sexta-feira, 19 de julho de 2013
Edwaldo e o Cinema
Muito se falou do Edwaldo (Didi) Martins nesse período que marca 10 anos de sua morte. Não se tratou do cinema. E era a paixão do amigo. Começou no jornalismo editando uma pagina sobre a tal “sétima arte” em “A Província do Pará". Rivalizava coma que Regina Pesce mantinha uma semelhante em “Folha do Norte”. Logo fundou a Associação Paraense de Críticos Cinematográficos com Acyr Castro, Rafael Costa, João Paulo Macedo, Ariosto Pontes e Alberto Queiroz. Nos finais de ano, quando a associação escolhia os melhores filmes do período, era quem contava os pontos das listas apresentada e brigava por suas ideias como a de que só se devia contabilizar os filmes exibidos nos cinemas comerciais.
Meu primeiro contato pessoal com o Didi foi numa sessão do Bandeirante, meu cineminha caseiro, quando exibi “Um Domingo de Verão” de Luciano Emmer. Não sei bem o ano mas foi no inicio dos 60. Daí passou a frequentar minha casa onde tinha uma piscina. Gostava tanto dali que em um ano trocou a festa de réveillon de um clube que o convidara para ir passar a meia-noite lá nas águas da S.Jeronimo (hoje José Malcher). Também era ali que se fazia a eleição dos melhores filmes. Só uma vez foi no seu apartamento, na rua Benjamin Constant.
O filme preferido do Didi era “Mompti” , melodrama francês que fora exibido no extinto cinema Nazaré. E como amava cinema tinha como um dos melhores momentos de sua vida a estada em Veneza, na Piazza S. Marcos, quando pediu para uma orquestra tocar “Summertime” a canção do filme “Quando o Coração Floresce” de David Lean. Falava muito disso. Creio que se tivesse a chance de viver o que o filme “Depois da Vida” projetou, aquela historia das pessoas recém-chegadas ao outro mundo filmar o melhor momento de sua existência passada, escolheria este.
Diabético, não limitava sua rotina em que sempre havia rasto de glicose. Na verdade dizia amar a vida e com isso não se prender ao que mais cedo ou mais tarde a perderia. Antes que sofresse mutilações abdicou de tudo. E como num filme, partiu sereno. A gente que lida com cinema ficou sentindo a sua falta. Era de varar madrugada falando de filmes & estrelas. Elegia Marilyn Monroe a quem chamava de “Mariazinha”. E era extremamente franco, nunca prestigiando o filme cerebral que não tocasse seus sentimentos (“tocar meu passarinho”dizia).
Já se vão dez anos sem o Didi. O fato é que permanece muito lembrado. Deixou muitos amigos. Inovou o colunismo social. Esbanjou sinceridade e por isso mesmo a sua lembrança é muito natural, muito fácil, muito característica de seu jeito de ser.
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