terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Viagem e Tiro ao Alvo
Muitos crentes em reencarnação dizem que as pessoas voltam à Terra para espiar seus defeitos (ou pecados). Nessa crença escreveu David Mitchell em “Clous Atlas”(aqui “A Viagem”). Dessa forma alguém que sofreu mais do que sovaco de aleijado ganha benesse no futuro e quem fez sofrer o tanto ganha chance de ajudar quem sofre no presente. É a base de 6 historias em épocas diversas que compartilham o tempo de projeção do filme dirigido pelos irmãos Wachowsky (de “Matrix”) e Tom Twyker (de “Corra Lola,Corra”). A ideia original, apesar de não ser virgem em cinema, é boa e poderia gerar um quebra-cabeça moral interessante.Mas se o roteiro (do escritor do texto original e dos diretores) adentra por preceitos filosóficos e chega a um devaneio astronômico com um narrador fora do planeta a coisa se torna pesada,de dificílima digestão.
O contexto caberia no estilo Alain Resnais com as personagens falando de um ano passado numa Mariembad ou Hiroshima. Mas os cineastas quiseram usar um orçamento gigante, com elenco dispendioso, e botaram as sequencias de ação que as plateias pedem normalmente. Saiu um hibrido. É como se os amantes de Mariembad deixassem flashbacks com ambos viajando em todos os meios possíveis de transporte pelo insensato mundo assim chamado pelo escritor inglês Thomas Hardy em “Far from this madding crowd”.
“Viagem”é o tipo do filme chato que poreja valor e se compreende que saiu do trilho.
Já “Jacks Reacher, o último tiro”(Charles Richter) de Tom Cruise & Christopher McQuarrie é brincadeira divertida. Nada de verossimilhança. Cruise enfrenta 5 homens de estatura maior que a dele, bate em todos e de uma feita apanha de cano de ferro e fica sem marcas no rosto. Tudo para dizer que ele é o personagem-título, um ex-mariner que vive de bicos e é indicado por um suposto matador em série(desses pistoleiros que matam muita gente com alça de mira) para tratar de seu caso, ou seja, ajudar a advogada que trabalha com este cliente agora enfermo e com todas as pistas tentando derrubá-lo.
O filme não tem um só plano de beijo e no fim não se sabe o destino de algumas personagens. É a pegadinha que aposta num mínimo de originalidade. Não pega, mas o ritmo é bom, ajudado por uma montagem competente.
“Jack Reacher” é “filme de ação” sem preconceito. Foi ruim de publico, mas Tom Cruise como produtor não está no plano de excelência comercial que tinha quando era só galã.Dizem que perdeu popularidade quando abraçou a Cientologia, religião que deifica Einstein ao invés de deuses históricos ou lendários. Não creio, como não creio que o ator&produtor acabe pedindo penico para os ex-patrões. As missões impossíveis que ele faz ainda são possíveis de renda. E o CGI ajuda moldando espaços que não existem para que ele simule super-herói.
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