quarta-feira, 8 de setembro de 2010

TARANTINAGENS

“À Prova de Morte”(Death Proof/EUA,2007) seria o duplo de “Planeta Terror” chamado no conjunto de “Grandhouse”. Tanto um (o filme de Roberto Rodriguez que mostrava uma mulher perneta a botar uma prótese de metralhadora) como outro,a idéia é de divertir como os filmes B do tempo dos seriados de aventuras com a diferença de que agora a violência pausteriazada de antes ganha a amostragem visceral, o derrame de ketchup, de desastres digitais e de nudez feminina até que se possa fazer diferença das fitas “hardcore” donas do incômodo X de “rating” que reduz a capacidade de bilheteria.
Na métrica do diretor, mesmo numa cópia divorciada de sua companhia, com acréscimo de planos, cabe um longo papo de mulheres sobre o nada e coisa nenhuma. Também cabe o contraste rítmico que é uma perseguição de carros a la “Operação França” que dura na tela aproximadamente 20 minutos.
Contem o tempo gasto do papo à corrida. Dá mais da metade de uma projeção em que a única fonte a seguir como cinema é a desobediência a velhos cânones e ao sempre modo de se falar de filmes, de alertar ao publico que a cinematografia não é só composta de obras ligadas a escolas ou tendências e tampouco devaneios de cineastas laureados.
Tarantino é uma espécie de cicerone dos exemplares baratos que passaram anos como anônimos, repousados na forma dada pelos diretores-funcionários, gente que filmava o que se mandava filmar e procurava se eximir de desvios artesanais para uma área mais cabeça de criação artística.
O problema é que este hino ao lixo nem sempre deixa de cheirar mal. A mim enjoa. Vi este “Death Proof” em DVD e não me estimulo a revê-lo em tela grande. Não tenho mais saco para sair de casa e presenciar mumunhas de rebeldes sem causa. E não é de agora: nunca fui de prestigiar os tarantinos da vida. Voto no cinema tradicional e bem feito, no que fez a glória de Hollywood e de Cinecittá, estúdios parisienses (antes da “nouvelle vague”) , Svenfilme, Toho, o mais que tenha trabalhado para aguçar a imaginação de quem vê. Mesmo porque vejo a simples exibição de violência como uma adesão nazista. Violência em cinema ganha mais campo quando sugerida, da mesma forma que o sexo.
Para os novos eu devo ser uma peça de museu. Mas sempre fui sincero em meus comentários e os norteio pela minha sensibilidade. O cinema de Tarantino, com raras exceções (como na comédia “Bastardos Inglórios”) não é minha praia.

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