Uma
volta ao universo de “Blade Runner”, roteiro de Hampton Fancher inspirado numa
historia de Philip K. Dick,autor que levou a muitas “sci-fi”admiráveis como “Minority
Report”, não me parecia convidativo. Tanto que relutei a ver o filme sabendo
que levava na tela 3D mais de 2 horas e meia e as sessões de copias legendadas,
em Belém, ficaram marginalizadas a horários noturnos e salas congeladas (o ar
condicionado de um pequeno espaço usa 2 compressores e só é suportável com boa frequência).
Mas ouvi e li elogios que me impulsionaram. E agradeço a eles. O filme está
longe de ser ruim. Mesmo seria difícil este qualificativo com a direção de
Denis Villeneuve o responsável por “A Chegada” meu melhor filme do ano passado.
A base
da nova historia passada 30 anos depois da primeira e trazendo nas falas o fato
de que houve um “apagão” que mudou muito o cenário, apoia-se em alguns pilares:
primeiro: os replicantes (robôs humanizados) ganharam nova geração e caçam os
que restaram do passado (diz-se 2019, data marcada no primeiro filme). Os novos
querem se unir e lutar por uma independência dos humanos. Segundo, a base da
trama é um replicante guinado a blade runner ou seja “caçador de replicante”,
que se entusiasma ao saber que uma das mulheres-maquinas pariu uma criança
(humana), filha de um caçador(blade). Seria ele
a criança? Depois ainda tem uma demonstração de classes sociais mesmo de
maquinas. E há vilãs.
Do
primeiro filme resta um gancho interessante que leva a imagens de um “passado”
onde cabem Elvis Presley, Frank Sinatra e Marilyn Monroe. Imagens em uma casa
de estilo antigo, muito mais antigo do que a data referida no roteiro anterior.
Neste conjunto encontra-se o blade runner da primeira historia, vivido pelo
mesmo Harrison Ford, possivelmente com pouca maquilagem a mostrar o ator como
ficou ao passar do tempo.
O novo
caçador de robôs chama-se Joe, mas é conhecido na profissão como K, a lembrar o
personagem de Kafka em “O Processo”. Interpreta-o Ryan Gosling, impulsionado ao
estrelato depois de “La la Land”. Quando encontra o velho Rick (Ford) o filme
entra numa reta perigosa onde os dois viram vitimas de um ataque (terrorista,
certo) e quem pensa em um parentesco entre eles torce para que Joe salve Rick
até de um naufrágio produzido pela vilã-mor (com direito a brigas de mocinho e
bandido como em uma produção comercial).
Mas a
base dessa trama é o fato de se ter descoberto em exame de ossos que uma
replicante engravidou e teve uma criança humana. Dizem: quem nasce tem alma (obviamente
quem não nasce é maquina). Soma-se a questão do amor, a produção de um ser vivo sem a parafernália tecnológica. E
no caso quem foi o bebê que sumiu (e nem se pode contar detalhe disso, pois é a
chave da historia).
O filme
tem felizmente o dedo de Denis. Um
diretor competente usa uma direção de arte capaz e uma fotografia belíssima que
não se furta à cidade fantasmagórica de antes, mas abre espaço até para uma
espécie de jaula onde floresce um belo jardim (a metáfora de que a natureza
deve superar a tecnologia, mesmo com sacrifício, porejando poesia).
Pena
que no final renda-se ao espetáculo bem de acordo com as aventuras cinematográficas
tradicionais. E deixe que se veja uma novai investida num futuro que prevê
maravilhas . Aliás, datar futuro de magica tecnológica é piada. O que se viu
como em 2019 é daqui a dois anos e não há perspectiva de colônias espaciais e
robôs com cara de gente. Para 2049 há mais perspectivas que agora se vê como
extremamente fantasiosas. Espera-se é que haja sorte como nas historias de
Flash Gordon onde, nos anos 1930 se via foguetes, tv gigante, e mais “invenções”
que chegariam daí a 20 ou mais anos.
Bem,
Denis Villeneuve não deve assinar o próximo Blade Runner. Ou será seduzido pela
bilheteria que agora festejou seu trabalho no porto de origem(EUA), mas não tem
andado às mil maravilhas em lugares como o nosso. Pelo menos o filme nas nossas
salas de shopping só está em sessões noturnas e poucas com o som original (terrível
dublar um filme desses).
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