Quando eu era criança aplaudia de coração a postura de
Shirley Temple, uma linda menina de cabelos cacheados que cantava, dançava e
encantava nos melodramas musicais da 20 Century Fox. Era a queridinha do dono
da casa, Darryl F. Zanuck, e de tal forma que ele negou a Metro que a usasse em
“O Mágico de Oz”(1939) abrindo caminho para a já madura Judy Garland.
Shirley,
como quase toda criança-prodigio das telas, perdeu status com a idade. Namorada
do ex-soldado e ator John Agar fez com ele o western de John Ford “Forte Apache”.
O casamento dos dois não deu certo nem profissionalmente. Shirley casou de novo
e entrou no mundo da diplomacia. Trabalhou para a ONU. E a sua coragem também
se mostrou ao derrotar um câncer no seio em época difícil para diagnostico
precoce e tratamento.
Hoje,
aos 85, ela se vai. E no mesmo dia em que morreu por aqui pelo Brasil a vedete
Virginia Lane, uma estrela que eu vi de perto no Teatro Coliseu ,na Festa de
Nazaré, desfilando numa passarela que ia do palco a ultima fila de poltronas,
trajando um biquíni com lantejoulas que brilhavam quando se apagava a luz do
salão. Era um delírio erótico. E a marcha “Sassaricando” chegou a se
desaconselhadas ou mesmo proibida pelos puritanos de plantão. Os hipocritas que
na mesma época vetaram outra marcha carnavalesca: “A Voltinha na Maça”.
Virginia
foi querida de Getulio Vargas, o presidente que lhe deu o nome de “Vedete do
Brasil”. Foi o ícone de um tempo. Hoje, com mais de 90 anos vividos, também se
foi.
Muitas
figuras queridas de anos passados transformam-se em silhuetas na paisagem e a gente sabe por isso
que também assume a postura da velhice. O bom é vencer os anos com o organismo
funcionando a partir de neurônios resistentes. Mas é melancólico saber das
estrelas que se seguem o destino de meteoros, cortando o espaço.
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