terça-feira, 16 de julho de 2013

Comédias & Surrealismo

Nem o homem que ri idealizado por Victor Hugo me convenceria da graça espontânea que ouvi provocada na sala escura do cinema por “Minha Mãe é Uma Peça”. Guardo minhas risadas para a revisão de Chaplin, Lloyd, Keaton, Langdon e a dupla Laurell & Hardy que estarão no Olímpia esta semana. E essa turma não precisava de muito papo. Fazia rir com sua expressão corporal. Fato que na comédia brasileira de hoje está ausente. Deixa saudades de um Oscarito, pouco valorizado pela critica em seu tempo mas a atração de minha turma de colégio que ia para a fila da porta do mesmo Olímpia ao meio-dia para a sessão das duas. Minhas sessões em DVD estão me alimentando de cinema. Vi o que não sabia se existia: um filme surrealista de Louis Malle chamado “Luz Negra”(Black Light).Conheci o cineasta francês pessoalmente e falei com ele no Hotel Central quando chegava meio clandestino de uma produção sobre guerrilhas na região. Tinha feito “Sopro no Coração”(Un Souffle au Coeur)que a nossa ditadura proibiu por tratar de incesto. Malle foi para os EUA e antes de fazer “Menina Bonita”(Pretty Baby) fez este pequeno filme muito independente(ele mesmo produziu). Cocteau aplaudiria. Penso em cinema surrealista e gostaria de ver um programa que tivesse Buñuel e Terry Gilliam alem do citado Jean Cocteau. Acho o Olympia muito grande para esse tipo de programa. O ideal seria na sala Acyr Castro do Memorial dos Povos. Mas ela permanece abandonada. E seria uma verdadeira sala de aula de cinema. Vi também em DVD o oitavo filme que Carlos Saura dirigiu: “Colméia”(La Madriguera/1969). Geraldine Chaplin é a mulher que se mantém criança e o marido aceita brincar com esse devaneio. Tudo muito bem orquestrado. Malle faria depois “Cria Cuervos”. O cinema espanhol saía das malhas da ditadura Franco com seus chatissimos miúdos cantantes Joselito e Marisol. O filme ilustra bem este alvorecer como a mulher que em pensar ser criança cria um pesadelo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário