As
primeiras imagens do filme “Barbie” mostram
meninas pré-históricas brincando com bonecas. O roteiro da diretora Greta
Gerwick aposta na ideia de que as mulheres, desde que nascem, vislumbram seu
futuro, quem sabe, espelhando o comportamento das mães ou pessoas caras do
ambiente que encontraram no mundo.
Noutras palavras é como a mulher se espelha no que lhe foi dado de cenário e em
que vivem a partir da saída do útero materno.
Gerwick afirma que a mulher logo sabe quem é.
E Barbie seria o superlativo do instinto maternal.
Daria um
filme interessante se não se afogasse na essência fisiológica seguindo o
parâmetro de que o sexo controla o bebê desde que gerado.
Mas o filme
que explora o contexto animal desliza pela ideia de que a futura Barbie-mulher
seja também influenciada pelo masculino que logo desponta com sua carga psicofisiológica.
Barbie, a
boneca, seria joguete nas mãos de Ken, o que parecia um novo brinquedo mas
sufocado pela índole masculina posta no mundo para assegurar a procriação.
O filme
endossa a tese de que a diferença sexual é um estímulo para conquistas e
derrotas.
Infelizmente
o tom fantasioso, apela para a ideia de que a anatomia é a arquiteta da
gênese. Brinca demais com a forma fantasiosa como se tudo estivesse num
brinquedo, onde a ideia de domínio passasse a ser discutida quando uma pessoa
deseja lutar para impor seu sexo ou soubesse tratá-lo.
Mas qualquer
pretensão se afoga em espécies de capítulos desajustados. Fica a ideia de que a
boneca seja sempre o brinquedo de mocinhos instáveis. É como se a boneca perca
terreno quando quer ser mais do que o boneco.
Uma
linguagem confusa lembra um jogo onde faltam peças. Mesmo sabendo-se que na
realidade as bonecas vendem mais do que os bonecos.
O filme fez
boa bilheteria. Talvez porque Barbie seja popular como derivada de brinquedo.
Mas como cinema é de esvaziar a caixa de papelão.
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