sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Caminho do Oscar

Estou preparado para dormir tarde no domingo, 24/2, quando a TV transmite a entrega dos Oscar. É uma tradição. E quase sempre uma perda de tempo(e sono). No ano passado eu estava como tiete de clube apostando no que deu: “O Artista”. Este ano meu preferido vai perder na categoria “major” e ganhar na de “filme estrangeiro”(“L’Amour”).Mas vejam lá o meu mapa: ‘Amor” é duro, deprimente, mas cinema grande como vê um casal no fim da vida com ele tentando diminuir o sofrimento dela. Na segunda vez em que vi o filme me perguntei de que vale exibir sofrimento tão grande. Será só para os atores mostrarem o quanto valem ? Mas a verdade é que a dimensão do amor, segundo o cineasta Michael Hanek, é medida, realmente, na dor. Quando a dor por um é maior do que o seu próprio instinto de sobrevivência é a medida certa de um amor total. Ele pensou assim e fez seu filme denso e honesto.Bom demais para uma peleja como o Oscar. Vai perder com o filme em geral e ganhar como estrangeiro. “Argo” me fez ficar na ponta da poltrona, agoniado pelo destino dos americanos que fugiam do Irã pós xá. Ben Affleck como diretor conseguiu um ritmo vertiginoso, aquilo que se chama de suspense. Pena é que no fim ele estique a ação e mostre o herói chegando em casa, abraçando a mulher e lá no fundo do plano a bandeira nacional. OK foi um triunfo da inteligência dos EUA. Mas a verdade é que os iranianos são vistos na ótica de vilão estereotipado: mau e burro. Vale pela narrativa, pela edição, pela síntese com que se trata a historia. Esquecendo o fim é ótimo. “Indomável Sonhadora” é uma surpresa. Neorrealismo independente da Louisiana, focando uma família a deriva numa carcaça de barco em meio à inundação de sua terra. Imagens sem glamour, com um elenco tão afiado que parece tipos de documentário. E a menina Quvenzhané Wallis repete a Shirley Temple na corrida do Oscar. Tinha 5 anos quando filmou. Hoje tem 9. Um prodígio! Belo filme. “Django Livre” me fez comprar um pacote de DVDs de “faroeste espaguete”. Detestava o gênero no tempo em que ele parecia formiga em açucareiro. Hoje, depois do filme de Tarantino, fiquei com vontade de reciclar meu juízo dos cowboys sujos e cruéis dos Sergios(Leone e Corbucci) e agregados. Muito ketchup derramado era a formula. Parece que a turma fazia pirraça ao Código Hays, aquela regra puritana de Hollywood que pasteurizava tudo. O western de Tarantino apostou firme na luta contra a escravidão negra. Afinou com o “Lincoln” de Spielberg mas não creio que pegue Oscar alem do coadjuvante fantástico que é Chris Waltz. “Os Miseráveis” é um saco. Lembrei as velhas operetas mas nelas estavam vozes como a de Jeantte MacDinald, soprano interessante. Aqui se faz nova leitura de Victor Hugo tão liberada como Russel Crowe feito Javert, o policial maluco que não perdoa Jean Valjean(Hugh Jackman).São mais de duas horas mal cantadas. Vale a produção e fotografia. Mas se der Oscar vai ser o de Anne Hathaway(coadjuvante). Mais por seu currículo. “As Aventuras de Pi”é produto da versatilidade do diretor Ang Lee.Ele vai dentro da cultura indiana e põe um tigre digital assombrando o ator Surai Sharma. Deve ganhar efeitos visuais embora tenha pela frente Batman & Co. “Lincoln” nem parece de Spielberg.São mais de duas horas e meia de projeção dedicadas à luta do presidente norte-americano para aprovação da emenda constitucional que liberta os escravos. Isto na época em que acontecia a guerra civil. Dificilmente Daniel Day Lewis não bisa o Oscar(já levou 2). O filme é correto mas pousado nas falas o que dificilmente empolga os eleitores da Academia de Hollywood. “O Lado Bom da Vida” é um exemplar de comédia romântica americana com uma puxada em psicologia de personagens, o que a torna menos digerível. Não traz nada de novo. Nem Jennifer Lawrence, favorita para o Oscar de atriz contra a grande Emanuelle Riva(de “Amor”). Um amigo chamou de “romance de maluquinhos”. Correto. E dá happy end. “A Hora mais Escura” está no páreo por conta da missão de matar Bin Laden .O fato histórico passa na superfície. Há um cuidado no documental, mas este cuidado não passa nos meandros políticos que cercaram a “caça” ao inimigo numero um dos EUA. No Oscar a diretora Katherine Bigelow dificilmente reprisa sua zebra de “Guerra ao Terror”. Pode dar a atriz Jessica Chastain, outra que disputa com Emanuelle Riva.

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