terça-feira, 17 de junho de 2014

Meus Programas de Cinema


Este é possivelmente o ano em que fui (ou vou) menos a cinema. Lembro, quando adolescente,  via mais filmes do que os dias da folhinha. Mas não é pvc (porra da velhice chegou).É que cinema, agora, é apêndice de shopping-center. Mais um lugar de compras. Mesmo para quem não paga (como eu). Mesmo assim, vou ver alguma coisa. E se vi e gostei de “Malévola”,até porque visitei uma cópia de som original (um detalhe: além de detestar dublagem minha deficiência auditiva impede contato com o som pouco afinado a maioria das salas exibidoras), não perdi tempo diante dos melodramas e dos blockbuster. São tantos que nem vale a pena menciona-los.

Meu cinema é em casa, vendo DVD ou bluray.E gostei de ver as formiguinhas lutando contra as manas vermelhas em “Minúsculo”,uma animação francesa que encontrei com o Rodolfo, o garimpeiro da mina que algumas vezes visito. Por outro lado, achei terrível o novo filme do coreano Ki-Kin-Duk: “Moebius” que o Marco Kubrick baixou. Interessante contar a historia sem palavras. Mas tratar de secção de pênis é piada velha, e chega a ser  realmente  piada quando um dos membros cortados fica no meio da rua entre os carros que passam...

Curioso foi “Gaiola Dourada”(La Cage D’Or) onde portugueses morando na França recebem de herança uma casa enorme em sua terra e devem deixar tudo e todos na Paris que lhes explora. Até quase ao meio o filme deixa pensar que os lusos vão ceder aos franceses. E o suspense tempera um filme sobretudo simpático.

E revi “A Adolesente”(THe Young One)de Buñuel. Achei que em rara vez o “brujo”foi piedoso, lembrando o seu passado de seminarista. Zachary Scott, sem barba ou bigode, se compadece do negro que pede auxilio aos seus domínios numa ilha. E Zach é pedeófilo juramentado,mas é perdoado por um padre que o visita. Nem parece Buñuel. E foi o único filme dele em Hollywood. Diferente pero bueno como a fotografia do mestre Gabriel Figueroa.

            E por citar Figueroa: o pessoal das distribuidoras de vídeo nacionais devem lembrar de “A Perola”(La Perla)de Emilio Fernandez. Ali Figueroa inaugura a iluminação ampla que o nosso Barretão (Luis Carlos Barreto) usou em “Vidas Secas”. Um estilo de captar imagem deixada por sol exuberante. Quem filmava com película sabia que se usava diafragma 16 ou 11 e  lente grande angular. Era a funcionalidade do campo aberto.

            Tratando de cinema, Acyr Castro, colunista na época em que eu estreava na imprensa, completou 80 junhos. É o sobrevivente da fundação da APCC associação de críticos que hoje trocou letras. Mais velho que o tempo do Acyr só o Munhoz(Antonio Lopes) que já soma 82. O tempo não dorme e enquanto a gente dribla a morte vamos vendo ou revendo filmes.Por sinal que o Acyr me disse que vê 3 DVDs por dia. Minha média na TV. Muita coisa é para atiçar a memória percebendo a vantagem dessa arte que é gravar o passado apresentando-o ao presente como se fosse presente. E em muitos filmes estão maravilhosos fantasmas...

Nenhum comentário:

Postar um comentário