domingo, 10 de fevereiro de 2013
Oscar 2013:Candidatos Estrangeiros
Na década de 50 eu vi no antigo cinema Moderno o documentário “Kon Tiki” do norueguês Thor Heyersahl. Foi o Oscar do gênero e sempre me marcou a ideia de que a missão de cortar oceano numa jangada era para provar que os nossos índios vieram da Polinésia. Hoje, vendo “Kon Tiki” de Joachim Ronning e Espen Sandberg fico sabendo do contrário, ou seja, a expedição de Thoe partiu do Peru para afirmar que os polinésios são descendentes dos sul-americanos.
Importa que o novo filme, uma recriação do fato histórico, impressiona categoricamente. Encabeçados pelo idealista Thor, seis homens se lançam numa aventura suicida, perseguindo a ideia de que a viagem aconteceu, de fato, muito antes de Colombo chegar à America.
O filme consegue ser dinâmico sem sair do fato histórico e só utiliza um viés de romance para alimentar a plateia que poderia desprezar a simples amostragem dos heróis focalizados com a dimensão humana restrita ao medo de morrer no mar. Este romance é justamente o de Thor (Paul Sverre Valheim Hagen) com a esposa Liv (Agnes Kittelsen) mãe de seus dois filhos. Ela não suporta a febre idealista do marido e o abandona antes de saber que ele chegou bem a seu destino no trajeto de cerca de 4300 milhas. Deixou-lhe uma carta que um colega de viagem leva para ser entregue a ele ao desembarcar no solo polinésio.
Um trabalho de direção de arte muito bom e de uma edição capaz de ritmar a monotonia da longa viagem(apesar da ameaça de tubarões). È o candidato da Noruega ao Oscar de filme estrangeiro este ano(2013). Não deve repetir o feito de seu antepassado cinematográfico mas exibe o insuspeitado bom cinema do país.
Outro candidato a Oscar é “Rebelle”, representando o Canadá. Filmado no Congo narra a historia de uma jovem assolada pela violência da guerra tribal e obrigada pelos inimigos a matar pai e mãe. Depois ela segue com as tropas desses inimigos e dentre muitas barbaridades vê a morte do amante e engravida de um truculento militar. Ela narra o seu drama e não é obrigada a estar viva para contar sua odisseia. O recurso da narração oral apenas facilita o ritmo de um filme que se debruça na crueldade,mostrando (bem) o lado animalesco de seres humanos.
O diretor é Kim Nugyen com mais 6 filmes no currículo. Filmado em locações nos pontos citados pelo roteiro do próprio diretor custa a tirar a noção de documentário. Um elenco expressivo dá conta de uma realidade copiada com o rigor de quem quer deixar bem nítido os fatos. É um dos filmes mais cruéis que vi em anos. Mas essa crueldade é objetivada pelo autor. Impressiona especialmente o desempenho de Rahel Mzuanga como Komona, a sofrida heroína.
No Brasil o filme vai se chamar “A Feiticeira da Guerra”. Isto porque Komona, para se livrar de torturas, diz-se bruxa. E acreditam nisso.
Os dois filmes que eu menciono vão perder a estatueta de Hollywood para o grande “Amor” de Michael Hanek. Mas eles ganham longe alguns dos candidatos a filmes concorrentes de língua inglesa.
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