domingo, 15 de janeiro de 2012

Sherlock Marvel

Sherlock Holmes do século XXI via Guy Ritchie, é uma espécie de James Bond. Quem sabe James Band-Aid. Bom de porrada, não perde tempo usando lupa, analisando como o vilão está agindo. Ou agiu. É um atleta, e só tem do tipo criado por Arthur Conan Doyle aquela tendência homossexual que muitos leitores viram e o escritor nunca se deu ao luxo de confirmar (afinal, Holmes e Watson eram “só” amigos?).
O filme “Sherlock Holmes : O Jogo das Sombras” joga com a idéia de que muito antes do assassinato do arquiduque Francisco Fernando e sua esposa Sofia pelo sérvio Gavrilo Princip querelas entre alemães e ingleses, principalmente, anunciaram que a boa vizinhança se diluía entre as nações bem armadas (o domínio marítimo, por exemplo). No filme o velho inimigo de Holmes, o professor Moriarty, queria guerra. Ia ganhar com isso. E Holmes defendeu os ingleses de graça. Uma licença histórica tão malandra quanto aquela do filme de Billy Wilder (“A Vida Intima de Sherlock Holmes”/The Private Life of Shelock Holmes-1970) em que um submarino do tempo da rainha Vitória era confundido com o Monstro do Lago Ness.
Ritchie e seus roteiristas Karen e Michele Mulroney apostaram na platéia jovem (que paga ingresso) de hoje. Botaram cenas de ação dignas de um blockbosta (haja CGI!...) e para fazer gracinha chegaram a travestir Sherlock, que assim como se preocupava com Moriarty queria separar Watson de sua mulher (recém casados) .Robert Downey Jr é bom ator e faz o que pode do que lhe mandam fazer. Jude Law nada tem do Watson que a gente imagina lendo Doyle. Coerente com um companheiro que nada possui do que o escritor inglês criou, deixa vaga a imagem do melhor SH retratado em tela grande pelo tipo de Basil Rathbone nas “fitas”dos anos 40.
O novo filme é um carnaval, ou um samba de crioulo doido. Metralhadora de imagens, com cortes em planos acima de 10 segundos na tela, briga com Morfeu na rinha do espectador. Eu não dormi. Nem consultei meu relógio. Isto é elogio. Mas a razão desconhece qualidade no que foi escrito. Escapa a métrica do ex-marido de Madonna. Sem apelar para muita CGI ou motion-captured, ele conta uma historia maluca de forma alucinada. Esta coerência faz a gente suportar o programa com certo agrado. Afinal o que a indústria joga no mercado dos (com perdão de JK Rawlins) trouxas.

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