sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Pré-Natal

Chegando o fim do ano a gente que choca cinema passa em revista o que viu nos 12 meses. Hoje, com o DVD eu vejo a média de 2 filmes por dia(ou noite). Descubro e reviso imagens diversas. Às vezes penso no que disse o meu xará Peter Bogdanovich, mesmo que ele tenha desmentido depois:”os melhores filmes já foram feitos”. O problema é percebido pela sensibilidade de quem vê. Se antes eu pugnava pela grafia e temática hoje eu penso no que me toca. Devo ter percebido o que dizia o Didi (Edwaldo Martins), “o que balança o passarinho”. Tanto que a minha lista dos melhores de 2009 vai se arrastar para chegar a 10 títulos. Reconheço, por exemplo, que o cinema de Alksandr Sokurov tem valor. Mas não me seduz. E, sinceramente, não solto tantos foguetes para “Bastardos Inglórios” de Quentin Tarantino embora reconheça que é o melhor que este cineasta fez (não sou, decididamente, fã do que ele faz). Meus filmes mais queridos deste ano são “Up”, “Gran Torino”,”Rio Congelado”, e “Quem Quer Ser Um Milionário?”, embora dê espaço a “Sinédoque Nova York”, “Amantes” e “O Visitante”. Mas deixem pra lá, ainda não fiz a lista dos meus dez.
Morreu Gene Barry, o ator da primeira versão de “A Guerra dos Mundos”(infinitamente melhor do que a de Steven Spielberg, o foguetório amparado na computação gráfica). Lembro-me dele no esquecido “Cidade Atômica”(Atomic City) onde fazia um cientista nuclear às voltas com o seqüestro do filho por uma facção ligada ao pólo contrário da guerra fria. Gene, nesses papéis e em tanta coisa que fez para a TV, não era ator brilhante. Mas dava conta do recado. No “Guerra...” de Spielberg fez uma aparição meteórica até como uma homenagem ao seu personagem anterior. E seria a sua despedida. Tinha 90 anos.
Desde criança acompanho os lançamentos da Disney em desenho animado 2D. Tanto que o primeiro filme que eu vi foi “Branca de Neve e os 7 Anões”. Hoje quero ver “A Princesa e o Sapo”, embora não goste tanto do traço dos desenhistas, mesmo de Ron Clemens, já um veterano (dele “A Pequena Sereia”) como gostava do que faziam os “9 velhos”, a equipe que desenhou Pinocchio e Cinderella, dando espaço para quem esticou os personagens em “A Bela Adormecida”, afinal o advento de outra estética. Mas ainda prefiro a Disney nesta área da prancheta. O desenho dos estúdios PIXAR, aliado da empresa de Mickey, representam outra coisa. Acho fantásticos “Ratatouille’, “Wall E” e agora “Up”.
Dois filmes de Frank Capra foram programados pela ACCPA para o Natal: “Adorável Vagabundo”, titulo imbecil dado a “Meet John Doe” e “A Felicidade Não Se Compra!”, titulo genial dado a “It’s a Wonderful Life”(o próprio Capra disse que se soubesse antes do nome que deram no Brasil a seu filme mudaria o titulo de “Vida Maravilhosa”). Gosto de um e adoro outro. Gary Cooper é o arquétipo do New Deal de Roosevelt como o ícone adotado pelo povão a partir da vontade de gritar contra os desmandos públicos. A contra-ofensiva dos donos do poder o estraçalha mas, na noite de Natal, ele recupera o prestigio de ser um brilhante herói de ficção. Barbra Syanwyck, que foi namoradinha de Capra antes dele casar com a sua Lou, faz a jornalista que inventa o “John Doe”(equivalente ao nosso Zé Povinho).
Em “A Felicidade...”o herói é Jimmy Stewart, um tipo quixotesco que se vê ausente da vida de tantas pessoas e sabe como elas sentiriam a sua falta. Idéia de Philip Van Doren Stern que deu no mais bem trabalhado dos filmes de Capra. Basta a seqüência em que Stewart sabe do casamento do irmão e por isso de seu destino contrário ao que planejava seguir. Um close do ator em travelling é soberbo. Ele, Stewart, que fez tanto cinema com Hitchcock, disse várias vezes que foi o seu grande momento profissional.
Com essas jóias eu encerro o ano. Não desprezo a chegada de “Avatar” de James Cameron. Mas aí é outra coisa, é cinema-espetáculo. A ele a sua hora. (PV)

Um comentário:

  1. Frank Capra perfeito em toda sua obra, um de meus diretores preferidos, soube como ninguém mostrar o talento de Gary Cooper,em "...Adorável Vagabundo" .
    Adoro seus filmes com Jimmy Stewart.um de meus preferidos é "DO MUNDO NADA SE LEVA".
    Gary Cooper POR SUA VEZ,um ator talentosíssimo!!!!! Os cinéfilos desta geração deveriam buscar sua filmografia e prestigiar. Amo tudo que fez , tenho quase toda a sua coleção de mais de 100 filmes,iniciada no cinema mudo, é o meu ator preferido, versátil e generoso em suas performances. além de ser um dos homens mais belos do cinema americano.
    rsrsr Sou a fã número 1 no BRASIL.
    apaixonada por ele desde os meus 5 anos.
    Sibely Cooper!

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