segunda-feira, 12 de julho de 2010

Muito Barulho Por Nada

Os produtores de Hollywood pensam que os espectadores confundem cinema com videogame. Pior: jogo sem vitórias ou derrotas. Simplesmente o vicio de jogar. Não é de outra forma que se analisa este “Dupla Explosiva” (Knight and Day/EUA,2010) a ser lançado nos cinemas na primeira semana de agosto.
Tom Cruise e Cameron Diaz fazem e acontecem em duas horas de efeitos especiais. Uma linha de ação, entre as tarefas de CGI, que mostra Cruise como um agente federal perseguido. Todo mundo está contra ele. E todo mundo está em toda parte. O encontro com Diaz num aeroporto deixa pensar que ela também é uma agente e os dois são rivais. Engano: não se conheciam. E logo no avião, enquanto ela se embeleza no banheiro, ele mata uns seis passageiros que desejam o seu pescoço. No bolo estão o piloto e o co-piloto. Cruise não se afoba e nem pede que ela fique nervosa. Toma o manche do Boeing e aterrissa numa estrada espantando caminhões. Ele sai com ela e o avião pega fogo, Mas logo dá na TV que o aparelho caiu e que todos os passageiros morreram. Incrível como se acha a noticia escondida. Mais incrível o que passa a acontecer, com a dupla sendo perseguida por lugares turísticos diversos, acabando na Espanha e enfrentando a corrida de touros, tudo para revelar que ele guarda uma “bateria” cobiçada pelos colegas, que este objeto pode ser (ou se transformar em) uma bomba, que apesar de ganhar um ferimento na batalha acaba devidamente “sarado” e ao lado da companheira.
O roteiro é um insulto à inteligência do espectador. Mas seria o caso de dizer que o que interessa é a surrealista corrida com percalços sem se dar conta de onde, para onde, qual o motivo e como deve acabar (se é que acaba). Resumindo: uma demonstração de atividade ininterrupta no plano surrealista.
Mas há uma pergunta que não quer calar: seria preciso botar atores tão populares num filme de ação do tipo “Summer blockbuster”. Cadê a chance para o charme da dupla que se diz gaiatamente (em português) explosiva e, no original, faz-se ironia de “cavaleiro”(knight) com “noite” (night) da canção de Cole Porter (Night and Day)?
Os jovens aplaudem esse tipo de besteirol. Se não aplaudissem Cruise e Diaz não acompanhariam o lançamento da coisa vindo até mesmo ao Brasil. Por sinal que ele já fez “Missão Impossível 4” a ser lançado no final do ano. Quer dizer: o ator (que na verdade nunca foi ator) pensa cinema como brincadeira barulhenta. Talvez tenha razão porque quando evoca coisa mais séria, como “Operação Valquiria”, dá em merda.
Suportemos esses megalançamentos se quisermos sair de casa no rumo de um cinema. Um detalhe: parece que “Dupla Explosiva” não está editado em 3D. Ainda bem: poderia explodir na cara do coitado que pagou mais caro para se divertir.

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