
dias da folhinha. Mas não é pvc (porra da velhice chegou).É que cinema, agora,
é apêndice de shopping-center. Mais um lugar de compras. Mesmo para quem não paga
(como eu). Mesmo assim, vou ver alguma coisa. E se vi e gostei de “Malévola”,até
porque visitei uma cópia de som original (um detalhe: além de detestar dublagem
minha deficiência auditiva impede contato com o som pouco afinado a maioria das
salas exibidoras), não perdi tempo diante dos melodramas e dos blockbuster. São
tantos que nem vale a pena menciona-los.
Meu cinema é
em casa, vendo DVD ou bluray.E gostei de ver as formiguinhas lutando contra as
manas vermelhas em “Minúsculo”,uma animação francesa que encontrei com o
Rodolfo, o garimpeiro da mina que algumas vezes visito. Por outro lado, achei terrível
o novo filme do coreano Ki-Kin-Duk: “Moebius” que o Marco Kubrick baixou.
Interessante contar a historia sem palavras. Mas tratar de secção de pênis é
piada velha, e chega a ser realmente piada quando um dos membros cortados fica no
meio da rua entre os carros que passam...
Curioso foi “Gaiola
Dourada”(La Cage D’Or) onde portugueses morando na França recebem de herança
uma casa enorme em sua terra e devem deixar tudo e todos na Paris que lhes
explora. Até quase ao meio o filme deixa pensar que os lusos vão ceder aos
franceses. E o suspense tempera um filme sobretudo simpático.
E revi “A
Adolesente”(THe Young One)de Buñuel. Achei que em rara vez o “brujo”foi
piedoso, lembrando o seu passado de seminarista. Zachary Scott, sem barba ou
bigode, se compadece do negro que pede auxilio aos seus domínios numa ilha. E
Zach é pedeófilo juramentado,mas é perdoado por um padre que o visita. Nem
parece Buñuel. E foi o único filme dele em Hollywood. Diferente pero bueno como
a fotografia do mestre Gabriel Figueroa.
E por citar Figueroa: o pessoal das
distribuidoras de vídeo nacionais devem lembrar de “A Perola”(La Perla)de
Emilio Fernandez. Ali Figueroa inaugura a iluminação ampla que o nosso Barretão
(Luis Carlos Barreto) usou em “Vidas Secas”. Um estilo de captar imagem deixada
por sol exuberante. Quem filmava com película sabia que se usava diafragma 16
ou 11 e lente grande angular. Era a
funcionalidade do campo aberto.
Tratando de cinema, Acyr Castro,
colunista na época em que eu estreava na imprensa, completou 80 junhos. É o
sobrevivente da fundação da APCC associação de críticos que hoje trocou letras.
Mais velho que o tempo do Acyr só o Munhoz(Antonio Lopes) que já soma 82. O
tempo não dorme e enquanto a gente dribla a morte vamos vendo ou revendo
filmes.Por sinal que o Acyr me disse que vê 3 DVDs por dia. Minha média na TV.
Muita coisa é para atiçar a memória percebendo a vantagem dessa arte que é
gravar o passado apresentando-o ao presente como se fosse presente. E em muitos
filmes estão maravilhosos fantasmas...
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