sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Blade Runner 2049

                Uma volta ao universo de “Blade Runner”, roteiro de Hampton Fancher inspirado numa historia de Philip K. Dick,autor que levou a muitas “sci-fi”admiráveis como “Minority Report”, não me parecia convidativo. Tanto que relutei a ver o filme sabendo que levava na tela 3D mais de 2 horas e meia e as sessões de copias legendadas, em Belém, ficaram marginalizadas a horários noturnos e salas congeladas (o ar condicionado de um pequeno espaço usa 2 compressores e só é suportável com boa frequência). Mas ouvi e li elogios que me impulsionaram. E agradeço a eles. O filme está longe de ser ruim. Mesmo seria difícil este qualificativo com a direção de Denis Villeneuve o responsável por “A Chegada” meu melhor filme do ano passado.
                A base da nova historia passada 30 anos depois da primeira e trazendo nas falas o fato de que houve um “apagão” que mudou muito o cenário, apoia-se em alguns pilares: primeiro: os replicantes (robôs humanizados) ganharam nova geração e caçam os que restaram do passado (diz-se 2019, data marcada no primeiro filme). Os novos querem se unir e lutar por uma independência dos humanos. Segundo, a base da trama é um replicante guinado a blade runner ou seja “caçador de replicante”, que se entusiasma ao saber que uma das mulheres-maquinas pariu uma criança (humana), filha de um caçador(blade). Seria ele  a criança? Depois ainda tem uma demonstração de classes sociais mesmo de maquinas. E há vilãs.
                Do primeiro filme resta um gancho interessante que leva a imagens de um “passado” onde cabem Elvis Presley, Frank Sinatra e Marilyn Monroe. Imagens em uma casa de estilo antigo, muito mais antigo do que a data referida no roteiro anterior. Neste conjunto encontra-se o blade runner da primeira historia, vivido pelo mesmo Harrison Ford, possivelmente com pouca maquilagem a mostrar o ator como ficou ao passar do tempo.
                O novo caçador de robôs chama-se Joe, mas é conhecido na profissão como K, a lembrar o personagem de Kafka em “O Processo”. Interpreta-o Ryan Gosling, impulsionado ao estrelato depois de “La la Land”. Quando encontra o velho Rick (Ford) o filme entra numa reta perigosa onde os dois viram vitimas de um ataque (terrorista, certo) e quem pensa em um parentesco entre eles torce para que Joe salve Rick até de um naufrágio produzido pela vilã-mor (com direito a brigas de mocinho e bandido como em uma produção  comercial).
                Mas a base dessa trama é o fato de se ter descoberto em exame de ossos que uma replicante engravidou e teve uma criança humana. Dizem: quem nasce tem alma (obviamente quem não nasce é maquina). Soma-se a questão do amor, a produção de  um ser vivo sem a parafernália tecnológica. E no caso quem foi o bebê que sumiu (e nem se pode contar detalhe disso, pois é a chave da historia).
                O filme tem felizmente  o dedo de Denis. Um diretor competente usa uma direção de arte capaz e uma fotografia belíssima que não se furta à cidade fantasmagórica de antes, mas abre espaço até para uma espécie de jaula onde floresce um belo jardim (a metáfora de que a natureza deve superar a tecnologia, mesmo com sacrifício, porejando poesia).
                Pena que no final renda-se ao espetáculo bem de acordo com as aventuras cinematográficas tradicionais. E deixe que se veja uma novai investida num futuro que prevê maravilhas . Aliás, datar futuro de magica tecnológica é piada. O que se viu como em 2019 é daqui a dois anos e não há perspectiva de colônias espaciais e robôs com cara de gente. Para 2049 há mais perspectivas que agora se vê como extremamente fantasiosas. Espera-se é que haja sorte como nas historias de Flash Gordon onde, nos anos 1930 se via foguetes, tv gigante, e mais “invenções” que chegariam daí a 20 ou mais anos.
                Bem, Denis Villeneuve não deve assinar o próximo Blade Runner. Ou será seduzido pela bilheteria que agora festejou seu trabalho no porto de origem(EUA), mas não tem andado às mil maravilhas em lugares como o nosso. Pelo menos o filme nas nossas salas de shopping só está em sessões noturnas e poucas com o som original (terrível dublar um filme desses).



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