terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Shirley e Virginia


Quando eu era criança aplaudia de coração a postura de Shirley Temple, uma linda menina de cabelos cacheados que cantava, dançava e encantava nos melodramas musicais da 20 Century Fox. Era a queridinha do dono da casa, Darryl F. Zanuck, e de tal forma que ele negou a Metro que a usasse em “O Mágico de Oz”(1939) abrindo caminho para a já madura Judy Garland.

               Shirley, como quase toda criança-prodigio das telas, perdeu status com a idade. Namorada do ex-soldado e ator John Agar fez com ele o western de John Ford “Forte Apache”. O casamento dos dois não deu certo nem profissionalmente. Shirley casou de novo e entrou no mundo da diplomacia. Trabalhou para a ONU. E a sua coragem também se mostrou ao derrotar um câncer no seio em época difícil para diagnostico precoce e tratamento.

               Hoje, aos 85, ela se vai. E no mesmo dia em que morreu por aqui pelo Brasil a vedete Virginia Lane, uma estrela que eu vi de perto no Teatro Coliseu ,na Festa de Nazaré, desfilando numa passarela que ia do palco a ultima fila de poltronas, trajando um biquíni com lantejoulas que brilhavam quando se apagava a luz do salão. Era um delírio erótico. E a marcha “Sassaricando” chegou a se desaconselhadas ou mesmo proibida pelos puritanos de plantão. Os hipocritas que na mesma época vetaram outra marcha carnavalesca: “A Voltinha na Maça”.

               Virginia foi querida de Getulio Vargas, o presidente que lhe deu o nome de “Vedete do Brasil”. Foi o ícone de um tempo. Hoje, com mais de 90 anos vividos, também se foi.

               Muitas figuras queridas de anos passados transformam-se em  silhuetas na paisagem e a gente sabe por isso que também assume a postura da velhice. O bom é vencer os anos com o organismo funcionando a partir de neurônios resistentes. Mas é melancólico saber das estrelas que se seguem o destino de meteoros, cortando o espaço.

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