quinta-feira, 28 de março de 2013

Herzog e Maximilliam

“Alem do Infinito Azul” ou “Alem do Infinito Selvagem” é um Herzog dos primeiros tempos. O estilo é aquele de “Os Anões Também Começam Pequenos”. Longas sequencias oníricas, ou dessa linha, costurando a poesia por imagem. No filme de 2007 que agora chega por aqui via Embaixada da França ele se ampara na ficção cientifica e trata e uma viagem a um planeta distante, justamente de onde veio uma raça de ETs e um deles serve de narrador no inicio do filme, falando para a câmera. O planeta é aquático a lembrar de Tarkovsky em “Solaris”. Os humanos caçam amostras pensando em vida microscópica. É um mundo morto que tentam reviver. E não há tempo para isso. Voltam numa espécie de túnel entre mundos a seguir de perto a Teoria das Cordas com avanços no espaço-tempo.Tudo isso sublinhado por uma trilha sonora a cargo do violoncelista de jazz holandês Ernst Reijseger. Achei o planeta com o jeito de Andara o mundo criado pelo nosso Vicente “Godard”Cecim. Por sinal que o estilo de Herzog passa pelo do Cecim em seus curtas. E para sorver esse poema é preciso mais que sensibilidade. É preciso paciência. Não é cinema para curtir. Acho sacal embora compreenda a base. Meu mundo de sonhos passa longe dessa orbita e navega com a memória de combustível, impulsionando o que minha imaginação infantil porejava. Outra galáxia. Vi em vídeo “O Santo Relutante”(The Saint Reluctant/1962) de Edward Dmitryk. Se me dissessem que Maximilliam Schell ia fazer o papel de Giuseppe Cupertino eu ria. O ator de “Julgamento em Nuremberg” vendeu por anos a imagem de alemão nazista. Hoje ele está com 83 anos e ainda ativo. Sua irmã, Maria(de “Gervaise” e “Superman I”),quatro anos mais velha,morreu em 2005. E a critica largou o pau nele como o santo que levitava. Pois me surpreendeu. Aplaudi intimamente o esforço de Maximilliam e a sinceridade do diretor-produtor. O filme é sensível e traz outra surpresa que é Ricardo Montalban como um padre que não acreditava no “retardado” Giuseppe. Ricardo era um dos canastrões de plantão na Metro, par de Lana Turner em “Meu Amor Brasileiro”Ele quem ensina ela a dizer “Você tem cavalos lindos”.Doía no saco. Em “O Santo...”,na pele do sacerdote Don Raspi, descrente em Giuseppe, ele está estereotipado de vilão mas até que aceitável no objetivo do conjunto. O filme do diretor de “O Preço de uma Vida” e “A Lança Partida” acaba sendo uma das raras cinebiografias de santo feitas por Hollywood que se aproveitam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário