A
Mostra de Cinema Europeu ora em cartaz no cinema Olympia tem um ponto em comum:
a luta pela democracia. É interessante observar como países de culturas próprias
se identificaram no passado considerado recente em uma reação a governo de alguma
forma tendente a processos ditatoriais (mesmo que em alguns casos tenham
surgido de eleições consideradas livres).
Alguns
programas:
“Se Não
Nos, Quem ?”(Wer Venn Nicht Vir), da Alemanha, é o mais contundente dos
argumentos expostos. O foco é um casal, ele filho de um escritor ligado ao
nazismo, ela uma professora que ao tempo em que se dispõe a uma relação
afetiva(chega a ter um filho com ele) vai gradativamente se tornando uma “subversiva”
ao centrar ações numa editora que eles criam para editar livros desconhecidos
pelo mercado especifico existente. Os dois espelham no território alemão o
inconformismo que viria a ter força com os estudantes franceses de 1968. Só que
o radicalismo afeta os comportamentos e abre as portas para uma tragédia. Uma
narrativa dinâmica a cargo do diretor Andres Veiel . Tudo funciona e os atores
primam por excelentes interpretações.
“23 F-
O Filme”(23 F- La Pelicula) representa a Espanha e centraliza a ação no golpe
de estado em fevereiro de 1981 quando os deputados foram detidos por militares
mas sem a harmonia que estes desejavam acabando por abortar o projeto de
mudança de governo. A ação segue um oficial que se vê traído por seus
superiores na hora de estipular a revolução desejada. Vencedor do premio Goya
tem um desenvolvimento capaz de seduzir o espectador comum de qualquer país.
O filme
italiano “A Máfia Mata Só no Verão”(La
Mafia uccide solo d’estate) trata de mafiosos sicilianos e da reação a eles a
partir da imprensa. O bom humor do cinema de Dino Risi ganha a linha
semidocumental exposta pelo diretor Pif(Pierfrancesco Diliberto). Dá para
lembrar o período neorrealista que tanto promoveu o cinema do país.
“Sangue
nas Águas”(Szabadság Szerelem) é da Hungria e a ação é pontuada pela
participação do país nas olimpíadas de Melbourne em 1956 quando o time de polo aquático
local enfrentou o da Rússia. Seria como a síntese da revolta nacional contra o domínio
soviético presente em Budapeste como em outras cidades de outros países europeus
depois da 2ª.guerra quando a influencia nazista passou a de Moscou. Direção de Kristina Goda. Tudo funcionando a
contento embora o roteiro sintetize a ação em uma jovem e seu namorado atleta olímpico.
“Palme”,
da Suécia, é um documentário sobre o Primeiro Ministro Olof Palme, baleado numa
rua de Estocolmo como reação de extremistas contra sua visão democrática.
Direção objetiva de Maud Nycander e Kristina Lindstrom com farto material de
cinejornais e fotografias do biografado.
“O
Atirador”(Skytten) é da Dinamarca é outra abordagem politica real. Quando o
governo resolveu apoiar o projeto norte-americano de furar poço de petróleo na Groenlândia
a reação local usou de todos os meios da abortar a ideia. A direção de Annette
K. Olesen ganha a feição de um semidocumentário.
“A
Historia da Linha Verde”é de Chipre e focaliza a divisão de Nicosia depois da 2ª
Guerra Mundial de modo a pessoas amigas se transformarem em inimigas entre as
barricadas que traduzem cipriotas gregos e turcos. Direção competente de Panikus Chrissanthou.
“A Universidade
Perdida, Vincennes”(Vincennes l’université perdue)é um documentário francês que
focaliza o nascimento e morte da universidade de Vincennes, vinda dos protestos
estudantis de maio de 1968 às ruinas que surgiram da má administração que enfim
fez do local um posto de venda de drogas. Uma visão critica da rebeldia de um
tempo em que a base ideológica se esvaiu num caos de regência. Direção de
Andres Veiel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário