Quando “Manon”, o filme de Henri Clouzot, passou nos cinemas Moderno e Independência de Belém, eu não consegui ver, pois o ingresso era proibido “até 18 anos”(e eu devia ter 12 ou 13). No meu colégio, a mestra Anunciada Chaves, uma das raras inteligências locais que na época prezava o cinema como arte, disse que apesar de gostar muito da cinematografia francesa e conhecer o romance original do Abade Prévost, não gostou do filme. Mais tarde eu acompanhei a zanga de Truffaut, à frente do movimento “nouvelle vague” atacando a obra (que venceu o Festival de Veneza de 1949) e tudo o mais que Clouzot fez. Hoje eu alcancei o filme em DVD. Duvidava de Truffaut. Prezava Anunciada. Constatei que “Manon”é uma droga. Tudo ruim. A estreante Cécile Aubry, morta ano passado aos 82 anos, mostra-se inexpressiva. Nem chega a ser bonitinha. É só ordinária. E a narrativa toc toc aposta no implausível da atualização da história sem dar conta de metáforas que mexiam com uma cultura em um tempo.
Foi o pior de Clouzôt.
Consolo-me no olhar para trás. “Pecadora”, o dramalhão mexicano que mexeu com o público em 1948 e eu também não vi por conta da “impropriedade”(que não dizia ser qualitativa), vi recentemente numa cópia DVD de original mexicano. Vale como piada o conjunto brasileiro “Anjos do Inferno” cantando a embolada “7.700” que Luís Gonzaga gravou em disco 78rpm. O filme foi o primeiro da uma série de boleros filmados. Só um escapou da mediocridade total: “Pecado”.
Vi também, só agora, o seriado “Os Tambores de Fu Manchu”. Fez tanto sucesso por aqui que foi propagado até em campo de futebol. Decepção. É pior do que a média do gênero.
Todo esse lixo ficou na história como reciclado. Na verdade ficou a relento e hoje é mais lixo. Agradeço à minha juventude ter perdido essas coisas nos cinemas.
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