quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Ted
Quando eu era criança ganhei de meus pais um urso de pelúcia. Chamei de Totó .Ainda guardo o brinquedo num armário. Mas ele nunca falou comigo. Nem quis conversar com ele. Cada macaco no seu galho. Mas o urso do norte-americano John do filme “Ted” de Seth MacFarlane, não só falou com o dono como passou a andar com ele e a monitorar sua adolescência e sua vida sexual na idade adulta.
Farlane foi animador do grupo Hannah & Barbera e andou pela Disney. Fez na TV coisas como “Familia da Pesada”. É um quarentão bem humorado. Seu filme provocou gargalhadas no cinema como eu não ouvia há muito tempo. Quem pensa que é coisa de menininho, de conto de fadas, quebra a cara. É sacanagem bem administrada como disse o Lorde Cigano(José Wilker) no “Bye Bye Brasil” de Cacá Diegues.
Quem adora pensar em cinema vai descobrir muita coisa em “Ted”. Ali está a criança intimidada, o adolescente ingênuo, o homem maduro que só o é na idade (35 anos , se diz). E a repercussão do fato de existir um brinquedo falante e móvel passa meteoricamente pela mídia. Dá a entender que as coisas bizarras são tantas no mundo moderno que um ursinho fazer a vez de gente, até mesmo curtindo droga e fazendo sexo (com o “dispositivo” a seu alcance) não causa uma perene admiração. Vendo assim o roteiro critica o comportamento de uma sociedade acomodada que só se admira do fato que é noticia. E a noticia morre quando perdura.
Também se fala (ou se vê) como o “happy end” funciona em propostas surrealistas. A plateia ficaria revoltada se no fim do filme “matassem” o Ted. Para ele, uma cirurgia de pluma e agulha de crochê dá conta de um milagre. E para isso mostra-se até as “estrelas cadentes” que a cultura ocidental acata como motivo para se pedir uma graça.
Legal o filme. Quem pensou, como um deputado, que é “imoral”, não vê a violência diária das imagens difundidas em todas as vias de acesso público e quer ser o próprio menino a busca de um brinquedo falante. Eu sugeria a ele um Pinóquio.
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