terça-feira, 18 de setembro de 2012

Corações Sujos

No Brasil dos anos 40 os imigrantes dos países em guerra com os Aliados, os conhecidos como RoBerTo (Ro de Roma, Ber de Berlim e To de Tóquio) eram confinados em ares escolhidas pelo governo federal mesmo sem imitar os campos de concentração que existiam nessas terras, especialmente as dominadas pelos alemães. Engraçado é que vivíamos uma ditadura (a de Vargas). E o nosso ditador chegou a manter correspondência com o colega germânico(Hitler). Mas os norte-americanos viraram a mesa quando 4 navios brasileiroa afundaram e se culpou submarino alemão. Roosevelt, o presidente dos EUA, veio ao Rio pedir a Getulio(Vargas) que o brasileiro entrasse na briga. Outro ponto curioso é que o mesmo Roosevelt (Franklin Delano) havia tentado suportar uma neutralidade de 1939 a dezembro de 1941. Foi preciso os japoneses atacar Pear Harbor para ele se decidir. Eu era criança e sabia das histórias da guerra. Sabia da caça aos alemães,italianos e japoneses. Um alemão que era meu vizinho no Mosqueiro, teve seu estabelecimento comercial depredado (a Foto Amazônia) . E ele era judeu e fugira de sua terra com medo da perseguição a seus irmãos de credo. Também os italianos foram perseguidos. E os japoneses. Já depois do conflito, fui varias vezes ao Natal do Murubira, também no Mosqueiro, e vi os Yamada em sua horta. O patriarca dessa família havia estado no Presídio S. José e se dizia que lá ele começou a pintar. Fez muitos quadros elogiados na época. O filme “Corações Sujos” de Vicente Amorim trata dos japoneses confinados em Paulínia(s.Paulo). Quando o Japão se rendeu, eles relutaram a aceitar isso. Nem vendo fotos do General Mac Arthur com o imperador nipônico depois da rendição aceitavam o fato. E pediam aos conterrâneos que resistissem a ponto de praticar haraquiri. Como ninguém queria cortar a barriga em nome de uma inverdade eles eram assassinados. É o tema do livro de Fernando Moraes que deu luz ao filme. Não conheço este livro, mas o filme é competente. Nada de obra-prima. O elogio maior é chegar perto da cultura nipônica com a ajuda providencial de atores japoneses. Todos muito bem, mesmo quando os papéis exageram e deixam um epilogo melodramático que quase estraga tudo. Amorim contou com uma boa produção e seu filme conseguiu ser distribuído depois de um ano de espera. Hoje como ontem o cinema brasileiro privilegia chanchadas por conta de um mercado vicioso: o público paga para ver “quem comeu” e lhe é servido um mesmo prato. Vicente Amorim é filho do ex-ministro Celso Amorim que foi diretor da Embrafilme no tempo da ditadura. Foi ele quem acabou com a agencia regional da entidade sediada em Belém.

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