“A Mancha”(The Blot/EUA,1921) impressiona sobremodo na sua
edição que se exime (até por ser raro na época) de movimentos de câmera. Um exemplo:
se em um médio plano de duas pessoas são vistas conversando em médio (foco da
cintura para cinema) segue-se um close(as mesmas pessoas mais perto).Corta-se
quando o “normal” seria uma aproximação da objetiva, feita certamente num carro
que chegasse ao plano desejado. No entanto o que se vê ésimplesmente um corte e
o plano seguinte ao médio. Por certo havia mais de uma câmera em ação. Isto
porque se um ator está com um braço semi elevado quando ele é visto de outro ângulo
com o braço terminando de se elevar.
Seria difícil mudar as posições sem corte. Nesse jogo tétnico de imagens fixas corre em
mais de uma hora o drama de uma jovem filha de um professor universitário que
ganha pouco e no seu emprego ela também não recebe o bastante para manter uma
vida de classe modesta, Quando a personagem é assediada por dois rapazes, um é
rico e tenta elevar o ganho da família da eleita e outro apenas contemporiza o
padrão.
O filme trata em síntese um drama social, sem se aprofundar
muito nisso, O que importa não é bem o esquematismo das personagens mas um
enredo que focalize a base de um romance.
Não há um
plano de final feliz. Ao invés do ricaço seguir com a amada focaliza-se ela
chorando pelo outro que se vai. Se isso é esquemático a diretora Lois Weber
quer é que se entenda o quadro social num tempo e espaço. Há, por exemplo, ma
critica quando se vê um mestre ganhar pouco para manter uma família (mulher e
filha). Chega-se ao vizinho que ganha mais.
A
mancha do titulo seria o quadro social. Mesmo aquém de um resultado mais denso,
Com tipos esquematizados, o filme deixa um recado E numa época em que a critica
ao desnível de classe era normalmente vetado ou excessivamente resumodo .
O filme
foi remasterizado e andou pelo Telecine Cult. Se passar novamente veja, Uma edição
em dvd é raridade que não se acha em
nosso mercado. Nem em cursos de cinema que devem informar o fato de Lois
ser a primeira cineasta (mulher) americana (e em 1921 ela já estava encerrando
carreira).
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