sexta-feira, 5 de novembro de 2010

OS FILHOS DE PECKINPAH

Sam Peckinpah (1926-1984) foi um dos primeiros cineastas de Hollywood a esgotar o estoque de ketchup do estúdio. Não usava para temperar a bóia em seu trailer, mas para jogar no corpo de seus atores. Em “Meu Ódio Seria Tua Herança”(aquele “Wild Bunch” que um gaiato brasileiro achou por bem batizar com a pompa de uma ópera), por exemplo, ele fazia metralharem mexicanos e no revide cair balas nos gringos valientes (Bill Holden, Bob Ryan e tantos mais).No seu “Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia” ele mandava bala, de novo (pois estava no “Meu Ódio...”) o grande cineasta Emílio Fernandez. Pois agora, anos depois de Sam estar na cova, reina a dupla Roberto Rodriguez & Quentin Tarantino. De Rodriguez é este “Machete” que está chegando às telonas. A cara feia (e bota feia nisso) de Danny Trejo é o tipo que se vinga de senhores que faturam com imigrantes ilegais para os EUA. Tem tiroteio para nenhum filme de guerra com os de Raoul Walsh botar defeito. E o rapaz não pega uma só bala. No lugar de cavalo, como nos velhos faroestes, usa um calhambeque que parece rodar até sem gasolina.
Claro que há mocinha. Mas quem pede uma cena de amor de Trejo? É pior do que o Jean Marais de Fera beijando Josette Day de Bela.
Quando chegar aqui “Machete” vai ganhar putos elogios dos fãs da dupla que hoje brinca de realismo cinematográfico.
E como anda ralo o panorama de bons programas, a alternativa é a comédia romântica que agora usa criança sem os cahinhos de Shirley Temple ou a cara de funeral de Claude Jerman Jr. Um desses fedelhos salvou “Coincidências do Amor”.
De minha parte, saúdo o DVD meu de cada dia. Ai do meu cardápio cinemático sem ele!

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