terça-feira, 11 de maio de 2010

SESSÕES ESPECIAIS

Sou do tempo da Sessão Passatempo, um programa que Adalberto Affonso bolou para as tardes de sábado no Olímpia com filmes de curta metragem e uma série (2 episódios) de um seriado de aventuras. Era a hora dos alunos de diversos colégios da cidade se encontrarem. E as atrações especiais ficavam com a entrada do Garcia (Agenor Garcia), um tipo que se deixava carregar para o interior do cinema, no apagar das luzes, acenando como um político em véspera de eleição. Aliás, o Garcia acabou se candidatando a vereador. Perdeu. Ele era melhor como maluco. Que digam os gêmeos José e Alexandre Farah, recepcionistas do tipo-assim como de outros que faziam do Olímpia a sua catedral, como o Affonso Alves “herdeiro do rei da voz”.
Além da Sessão Passatempo tinha, nos anos 50, a Sessão Última Chance nos dias úteis, com filmes que já tinham corrido o circuito comercial e muitas vezes só nessa hora eram descobertos(o caso do “Romeu e Julieta” de Renato Castellani e de “O Semeador de Felicidade” com Liberace, sucessos tardios). E finalmente o “Cinema de Arte”, programa de sábado pela manhã com um filme bem cabeça.
Hoje a moda voltou em DVD. No mesmo Olímpia criou-se sessões dominicais com os nomes Cinemateca, Fantasia. Nostalgia e Aventura. Uma para cada domingo do mês. Tenho um dedo nisso, e o Marco Moreira tem a mão. No menu estão filmes que de alguma forma atraíram públicos. Este mês, por exemplo, tem “O Pequeno Polegar” de George Pal com Russ Tamblyn, sucesso do finado Cine Palácio, “Um Lugar ao Sol”,o tipo do filme que enlevava os românticos e os críticos, com aquela celebre seqüência do beijo entre Monty Clift e Liz Taylor, um baile de montagem que fazia a gente pensar que o rapaz era mesmo um garanhão (e na verdade era gay). E finalmente, na Sessão Cinemateca, uma homenagem ao diretor japonês Akira Kurosawa, no ano de seu centenário, que na ocasião se despedida das câmeras: “Madadayo”(quer dizer: “ainda não”).
Com o cinema virado loja de shopping e os melhores filmes transformados em programas da TV caseira, esses espaços fatalmente nostálgicos são extremamente eficazes. Cinema é esse xodó que o tempo eterniza. A mim é uma fonte de lembranças agradáveis. Um capitulo a mais numa história de horas que a gente passa numa sala escura vendo imagens de pessoas que só existem ali, na tela, posto que os físicos já serviram de adubo a qualquer arbusto de cemitério.

2 comentários:

  1. Oi, Pedro!

    Estou maravilhada com o seu blog, não o conhecia. O meu interesse em cinema é tão grande que estou elaborando o meu trabalho de conclusão de curso (para a faculdade de arquitetura e urbanismo da ufpa) sobre a arquitetura desses espaços. Para fins analíticos, estou fazendo um levantamento histórico das salas de cinema em variadas épocas, sobretudo as de Belém e acho que a sua bibliografia iria me ajudar bastante. No entanto, não consigo encontrá-la em livrarias da cidade. O senhor poderia me dizer onde posso encontrar seus livros? Desde já, muito obrigada!

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  2. V.pode encontrar o meu livro "Fazendo Fitas" na livraria do supermercado Nazaré, na Veiga Cabral. Também tinha exemplares na Fox Video e na Revistaria do Albino na Pça da Republica.
    O "Cinema no Tucupi" está esgotado, mas pode ser que ainda tenha algum exemplar no Parque Residência (a edição é da Secult).
    Em breve sairá um outro livro. Por enquanto, siga o blog que apesar de ser um pouco descuidado para com ele ainda assim escrevo alguma coisa.
    Grato pelo comentário.
    Pedro.

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