terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Desafiando Limites

Gosto muito dos filmes de Terrence Malick o diretor americano que se poupa da rotina industrial e das festas de premiações. Mas depois de ter mergulhado na introspecção com “A Árvore da Vida”, assim mesmo procedente, pois alinhava os sentimentos humanos com a criação de um universo que ele, ser humano, dimensiona (sem questionar de onde veio ou está) o cineasta foi mais fundo com este “Amor Pleno” que se limitou aos circuitos “de arte”. Teria Malick pensado em filmar um sentimento, no caso o amor ? Lembrei da piada do louco que gastava papel e o médico lhe perguntou o que fazia. Ele respondeu que estava escrevendo o assovio. Quando o médico tentou ajudar soletrando a palavra ele respondeu firme: “-Eu quero dizer fiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii’. Na literatura pode-se falar de amor pois o leitor completa a afetividade. Mas como dar uma imagem a um estado de espírito ? Botar na tela cenas bem fotografadas de lugares bucólicos ? Retratar o casal se afagando? Montar o idílio com a paisagem? Dar um close de sorriso e em seguida “rimar” com as arvores balouçando-se ao vento? Focar a foto de alguém nas mãos de quem está distante e percebe que este alguém lhe faz falta ? Afinal, como dizer mostrando que o amor é assim e assado? O filme é uma divagação que mesmo assim deixa margem ao enredo de um casal que se achou, viveu e se separou além de abrir espaço para um sacerdote que desencontrou sua fé. Para um espectador comum é um exercício sobre a fidelidade. Não diz que é um quadro de amor pleno. Muitos cineastas de ontem e de hoje usam as câmeras para divagar sobre o que pensam ou sentem. Mas é difícil que eles se comuniquem. E há quem veja nessa incomunicabilidade uma forma de expressão, ou seja, um modo coerente de fazer ver o que os neurônios impulsionaram. Eu respeito muito quem usa o cinema pesquisando o seu potencial. Mas com a idade aprendi que gosto do que me toca. “Amor Pleno”não me tocou.

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