sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Revendo "O Conformista"

                Nada mais oportuno aqui e agora, nesse quadro politico brasileiro onde o povo é o prisioneiro de uma crise advinda de um movimento golpista,  lembrar o “Mito da Caverna” de Platão. No exíguo espaço onde pessoas viviam presas, alguém seguiu a luz exterior e viu como era o mundo. Ficou tão maravilhado que voltou à caverna para contar aos companheiros presos a beleza descoberta. Mas ninguém o acreditou e, tido como louco, foi assassinado.
                No filme “O Conformista” de Bernardo Bertolucci, ora reprisado em homenagem aos 50 anos do Cine Clube APCC(que o exibiu no Grêmio Português ocasionando um dos melhores debates no gênero capitaneado por Benedito Nunes), o fascismo seria esse mundo ideal onde os italianos viviam chamando Benito Mussolini de “Il Duce”. O tipo interpretado por Jean Louis Trintignant seria o fugitivo. Não se vê a luz no fim de um túnel enganoso. E nesse cenário são mortas pessoas como a personagem vivida muito bem por Dominique Sanda a bela atriz que fez “O Jardim dos Finzi Contini”para De Sica.
                O filme tem uma direção impecável, com movimentos de câmera corretos e uma iluminação que define a metáfora platoniana.

                “O Conformista” é desses raros filmes que venceram bem o tempo. Datado de 1970 não mostra as rugas de 47 anos. 

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