quinta-feira, 24 de maio de 2018

Cinema Europeu


                A Mostra de Cinema Europeu ora em cartaz no cinema Olympia tem um ponto em comum: a luta pela democracia. É interessante observar como países de culturas próprias se identificaram no passado considerado recente em uma reação a governo de alguma forma tendente a processos ditatoriais (mesmo que em alguns casos tenham surgido de eleições consideradas livres).
                Alguns programas:
                “Se Não Nos, Quem ?”(Wer Venn Nicht Vir), da Alemanha, é o mais contundente dos argumentos expostos. O foco é um casal, ele filho de um escritor ligado ao nazismo, ela uma professora que ao tempo em que se dispõe a uma relação afetiva(chega a ter um filho com ele) vai gradativamente se tornando uma “subversiva” ao centrar ações numa editora que eles criam para editar livros desconhecidos pelo mercado especifico existente. Os dois espelham no território alemão o inconformismo que viria a ter força com os estudantes franceses de 1968. Só que o radicalismo afeta os comportamentos e abre as portas para uma tragédia. Uma narrativa dinâmica a cargo do diretor Andres Veiel . Tudo funciona e os atores primam por excelentes interpretações.
                “23 F- O Filme”(23 F- La Pelicula) representa a Espanha e centraliza a ação no golpe de estado em fevereiro de 1981 quando os deputados foram detidos por militares mas sem a harmonia que estes desejavam acabando por abortar o projeto de mudança de governo. A ação segue um oficial que se vê traído por seus superiores na hora de estipular a revolução desejada. Vencedor do premio Goya tem um desenvolvimento capaz de seduzir o espectador comum de qualquer país.
                O filme italiano “A  Máfia Mata Só no Verão”(La Mafia uccide solo d’estate) trata de mafiosos sicilianos e da reação a eles a partir da imprensa. O bom humor do cinema de Dino Risi ganha a linha semidocumental exposta pelo diretor Pif(Pierfrancesco Diliberto). Dá para lembrar o período neorrealista que tanto promoveu o cinema do país.
                “Sangue nas Águas”(Szabadság Szerelem) é da Hungria e a ação é pontuada pela participação do país nas olimpíadas de Melbourne em 1956 quando o time de polo aquático local enfrentou o da Rússia. Seria como a síntese da revolta nacional contra o domínio soviético presente em Budapeste como em outras cidades de outros países europeus depois da 2ª.guerra quando a influencia nazista passou a de Moscou.  Direção de Kristina Goda. Tudo funcionando a contento embora o roteiro sintetize a ação em uma jovem e seu namorado atleta olímpico.
                “Palme”, da Suécia, é um documentário sobre o Primeiro Ministro Olof Palme, baleado numa rua de Estocolmo como reação de extremistas contra sua visão democrática. Direção objetiva de Maud Nycander e Kristina Lindstrom com farto material de cinejornais e fotografias do biografado.
                “O Atirador”(Skytten) é da Dinamarca é outra abordagem politica real. Quando o governo resolveu apoiar o projeto norte-americano de furar poço de petróleo na Groenlândia a reação local usou de todos os meios da abortar a ideia. A direção de Annette K. Olesen ganha a feição de um semidocumentário.
                “A Historia da Linha Verde”é de Chipre e focaliza a divisão de Nicosia depois da 2ª Guerra Mundial de modo a pessoas amigas se transformarem em inimigas entre as barricadas que traduzem cipriotas gregos e turcos.  Direção competente de Panikus Chrissanthou.
                “A Universidade Perdida, Vincennes”(Vincennes l’université perdue)é um documentário francês que focaliza o nascimento e morte da universidade de Vincennes, vinda dos protestos estudantis de maio de 1968 às ruinas que surgiram da má administração que enfim fez do local um posto de venda de drogas. Uma visão critica da rebeldia de um tempo em que a base ideológica se esvaiu num caos de regência. Direção de Andres Veiel.

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