Cirio
sem a procissão das aguas imaginada por Carlos Roque, sem a trasladação que eu
via do pátio de minha casa, na av S. Jeronimo, sem a grande romaria que ia
assistir, levado por minha ama, Artemisia (chamada Cabocla) de uma casa na av
Nazaré, sem os brinquedos do arraial que eu frequentava especialmente os
“aviões” com nomes de times de futebol(o meu era o Paissandu),sem a procissão
do ultimo domingo da festa que passava (como a trasladação) na minha rua.Sem
nada disso vejo um ano cabalístico, o pior de meus 84 e um dos mais trágicos ´para
a humanidade.
Este
ano um minúsculo intruso muda tudo. E mesmo assim pode gerar infecções por
romeiros teimosos.
O Cirio
resistiu as pandemias passadas como a Gripe Espanhola e Asiatica. Entra na historia do Coronavirus
como uma intromissão maldita. E esta maldição atinge mais de 200 anos. Lembro
de ter visto mais de 80 Cirios . Com dois anos cheguei a ir no Carro dos Anjos
devidamente “fantasiado”. Senti a festa popular por excelência. Nenhum paraense
era alheio ao que se fazia no segundo domingo de outubro. Este 2020 dá pena.
Li numa
revista nacional que 2020 não é o pior. Houve um dos anos 500. Citam fenômenos atmosféricos
e isto não afetaria agora, numa época em que a ciência se desenvolveu e o mundo
só teme uma guerra nuclear vendo nações exibindo armas destruidoras como símbolo
de poder. Agora seria aventar um futuro próximo. E o vírus assassino de hoje
parece blefar com isso dizendo que nem é preciso bombas nucleares para matar multidões.
Um
Cirio sem círios restou para a soma dos tempos.
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