Sou do tempo em que era ousadia mulher se despir diante das câmeras
em produção cinematográfica comercial. Lembro de que fui barrado (mas acabei
furando) numa sessão de um filme em que a atriz Françoise Arnoul(ainda viva e
ativa aos 82 anos) aparecia de calcinha e em um momento a objetiva levantava e
se via que ela estava também sem sutiã. O
filme se chamava “Tormentos do Desejo”(L’Épave), de 1949, dirigido por Willie
Rozier. Lembro é da musica que se cantava “Perucha(a personagem dela) fille de
la nuit/bien que predit la gitane/ um homme mourir d’amour...”).
Hoje a nudez em cinema é comum. Assim como os namoros passam
de um beijo em close para uma sequencia de cama. O fascínio do sexo em segredo
virou lugar comum. Mas eu nunca tinha visto em tela grande sexo entre mulheres.
Vi agora em “Azul é a Cor Mais Quente”(La Vie D’Adele). E uma das parceiras é
linda: Adéle Exerchopoulos, filha de gregos e com uma carreira promissora
apesar do escândalo que despertou no Festival de Cannes onde o filme mostrou
que Steven Spielberg, presidente do júri, não é moralista como se pode pensar(e
pensavam).
O
diretor tunisiano Abdellatif Kechiche, que eu já conhecia de “ Esquiva”, “O
Segredo do Grão” e “A Venus Negra”, ousou e deu certo. Mas não ousou à toa.
Tratou não apenas de um caso de homossexualidade. Foi fundo na solidão que cerca
duas mulheres, mesmo que a idade não aparente ser um tempo propicio a isso. A
Adele do titulo não se entrosa com amigas/colegas. Gostar de uma mulher madura
é uma opção de expandir sua necessidade de amar. Emma (Lea Seydoux , neta de um
pioneiro da Pathé, empresa de cinema francês e uma das primeiras no mundo) já vê
a dificuldade de relacionamento de outro modo. Está mais perto do quadro típico
de solitária. As duas se entendem e se amam. O que o diretor escorrega é na
prolixidade das sequencias de sexo. Não havia necessidade de tanto para medir o
que as personagens sentem (e fazem). A prolixidade desequilibra o ritmo e o
filme se estica demais(quase 3 horas). Mas é um exercício de cinema introspectivo
muito interessante.
Sexo
explicito se acha também em “O Lobo de Wall Street”. O veterano Martin
Scorsese, uma das pessoas que mais ama cinema nos EUA (ele é quem está remasterizando
filmes em vias de extinção), lembra o colega Stanley Kubrick na sequencia em
que varias pessoas fazem sexo num salão(“De Olhos Bem Fechados”). Mas isso não
devia faltar na pintura da orgia que cerca os tipos de corretores ilícitos. O
filme é bom e Leonardo diCaprio dá um banho de interpretação. Pena que este ano
ele perca (talvez seu Oscar)para Matthew McConaughey em “Clube de Compras
Dallas”.Por sinal que este ator rouba “O Lobo...” no pouco que aparece
contracenando com DiCaprio. Emagreceu e cresceu. Está longe de bobagens que
andou fazendo e até mesmo do namorado de Jodie Foster em “Contato”(filme que
particularmente eu gosto e até mais do que o livro original de Carl Sagan).
O cinema
moderno nada esconde. Se por bem ou por mal depende dos argumentos filmados.
Dr.Pedro sempre tive uma curiosidade, qual foi a primeira cena de nudez feminina no Brasil, não me refiro a cena da atriz Norma Benguel em Os Cafajestes , mas vendo um programa sobre cinema brasileiro , apareceu um materia sobre uma atriz que tirava roupa e a cena era mostrada através da sombra dela
ResponderExcluirDeve ter sido Elvira Pagã. Alias em termos de sombra tem muita gente aparecendo. Os puritanos policiavam os filmes.
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