segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Ronda de Meirelles

“360” é um La Ronde modernoso e longe da classe e malicia que pariu o filme de Max Ophuls. Lembro que ao ver o filme no antigo cinema Moderno estava o amigo e professor Francisco Paulo Mendes que voltou no meu ônibus elogiando o que viu. Era a belle époque dissecada pelo escritor Arthur Schnitzier e pela classe do ator Anton Walbrook que no prólogo vestia casaca e dizia “-Vocês já devem ter adivinhando que vamos tratar de amor”.E ao girar um carrossel cantava “Tourne, tourne, mes personages/la Terre tourne en jour et en nuit...” No filme de Fernando Meirelles,a ronda é dos espertos. Diz uma figura: “-A gente deve aproveitar a oportunidade que a vida oferece”. Uma prostituta apanha, mas aproveita da morte do cliente e do cafetão para fugir com mala cheia de euros.A irmã dela conhece o leão de chácara do cliente da mana, revoltado por ser capacho do patrão, e sai com ele mundo afora. Uma garota brasileira quase é vitima de um maluco sexual e conhece um senhor que procura a filha desaparecida. Um muçulmano perde a mulher que lhe inspirava paixão. Enfim, vários tipos, vários países, várias situações e pouco humor. Uma virada (360 graus) que chega a cansar. Olhei o relógio. Não olhei vendo o “comercial” de um psicólogo em “Um Divã Para Dois”, ou “Esperada Primavera”(Hope Spring) onde Meryl Streep pouco chora (é raro) e Tommy Lee Jones não desamarra a cara. Pelo menos os dois divertem como casados em jejum de amor. No vídeo, “Amizades Particulares”prova que Jean Dellanoy sabia fazer cinema acessível a todos – fato que irritava a turma da “nouvelle vague”. E em bluray “Naufrago”é um prazer. Gosto muito do filme de Robert Zemeckis.

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