terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Werner Herzog


               Agora que se vai ver por aqui parte dos (muitos) documentários feitos por Werner Herzog (hoje com 72 anos), penso no tempo em que o conheci pessoalmente.Primeiro foi em minha casa, levado pelo diretor da Casa de Estudos Germanicos da UFPa, Thomas Mitchen. Na ocasião Herzog brincou quando se fazia uma foto. Abriu a camisa e disse que a câmera era uma arma e ele se sujeitava a um tiro no peito.

               Depois almocei com ele, Luzia, Alexandrino Moreira e familiares. Nessa noite surgiu a pergunta se algum cineasta clássico o influenciou. Herzog disse que não. Eu mencionei Griffith, afinal o diretor que condicionou a linguagem usando movimentos de câmera e planos próximos. Aí ele aceitou.

               Mas o que me aproximou de Herzog foi quando fui com ele procurar quem doasse roupas de época para o filme “Fitzcarraldo”. Era uma tarefa inglória de natureza pois ninguém ia dar, sem receber alguma coisa em troca, suas vestes antigas. Fomos à uma estação de rádio e eu lembro que o locutor, famoso em Belém na época, dizia que era “o rei do rádio”. Herzog ingenuamente e surpreso me perguntou se era verdade (“he’s the king of the radio?”). Expliquei que era um recurso de alimentar popularidade.

               Nossa jornada pelas ruas era medida pelos passos. Herzog dava um e eu dava três. Alto e ligeiro, o cineasta gradativamente ia se enfezando com a negativa de sua missão. Foi-se para Manaus. Soubemos depois do sucesso na capital amazonense. E da loucura que foi o transporte terrestre de um navio, puxado por índios (que a imprensa afirmou terem sido escravizados).

               Herzog faz cinema autoral. Dificilmente aceita tarefas assinadas por outros. Só agora, morando em Los Angeles, muda de rumo.Chegou a ser até vilão no filme “Jack Reacher,o Ùltimo Tiro”(2012)com Tom Cruise,  e uma ponta em “Amor Além da Vida”(1998) com Robin Williams. Mas não perde a linha autoral, tem 5 episódios da série “On Death Row” para a TV e o  documentário “From One Second to the Next” sobre o trafico de drogas e sua consequência.

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