sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Blue Jasmine

Jasmine é possivelmente a mais triste das heroínas de Woody Allen. E dimensão dessa tristeza não seria percebida pela plateia sem a mascara de Cate Blanchett, especialmente quando lhe dão um close e ela fala de sua vida que foi muito rica em termos financeiros e tombou de forma súbita por sua própria vontade, vingando-se especialmente da infidelidade do marido corrupto. O filme é sobre irmãs de classe diferentes, embora ambas adotadas pelo mesmo casal que no correr do filme só resta a mãe, uma esbanjando fortuna em espaços principescos e não se importando de ter deixado de estudar quando estava próxima de ganhar um diploma, e, certamente, uma carreira. A outra irmã vive em outra cidade, luta por manter e a si e um flho pequeno, deixa o marido por conta da influencia da irmã que abre a ele uma porta viciada (essas que fecham logo quando não se as calça), namora um braçal estúpido mas honesto e fiel. A vida dessas personagens podia ser só uma novela sobre romances e fortunas efêmeras. Mas é um quadro dramático que ultrapassa os meios vividos por outras heroínas do autor. É tão melancólica a Jamine (nome que aceitou influenciada pela mãe, pois o seu não condizia com o seu “status”)que deixa saudades da Cecilia (Mia Farrow) que engolia a sua vida de cão com um marido bruto vendo Fred Astaire e Ginger Rogers dançarem, numa tela, “Cheek to Cheek”. Pode ser que Jasmine seja mais afeita às colegas de “Interiores” ou de outro Allen preocupado com o feminino que Hollywood não encara (seus tipos cabem mais nos filmes de seus ídolos Ingmar Bergman e Fellini). Mas o certo é que ajudado por Cate ele chega a um dos pontos mais altos da sua carreira a versátil que sabe fazer rir e meditar ao nível da lágrima com um cinema que foge das malhas industriais e para surpresa de muitos dessa indústria, chega à margem de lucro. Depois disso Allen precisa voltar ao riso, se preciso com ele mesmo atuando. Não é presságio, é receita.

3 comentários:

  1. Dr.Pedro , não se deve brincar com mulher traída quando se tem muito dinheiro proveniente de corrupção

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  2. Olá, sou estudante de jornalismo na Universidade Federal do Pará e estou fazendo uma matéria sobre o cinema no Pará. Li seu livro "Cinema no Tucupí" e gostaria de saber sobre a possibilidade de ocorrer uma entrevista.
    Meu e-mail: [email protected]

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