segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Métodos em Anarquia

A comédia de Sacha Baron Cohen lembra a de Olsen & Johnson(com direção de H.C.Potter) exemplificada em “Pandemônio”(Hellzapoppin/1941). A diferença reside na liberdade de expressão. Os comediantes antigos não podiam nem mesmo dizer “merda”. Cohen deixa neste seu novo filme, “O Ditador”(The Ditactor) uma sequencia em que o herói faz um parto e espalha tudo o que daria infarto no Sr, Hayes o autor do Código de Produção que vetava até mesmo mulher grávida e cama de casal. Mas a anarquia do cômico inglês judeu que vende a imagem de árabe antissemita volta a perder unidade, como nos seus filmes anteriores . Apesar de agora haver uma história com principio meio e fim, isto não implica numa linha narrativa que endosse as piadas do ditador guinado a cidadão americano comum. Falta coesão de situações no argumento e sobram excessos no roteiro. Tudo bem que “Pandemônio” sofria do mesmo mal. Mas de propósito. O clássico de Olsen & Johnson é metacinema o tempo todo. Lembro do momento hilariante em que o projecionista troca as partes do filme e entra numa sala de baile a cavalaria de faroeste. A anarquia em “O Ditador” fica na fase do funcionário de loja que joga inadvertidamente a lata de lixo em cinema de um carro que passa e mete o pé na bunda de um garoto que lhe faz uma afronta (lembrança de W.C.Fields). Na verdade “O Ditador” só traz de novo os termos chulos dos diálogos e a citada sequencia do parto. Um leve aceno a critica política está no discurso do personagem principal sobre democracia, aludindo a males que atacam os países ditos democráticos. Mas nada impede um “happy end” bem tradicional que no caso é uma excrescência.

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