Helio Gueiros e Ápio Campos, mortos no mesmo dia, deixaram muita história para ser contada. Hélio como jornalista e político. Ápio como religioso. Conheci os dois e como a minha odisséia leva às terras do cinema lembro-os em fatos ligados a isso. Hélio freqüentava as vesperais diárias do cinema Olímpia antes de ir para a redação do jornal “O Liberal”. Trajava sempre terno branco e foi a primeira pessoa que eu vi deitar-se na poltrona e botar os pés por cima da anterior. Quando comentava um filme expandia uma irreverência peculiar. Disse uma vez que “as fitas do Libero Luxardo eram uma merda”. Qualificava pelo que a gente comungava, mas hesitava em dizer. O cônego Ápio eu conheci quando procurei um cálice pertencente à atriz Marilyn Monroe que um bispo tinha trazido para Belém. Fui procurá-lo no Colégio Santa Catarina de onde ele era capelão. Mostrou-se muito atencioso, deixou que eu fotografasse a peça e o tema deu uma boa reportagem em “A Província do Pará”. Depois eu o chamei para rezar em casa a missa em ação de graças pelos 80 anos de minha mãe. Uma cerimônia muito bonita onde ele ressaltou o que essa idade guarda de melhor.
Os dois mortos de agora faziam parte da Academia Paraense de Letras. Chamava-se a isso de “imortais”. Acho muita graça do qualificativo. Morrem muitos pela inexorabilidade da falência do organismo humano no passar do tempo. Bem, o que as silhuetas deixam na paisagem fazem a história que devemos guardar; Aquela coisa que remenda o titulo dado no Brasil ao “You Can’t Take It With You”filmado por Capra: Do mundo nada se leva. Mas muita coisa de deixa...
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